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Valor da Produção Agropecuária do Estado de São Paulo: resultado final 2018
O cálculo do Valor da Produção Agropecuária (VPA)
paulista é feito anualmente pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) em duas
versões: a primeira em meados do ano como uma estimativa preliminar e a segunda
no início do ano seguinte como resultado final. O cálculo resulta em um bom
indicador que permite visualizar o desempenho da atividade agropecuária
paulista, mostrando a posição relativa dos diversos produtos e como estão
evoluindo, constituindo-se em parâmetro importante que pode ser levado em conta
pelos diversos agentes da economia na definição de suas estratégias de atuação. Os produtos foram agrupados em seis grupos, conforme
suas peculiaridades: Produtos para a Indústria, Produtos Animais, Grãos e
Fibras, Frutas Frescas e Olerícolas. Os dados das produções animal e vegetal
dos 50 produtos selecionados foram obtidos dos levantamentos de previsão e
estimativas de safras feitos anualmente pelo IEA e pela Coordenadoria de
Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS), ambos da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA)1. Do banco de dados do
IEA foram extraídos os preços médios mensais correntes recebidos pelos
agricultores2. Com exceção dos preços de batata, cebola, mandioca para
mesa, tomate, banana, laranja e tangerina, os preços dos produtos olerícolas e
os das frutas são obtidos na Companhia de Entreposto e Armazéns Gerais de São
Paulo (CEAGESP)3, ponderados e decompostos a partir dos preços de
atacado. A variação do VPA dos produtos foi obtida com base em índices de
preços e quantidades calculados com base na fórmula de Fisher (base 2017 = 100)4. Para 2018, o cálculo do VPA paulista obteve resultado
de R$75,5 bilhões, 0,9% inferior ao valor alcançado no ano anterior em termos
correntes. Contudo, quando se deflaciona esse numerário pelo Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)5, verifica-se uma queda real de 4,6%
nesse comparativo com 2017. Dos 50 produtos selecionados para compor o VPA do
estado, 21 apresentaram VPA menor que o do ano anterior. Os produtos que mais
contribuíram negativamente para esse resultado foram aqueles que apresentam
participações expressivas no VPA do estado, tais como cana-de-açúcar, carne de
frango e ovo de galinha. O VPA da
cana-de-açúcar (que ocupa a primeira colocação no ranking com uma participação de 38% do VPA total do estado) acusou
uma queda de 8,24%, em função de uma redução de 6,68% no preço médio recebido
pelo produtor e também de uma queda de 1,67% na produção. O VPA da carne de
frango, produto que ocupa a quinta posição no ranking, apresentou redução de 4,57% devido à sua produção ter sido
11,1% inferior à do ano anterior. Na sexta posição no ranking (Tabela 1), o VPA do ovo de galinha acusou redução de
8,10%, em função de queda de 15,5% no preço médio recebido pelo avicultor. Quatro produtos bem posicionados no ranking entre os primeiros dez maiores
VPAs apresentaram excelentes desempenhos compensando parcialmente o resultado.
Ao apresentarem expressivos aumentos em seus VPAs, soja (27,63%) – que teve
reajustes de produção e preços -, café (20,79%) - por interferência do aumento
da produção -, milho (14,98%) – que teve seus preços bastante elevados - e
leite (9,44%) – pelo aumento dos preços e da produção - contrabalançaram o
espectro negativo de 2018 (Tabela 1). Somente os grupos de Grãos e Fibras e o de
Olerícolas apresentaram crescimento significativo de VPA. Enquanto o de Frutas
Frescas acusou leve aumento, os demais decresceram (Tabela 1). O melhor
desempenho foi obtido pelo grupo de Grãos e Fibras, que apresentou um
crescimento do VPA de 18,36%. Dos nove produtos que compõe esse grupo, seis
apresentaram aumentos expressivos em seus VPAs e dois deles estão entre os dez
produtos de maior VPA do estado: a soja, que ocupa a quarta melhor colocação,
teve seu VPA aumentado em 27,63%, decorrente do aumento dos preços recebidos e
também da produção. O milho, na sétima melhor colocação, acusou aumento de
14,98% em seu VPA e a queda de 12,41% na produção foi amplamente compensada
pela elevação de 31,27% no preço médio recebido. Já o trigo, que ocupava a 34ª
posição no ranking em 2017, puxado
pelas elevadas altas dos seus preços durante 2018, teve seu VPA aumentado em
19,47%, passando para a 29ª posição no
ranking. No caso do algodão em caroço, obteve-se uma elevação de 180,59% em
seu VPA em face de aumentos expressivos de produção e de preço. Outro exemplo
foi o amendoim, que aumentou em 12,7% a riqueza gerada no setor fruto do
aumento expressivo na produção. Nesse grupo de Grãos e Fibras, somente o VPA do
arroz em casca e o do feijão acusaram queda, respectivamente de 8,20% e 15,81%
(Tabela 1). No grupo das Olerícolas, dos 12 produtos
considerados no estudo, 6 apresentaram crescimento do VPA. Entre todas as
culturas se destacaram o VPA do tomate para mesa, que na 13ª posição apresentou
crescimento de 20,4% de seu valor, e a batata, que na 16ª posição acusou
aumento de 2,85% em seu VPA. O grupo de Produtos para Indústria foi o que teve o
pior desempenho. Além da cana--de-açúcar, produto que apresenta o maior VPA do
estado e, portanto, a variação mais impactante, também apresentaram reduções
expressivas os VPAs da borracha (-8,0%), da mandioca para indústria (-11,46%) e
do tomate para indústria (-21,31%). O café beneficiado, cujo VPA se encontra
bem situado, na oitava posição, foi o que apresentou o melhor resultado, com
acréscimo de 20,79% no VPA (Tabela 1). O VPA do grupo de Frutas
Frescas apresentou um leve aumento de 0,10%. Entre as 13 frutas que compuseram
o grupo, 8 delas apresentaram aumento de valor. As mais bem situadas no ranking foram a laranja para mesa (10ª),
o limão (11ª) e a banana (12ª). As duas primeiras acusaram aumento de VPA, com
o limão se destacando de forma expressiva; por outro lado, o VPA da banana
apresentou redução significativa, caindo da 10ª para a 12ª posição. A elevação respectiva de 2,31% e 9,44% nos VPAs da
carne bovina (2ª posição no ranking
estadual, precedido pelo da cana-de-açúcar) e do leite não foi suficiente para
impedir que houvesse uma retração de 0,39% no VPA do grupo de produtos animais.
Todos os outros cinco produtos desse grupo apresentaram queda de VPA. 1CAMARGO,
F. P. et al. Previsões e estimativas
das safras agrícolas do Estado de São Paulo, ano agrícola 2018/19, fevereiro de
2019. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 14, n. 4, p.
1-10, abr. 2019. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/TerTexto.php?codTexto=14597. Acesso em: abr. 2019. 2INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de dados: preços médios mensais recebidos
pelos agricultores. São Paulo: IEA, 2019. Disponível em: http://ciagri.iea.sp.gov.br/nia1/precos_medios.aspx?cod_sis=2.
Acesso em: abr. 2019. 3COMPANHIA DE ENTREPOSTOS E ARMAZÉNS GERAIS DE SÃO PAULO - CEAGESP.
Banco de dados. São Paulo: CEAGESP, 2018. Disponível em: http://www.ceagesp.gov.br. Acesso em: abr. 2019. 4HOFFMANN, R. Estatística para economistas. 2. ed. São
Paulo: Pioneira, 1991. 426 p. 5INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Índices
nacionais de preços ao consumidor amplo - IPCA. Rio de Janeiro: IBGE, 2019.
Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/precos-e-custos/9256-indice-nacional-de-precos-ao-consumidor-amplo.html?=&t=series-historicas. Acesso em: abr. 2019. Palavras-chave: valor
da produção agrícola, renda, preço, produção.
Data de Publicação: 07/05/2019
Autor(es):
José Roberto Da Silva (josersilva@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Paulo José Coelho (pjcoelho@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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Carlos Nabil Ghobril (nabil@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor