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Mais Algodão no Mercado Brasileiro
Na temporada 2018/19 o suprimento mundial de algodão
indica menor disponibilidade da fibra quando a oferta totaliza 43,4 milhões de
toneladas com decréscimo de 2,3% em comparação a precedente. A produção mundial
deve ser de 25,8 milhões de toneladas, 4% a menos que a obtida no ano comercial
anterior. Esse quadro resulta de reduções nas produções na Índia e nos Estados
Unidos, principalmente, posto que os demais grandes produtores mantiveram ou
aumentaram suas safras como a China, Brasil e Paquistão, conforme o
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA)1 (Tabela 1). Quanto ao consumo, a previsão é
de que seja de 26,9 milhões de toneladas em 2018/19, volume que apresenta
discreta variação de 0,7% em comparação ao verificado na safra anterior, como
reflexo do refreamento da demanda na China e no Paquistão. Ainda assim, o
consumo da fibra se mantém em ascensão, conforme observado nos últimos anos. Os demais grandes consumidores e importantes
exportadores de manufaturados têxteis ampliam o consumo da fibra como a Índia,
Bangladesh, Vietnam e Indonésia. O estoque final mantém a tendência decrescente
e deve ser 6,8% menor ao totalizar 16,4 milhões de toneladas. No mercado brasileiro o quadro é de aumento de 43,6%
na oferta de algodão tendo em vista a oferta de 3,16 milhões de toneladas na
safra 2018/19, resultante do crescimento na produção e nos estoques de passagem
da fibra, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)2 (Tabela
2). O consumo de algodão no Brasil tem oscilado nos
últimos anos e em 2018/19 deve ser de 730 mil toneladas, 7,4% a mais que o
verificado no ano passado. Destaca-se que essa variação positiva representa uma
leve recuperação posto que ainda se encontra abaixo do observado em 2014/15,
quando foram consumidas 820 mil toneladas. Quais seriam os motivos da oscilação e mesmo da
queda do consumo de algodão no Brasil? A resposta a essa questão está
relacionada a dois fatores: o aumento no consumo de fibras sintéticas e as
importações de manufaturas têxteis. A evolução do consumo industrial de fibras no Brasil
mostra a ascensão do uso das sintéticas, principalmente o poliéster, em
detrimento do algodão o que representa uma mudança na cadeia têxtil que até
então tinha a fibra natural como a mais importante matéria-prima, conforme a
Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT)3 (Figura 1). No que se refere às importações, o saldo da balança
comercial da cadeia têxtil, sem a fibra de algodão, foi deficitário em US$4,6
milhões no transcorrer de 2018, com aumento de 15,4% em relação ao saldo de
2017, conforme o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços4.
Esse quadro tem sido comum no comércio exterior do setor desde a década de 1990
com a abertura do mercado brasileiro. Os países asiáticos, em especial a China,
têm sido a origem das importações brasileiras dos manufaturados têxteis. As exportações de algodão deverão ser o principal
canal de comercialização da safra brasileira pelo terceiro ano consecutivo e
totalizar 1,45 milhão de toneladas, 61% maior que a quantidade destinada ao
comércio exterior no ano passado. O continente asiático tem sido o principal
destino do algodão brasileiro com as importações por parte da Indonésia,
Tailândia e China5. A comercialização da safra 2018/19 deverá
transcorrer com estoque da fibra no mercado brasileiro no patamar de 1,0 milhão
de toneladas, o mais elevado dos últimos anos. Desse modo as exportações para a
Ásia deverão ser intensificadas simultaneamente as importações de manufaturas o
que configura o perfil do comércio exterior brasileiro da cadeia de produção
têxtil. 1UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE - USDA. Cotton: world markets and trade.
Disponível em: <https://www.fas.usda.gov/data/cotton-world-markets-and-trade>.
Acesso em: fev. 2019. 2COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB. Safra
2018/19: quinto levantamento. Acompanhamento
da safra brasileira de grãos, Brasília, v. 6, n. 5, p. 1-121, fev. 2019.
Disponível em:
<https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/graos/boletim-da-safra-de-graos>.
Acesso em: fev. 2019. 3ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA TÊXTIL - ABIT. Brasil: consumo industrial de fibras e
filamentos. São Paulo: ABIT. Disponível: <http://www.abit.org.br>. Acesso em: fev.
2019. 4_____. Balança
comercial do setor têxtil e confecção. São Paulo: ABIT. Disponível: <http://www.abit. 5COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB. Exportações
brasileiras, por país de destino: algodão em pluma e milho em grão. Indicadores da Agropecuária, Brasília,
ano XXVIII, n. 1, p. 1-118, jan. 2009. Disponível: <https://www.conab.gov.br/info-agro/precos/revista-indicadores-da-agropecuaria>.
Acesso em: fev. 2019. Palavras-chave: algodão,
têxteis, mercado.
org.br>. Acesso em: fev. 2019.
Data de Publicação: 27/02/2019
Autor(es): Marisa Zeferino (marisa.zeferino@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor