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Cotação do Feijão Dispara em Janeiro de 2019 no Mercado Atacadista de São Paulo¹
Este estudo apresenta e analisa a variação dos
preços médios do mercado atacadista da Região Metropolitana de São Paulo²
(RMSP) para o mês de janeiro de 2019, discutindo comparações em relação ao mês
anterior, dentro do ano corrente e ao de um ano atrás. Pontualmente, também são
utilizados períodos maiores para ampliar a discussão das causas e consequências
das variações em estudo. Tal esforço compõe uma série analítica divulgada
mensalmente pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) desde junho de 2018. O trabalho reúne preços dos 21 produtos de maior
importância no sistema de comercialização paulista extraídos de um conjunto
composto de 55 itens coletados diariamente, sendo 27 produtos de origem animal
e 28 de origem vegetal. Essa iniciativa busca apresentar possibilidades de
tratamento e análise das informações coletadas e divulgadas pelo IEA, desde
meados da década de 1960. Dessa forma, são agrupados os preços médios mensais
coletados diariamente obtidos pelo levantamento em diversos estabelecimentos³
que comercializam produtos alimentícios no nível de comercialização “atacado”.
Com base nessa coleta, é calculada a média simples mensal dos preços mínimos e
máximos diários4 de venda dos produtos divulgados no boletim diário
de preços. No mês de janeiro, observa-se que 11 produtos
tiveram cotações inferiores às observadas em dezembro, enquanto em 10 itens
houve variação positiva de preços (Tabela 1). Já em relação ao de um ano atrás,
apenas 5 produtos (café torrado e moído, carne suína ½ carcaça, farinha de
mandioca crua fina e grossa, e ovo vermelho extra) apresentaram redução de
preços, enquanto os demais 16 itens abriram o ano com cotações, em valores
nominais, superiores a janeiro de 2018. Os
produtos de maior redução de preços no mês de janeiro foram as farinhas, os
ovos e as carnes bovinas (dianteiro e ponta de agulha). Em relação às farinhas
de mandioca, crua e grossa, a redução da demanda associada às mudanças no
comportamento do consumidor contribuem para queda de preços, em especial em
2018 (Figura 1)5. Os
ovos apresentaram redução significativa em suas cotações no mês de janeiro. O
branco extra foi comercializado ao valor médio de R$76,38 a caixa com 30
dúzias, 8,52% inferior ao praticado em dezembro e 0,57% superior ao verificado
em janeiro de 2017. Dessa forma, como esses valores são nominais e não
contabilizam a inflação no período, conclui-se que, em valores reais, os ovos
estão com preços inferiores quando comparados aos preços praticados ao de há um
ano. A mesma situação é verificada para o ovo vermelho extra: em relação a
dezembro, seus preços estão 5,83% inferiores e, ao de um ano atrás, a retração
atinge 0,08% em valores nominais. Um motivo relevante para a redução de preços
no mês são as férias escolares, pois, sem o consumo nas merendas, a oferta do
produto é maior no mercado. As carnes bovinas (dianteiro e ponta de agulha) apresentaram
quedas de preços em 3,83% e 6,34%, respectivamente. Tradicionalmente, em
janeiro ocorre retração da demanda, quando comparada a de dezembro em virtude
das festas de fim de ano. Em
relação aos aumentos verificados no mês, destacam-se produtos de grande
importância no consumo das famílias paulistanas, como arroz, batata, cebola,
feijão e leite longa vida. Em relação a batata, observa-se aumento de 14,85%
nos preços médios do produto lavado, e esse reajuste até certo ponto
surpreende, pois nesse período do ano a oferta do produto aumenta no mercado.
Porém, o calor excessivo em janeiro deste ano e a redução de área plantada da
última safra e da produção contribuem para a retração da oferta e o aumento de
preços6. No
caso da cebola, o mercado atacadista no início do ano é abastecido pela
produção catarinense, que, em geral, oferta boa quantidade do produto no
mercado. Entretanto, neste ano a produção pode ter sido prejudicada pelo
fenômeno El Niño, ocasionando preços maiores na comercialização do produto.
Para o arroz, o cenário é construído com boas expectativas para os produtores
em 2019, esperando-se um mercado favorável com preços firmes, mas essa
expectativa pode não ser boa para o mercado interno, ou seja, consumidor final7.
O leite, após sucessivas reduções de preços desde agosto de 2018, apresentou
neste mês aumento de 7,48% e o de há um ano de 11,65%. Perspectiva para 2019
indica que os preços devem se elevar, pois verifica-se um aumento da demanda
pelo produto, enquanto a oferta não é alta neste início de ano8. O
feijão inicia 2019 seguindo a sequência de alta apurada no final do ano
passado. No primeiro mês do ano, o produto registrou expressivo aumento: em
relação a dezembro os preços médios estão 61,74% maiores, e em relação a
janeiro de 2018, a variação é ainda maior (137,78%). A figura 2 apresenta o
comportamento dos preços médios mensais de janeiro de 2017 a janeiro de 2019;
pode-se observar que até o mês de outubro de 2018 os preços médios foram
inferiores aos praticados em 2017, porém, a partir de novembro de 2018, começam
a apresentar tendência de alta, alcançando o maior valor dos últimos dois anos.
Essa alta nos preços pode ser atribuída à menor oferta do produto devido à
redução da área cultivada para a safra das águas9, agravado pelo
clima com temperaturas acima da média e ocorrências de chuvas isoladas de
grande intensidade que dificultam a colheita, e reduzem a produtividade e a
qualidade do grão. A normalização dessa conjuntura no mercado atacadista de São
Paulo pode ser revertida a partir de abril com a entrada do feijão da safra da
seca, cujo plantio é realizado no final de janeiro e em fevereiro, podendo se
estender até o final de março. Neste
artigo, abordaram-se as variações de preços do mês de janeiro de 2019,
ressaltando as possíveis motivações de acréscimo ou decréscimo das cotações quando
comparadas ao mês anterior e ao de um ano atrás. O feijão, destaque desse
estudo, continua com seus preços médios em ascensão na Região Metropolitana de
São Paulo. 1Este é um trabalho mensal que visa acompanhar as variações de preços do
mercado atacadista de alimentos na Região Metropolitana de São Paulo. Para
viabilização desse estudo, os autores agradecem o empenho dos técnicos Aldo
Fernando de Lucca e Magali Aparecida Schafer de Lucca, responsáveis pelo
levantamento diário de preços, e dos estagiários Fernando Buzzo Leite e Milena
Cristina Ferreira dos Santos, que completam a equipe de coleta de dados. Também
agradecem a colaboração do assessor técnico Daniel Kiyoyudi Komesu na
formatação de tabelas e gráficos. 2Também conhecida por Grande São Paulo, foi instituída em 1973 e
reorganizada em 2011 pela L.C. n. 1.139/2011, e é composta por 39 municípios.
Sendo, a norte: Caieiras, Cajamar, Francisco Morato, Franco da Rocha e
Mairiporã; a leste: Arujá, Biritiba-Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema,
Guarulhos, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Salesópolis, Santa Isabel e
Suzano; a sudeste: Diadema, Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Santo
André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul; a sudoeste: Cotia, Embu das
Artes, Embu-Guaçu, Itapecerica da Serra, Juquitiba, São Lourenço da Serra,
Taboão da Serra e Vargem Grande Paulista; e a oeste: Barueri, Carapicuíba,
Itapevi, Jandira, Osasco, Pirapora do Bom Jesus e Santana de Parnaíba. Ver em:
EMPRESA PAULISTA DE PLANEJAMENTO METROPOLITANO - EMPLASA. Sobre a RMSP. São Paulo: Emplasa. Disponível em:
<https://www.emplasa.sp.gov.br/RMSP>. Acesso em: jan. 2019. 3Entende-se
por estabelecimento atacadista um local físico separado onde se processam
vendas no atacado, isto é, vendas em grande quantidade para empresas (em
oposição a vendas em pequena quantidade para o consumidor final). Os
compradores utilizam os bens adquiridos para: a) revender almejando lucro (comércio
atacadista ou varejista); b) produzir outros bens (indústria); ou c) usar para
fins institucionais (por exemplo, restaurantes industriais). Conforme: PINO, F. A. et al. Levantamentos de preços por
amostragem: mercado atacadista de produtos agrícolas na cidade de São Paulo. Revista
de Economia Agrícola, São Paulo, n. 47, v. 2, p. 1-19, 2000. Disponível em:
<http://www.iea.sp.gov.br/OUT/verTexto.php?codTexto=416>. Acesso em: fev.
2019. 4Os preços coletados referem-se ao pagamento à vista, incluindo todos os
gastos (beneficiamento, industrialização, preparo, acondicionamento,
transporte, comissões, impostos, etc.). 5ALVES, L.; FELIPE, F. I.; PEREIRA, J. C. Mandioca/CEPEA: tamanho da oferta e preços menores preocupam. Piracicaba: CEPEA/ESALQ/USP.
Disponível em: <https://www.cepea.esalq.usp.br/br/releases/mandioca-perspec-2019-tamanho-da-oferta-e-precos-menores-preocupam.aspx>.
Acesso em: fev. 2019. 6INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Em janeiro, IBGE prevê safra 6,0% inferior à de 2017. Rio de Janeiro: IBGE, abr. 2018. Disponível
em: <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/19942-em-janeiro-ibge-preve-safra-6-0-inferior-a-de-2017>. Acesso em:
jan. 2019. 7EXPECTATIVAS em alta para o
arroz 2019. Brasil: Kepler. Disponível em: <http://www.kepler.com.br/ 8LEITE:
produção em 2019 deve crescer 2,5% no Brasil e 6,6% em MT, diz Imea. São Paulo:
Canal Rural. Disponível em: <https://canalrural.uol.com.br/noticias/pecuaria/leite/leite-producao-em-2019-deve-crescer-25-no-brasil-e-66-em-mt-diz-imea/>.
Acesso em: fev. 2019. 9CAMARGO, F.
P. et al. Previsões e estimativas das safras agrícolas do
Estado de São Paulo, 2° levantamento, ano agrícola 2018/19 e levantamento
final, ano agrícola 2017/18, novembro de 2018. Análises e Indicadores do
Agronegócio, São Paulo, v. 14, n. 2, p. 1-13, fev. 2019. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov. Palavras-chave: preços, índices, mercado atacadista, São
Paulo.
blog/index.php/crescem-expectativas-para-mercado-de-arroz-em-2019/>.
Acesso em: fev. 2019.
br/ftpiea/AIA/AIA-07-2019.pdf>. Acesso em: fev. 2019.
Data de Publicação: 25/02/2019
Autor(es):
Vagner Azarias Martins (vagnermartins@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor