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Pesquisadoras do IEA avaliam as primeiras medidas do Governo Federal e os possíveis impactos na Agricultura
Algumas
ações adotadas pelo Governo Federal, nestes pouco mais de 45 dias, têm
potencial de impactar negativamente a agropecuária brasileira, setor que
responde pelo maior volume e valor de exportações do País e por abastecer a
mesa da população, ambos com importância para a economia nacional, alertam
Katia Nackiluk e Rosana de Oliveira Pithan e Silva, pesquisadoras do Instituto
de Economia Agrícola (IEA), instituição de pesquisa da Secretaria de
Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
De acordo
com as pesquisadoras, a medida provisória que extinguiu o Conselho Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) e altera as disposições previstas na
Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (Losan), que asseguravam o
direito humano à alimentação adequada, desarticula um conjunto de ações e
políticas públicas elaboradas por diferentes órgãos vinculados às três esferas
de governo.
Criado com
o objetivo de ser espaço institucional de controle e participação da sociedade
na formulação, monitoramento e avaliação de políticas públicas de segurança
alimentar e nutricional, o conselho também abrigava discussões sobre temas que
de interesse das cadeias produtivas e de organizações da sociedade civil, como
transgênicos, programas de transferência de renda e agricultura urbana. “Estas
novas pautas podem ter relação com o fim do Consea, pois o debate sobre
alimentos transgênicos e liberação do uso de alguns agrotóxicos vai contra
interesses de alguns setores rurais”, afirmam as pesquisadoras.
A
Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário
(Sead), vinculada à Casa Civil, da Presidência da República, teve seu status
reduzido, passando as competências de coordenação, normatização e supervisão do
processo de regularização fundiária de áreas rurais na Amazônia Legal,
expedição dos títulos de domínio correspondentes e efetivação da doação em
áreas urbanas, para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(INCRA), executor da reforma agrária e do ordenamento fundiário nacional. As
demais atribuições da antiga pasta serão tratadas na atual Secretaria de
Agricultura Familiar e Cooperativismo, ligada ao Ministério de Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (Mapa).
“A
transferência da Sead para o Mapa é indício de que o novo governo tirou o setor
das prioridades, o que poderá trazer consequências negativas para as políticas
públicas voltadas aos produtores familiares, como diminuir os recursos do Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf); abalar o Programa
de Aquisição de Alimentos (PAA), que tem os objetivos básicos de promoção do
acesso a alimentação e incentivo à agricultura familiar e alterar as propostas
do Plano de Safra da Agricultura Familiar”, explicam as autoras.
Quanto às
questões ambientais, o presidente, já no governo de transição, decidiu que o
Brasil não sediará a Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações
Unidas (COP-25), que concluirá a regulamentação do Acordo de Paris. Também
aventou não participar mais do acordo. Declarações que causaram mal-estar entre
os países com interesse em parcerias de negócios, com investimentos para o
desenvolvimento de tecnologias e comércio de produtos de baixo carbono. “Um
dos maiores riscos é perder mercados importantes, que restringem a compra de
produtos agrícolas que não sejam produzidos com responsabilidade ambiental e
sustentabilidade. Por isso, o presidente não teve apoio do agronegócio
brasileiro, pois o acordo é uma garantia para os produtos exportados”
explicam as autoras, ressaltando que a decisão de manter a participação do
Brasil no Acordo de Paris foi um avanço.
Tanto a
segurança alimentar e a agricultura familiar - fundamentais para o atendimento
da demanda de alimentos do País - quanto a questões do clima e da preservação
ambiental estão entre os 17 objetivos globais de Desenvolvimento Sustentável da
Organização das Nações Unidas (ONU) para implantação até 2030. Tais objetivos e
metas são parte de uma agenda universal na qual se prevê: o fim da pobreza;
acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhorar a nutrição e
promoção da agricultura sustentável; tomar medidas urgentes para combater a
mudança climática e seus impactos; e proteção, recuperação e promoção do uso
sustentável dos ecossistemas terrestres, gestão de forma sustentável das
florestas, combate à desertificação, detenção e reversão da degradação da terra
e detenção da perda de biodiversidade.
O país
carece de medidas que continuem a contribuir positivamente com estes eixos para
não haver impacto na economia brasileira. Resta saber como será o desenho final
destas políticas para ter um quadro real de como afetarão o setor agrícola.
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Por:
Nara Guimarães
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informações
Assessoria de Comunicação
Secretaria
de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
Tel:
(11) 5067-0069
Data de Publicação: 20/02/2019
Autor(es): Instituto de Economia Agrícola (iea@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor