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Dispêndio Familiar com Produtos de Origem Animal Cai e com Vegetais Sobe em Novembro de 2018
No mês de novembro de 2018, o levantamento mensal
de preços de alimentos no mercado varejista de São Paulo, realizado pelo
Instituto de Economia Agrícola (IEA), mostrou um decréscimo de 0,49% no
dispêndio familiar com alimentos, comparado ao mês de outubro na capital
paulista. Em relação aos indicadores, o agrupamento de produtos de origem
animal, medido pelo IPCMA (Índice de Preços da Cesta de Mercado de Produtos de
Origem Animal), apontou queda de dispêndio em 2,60%, enquanto o indicador de
variação dos produtos de origem vegetal (IPCMV) indicou acréscimo de 1,65%
(Figura 1). Portanto, no mês corrente, o grupo de produtos de
origem animal apresentou redução no dispêndio médio, enquanto os de origem
vegetal pressionaram o orçamento familiar dos paulistanos. Entre os subgrupos de origem animal, os ovos
apresentaram a maior redução Entretanto, mesmo com a queda
de preços significativa no mês de novembro e as anteriores sistemáticas desde o
mês de agosto (Figura 2), o dispêndio com o produto leite longa vida é
significativamente maior que há um ano (15,71%) e dentro do ano ainda acumula
um aumento de 14,32% (Tabela 1). No mês anterior, na análise do mercado
atacadista2, mostrou-se que o valor do leite no final do ano
anterior e no início deste ano estava abaixo da média histórica. Portanto, as
variações do preço do produto no ano e há um ano podem ser justificadas pela
comparação dos preços deste período com uma base de preços baixos. Nota-se
também, na tabela 1, que todos os itens lácteos acumulam valores positivos no
ano. Esse comportamento não surpreende, pois o levantamento de preços recebidos
pelos produtores paulistas do IEA3 mostra que, em janeiro deste ano,
o produtor recebia pelo litro do leite cru refrigerado R$1,14 e, em novembro, o
valor médio pago ao produtor foi de R$1,50, uma variação de quase 32%. Esse
aumento indica, entre outros fatores, a reposição de preços ao produtor. A
figura 2 mostra a evolução dos preços de leite longa vida de novembro de 2017 a
novembro de 2018. O pico de preços no ano foi em julho, valor impulsionado pela
entressafra do produto e pelo clima mais seco que a média. A partir dessa data,
sucedem-se quedas nos preços médios. A dúvida que fica e será respondida nos próximos
meses é: os preços cairão ao patamar do último ano ou o valor médio se manterá
acima dos praticados? Pelos resultados obtidos até o momento nos demais níveis
de comercialização e por informações setoriais, espera-se que os preços se
estabilizem e permaneçam acima dos praticados no final do ano anterior e início
de 2018. A tabela 2 mostra a variação mensal, no ano e há um
ano dos preços dos produtos que compõem o subgrupo “Hortaliças”. Observa-se
que, no mês corrente, 7 dos 10 produtos apresentaram variação positiva; cebola
(16,25%) e tomate (25,94%) foram os produtos que mais pressionaram para o
índice de 7,60% deste agrupamento. O preço da cebola está sendo influenciado
pela diminuição da oferta com o fim da safra paulista. A variação significativa
no preço do tomate é justificada pelo final da safra e pelo clima4. Quando a base de comparação é
novembro do ano passado, observa-se que os produtos alho, batata, cenoura e
pimentão estão com os preços atuais, inferiores aos praticados há um ano. Os
produtos brócolis, couve e salsa e cebolinha estão com uma variação inferior à
inflação do período (4,34%)5. A alface e a cebola apresentam
variações um pouco superiores à inflação. Contudo, apenas o tomate destoa no
grupo, com uma variação de 62,89%. A figura
3 mostra a evolução dos preços do tomate de janeiro a novembro de 2016 a 2018.
Observa-se na figura que o comportamento dos preços do tomate neste ano se
diferencia dos últimos dois anos. Em 2016 e 2017, nos meses de outubro e
novembro, o preço do tomate apresentou queda e, neste ano, está ocorrendo uma
movimentação diferente: os preços estão em ascensão. Somente nos dois últimos
meses de 2018, o acumulado foi de 75%, enquanto em 2017 e 2016 foi de -1,38% e
-8,87%, respectivamente. Dois fatores são responsáveis por esse cenário: 1) a
produção de tomate para mesa no Estado de São Paulo em 2018 está estimada em
22,96 milhões de caixas de 25 kg, 20,4% inferior à última safra; e 2) o
expressivo volume de chuvas em outubro e novembro deste ano. A figura 1 traz a variação dos
índices, por subgrupos e produtos em destaque. Além da discussão dos subgrupos “leites
e derivados” e “hortaliças” apresentada nela, destaca- -se o resultado negativo em 1,98% do
subgrupo “carnes”, com destaque para a variação positiva do pernil suíno
(3,54%), carne muito procurada para as festas de fim de ano. Os ovos
apresentaram queda de 5,25%, redução que deve ser vista com cautela, pois foram
observadas no último mês variações positivas de preços deste produto nos níveis
de comercialização ao produtor e atacado. Por fim, ressalta-se a baixa de
preços médios do limão em 14,15% após meses de expressiva alta. COMO
INTERPRETAR A FIGURA 1 Na figura estão dispostos os seguintes resultados: 1)
Índice total, que equivale ao Índice de Preços da Cesta de Mercado
Total (IPCMT), divulgado
mensalmente pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), é obtido pelo cálculo de
variação de preços no mês atual em relação ao anterior, ponderados pela sua
importância na cesta de mercado das famílias paulistanas; 2) Índice por grupos,
que equivale ao Índice de Preços da Cesta de Mercado de Produtos de Origem
Animal (IPCMA) para os produtos de origem animal, e ao Índice de Preços da
Cesta de Mercado de Produtos de Origem Vegetal (IPCMV) para os produtos de
origem vegetal. É calculado de forma análoga ao índice total; a diferença é que
é composta por produtos conforme a origem, animal ou vegetal; 3) Indicadores por
subgrupos, que são calculados seguindo a mesma regra dos anteriores. O objetivo
é indicar a contribuição do subgrupo na formação dos índices por grupos e
total; e 4) Variação por
produtos, cujo objetivo é mostrar quais produtos tiveram maior influência na
formação do índice no mês. _____________________________________ 1Um bom trabalho de acompanhamento de preços necessita de uma
correta coleta de preços no campo e, por isso, o autor reconhece o fundamental
trabalho realizado pelos técnicos Andréia Brazão, Cristina Almeida Paes e
Valdecir Luchiari na coleta diária de preços em centenas de equipamentos
varejistas. Também agradece o apoio na consolidação dos dados do assessor
técnico Daniel Kiyoyudi Komesu. 2MARTINS, V. A.;
ANGELO, J. A. Carnes em alta no
mercado atacadista de São Paulo em setembro de 2018. Análise e Indicadores do
Agronegócio, São Paulo, v. 13, n. 10, p. 1-7, nov. 2018. Disponível em:
<http:// 3INSTITUTO
DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Levantamento de preços médios mensais recebidos
pelos agricultores. São Paulo: IEA, 2018. Disponível em:
<http://ciagri.iea.sp.gov.br/nia1/precos_medios.aspx?cod_sis 4MARTINS,
V. A. Preço do tomate
dispara em outubro de 2018 e afeta o dispêndio familiar. Análise e Indicadores do
Agronegócio, v. 13, n. 10, p. 1-4, nov. 2018. Disponível em:
<http://www.iea.sp.gov.br/out/TerTexto.php?codTexto=14536>. Acesso em
dez. 2018. 5PARADELLA,
R. Novembro tem deflação de 0,21%, a menor taxa do mês desde 1994. Agência IBGE de Notícias, 7 dez. 2018.
Disponível em:
<https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/23329-novembro-tem-deflacao-de-0-21-a-menor-taxa-no-mes-desde-1994>.
Acesso em: dez. 2018. Palavras-chave: mercado varejista, alimentos, preços, índices e munícipio
de São Paulo.
(-5,25%). O agrupamento de produtos lácteos teve a segunda maior redução
(-3,43%), com destaque para o leite longa vida, principal item deste
agrupamento, com queda de preços médios de 7,86% (Tabela 1 e Figura 1).
www.iea.sp.gov.br/out/TerTexto.php?codTexto=14543>. Acesso em: dez. 2018.
=2>. Acesso em: dez. 2018.
Data de Publicação: 18/12/2018
Autor(es): Vagner Azarias Martins (vagnermartins@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor