Artigos
Estimativa de Oferta e Demanda de Milho no Estado de São Paulo em 2018
Este
trabalho vem a contribuir para a discussão dos dados, gerando informações e análises
para o planejamento estratégico setorial, além de subsidiar os agentes do mercado nas
tomadas de decisões sobre compra, venda e investimento em estoques de milho,
sinalizando as tendências da produção paulista de matéria-prima (milho em
grão), do consumo de derivados e subprodutos do cereal e das demandas
industrial e primária de produtos de origem animal. ESTIMATIVA
DE OFERTA DE MILHO NO ESTADO DE SÃO PAULO A
tabela 1 confirma a perda de 3,0% da primeira safra e a recuperação de 5,4% da
segunda, aumentando a oferta em 1,4%. As condições climáticas no estado foram
favoráveis para o desenvolvimento das duas safras, e desde o ano passado a
segunda safra tem sido maior que a primeira. O estoque inicial é de 693 mil
toneladas, tratando-se do estoque final de passagem (carry-over) do ano 2017. É estimado, para o ano-safra 2018, um
estoque inicial correspondente a 15 dias de consumo comercial no estado. A produção de milho obtida na
primeira safra foi de 2,28 milhões de toneladas, (perda de 3,0%), e a da segunda
safra foi de 2,67 milhões de toneladas, com ganho de 5,4%. Foram analisadas
várias estimativas e adotadas as da CONAB1, validada pelos
consultados de produção de 4,94 milhões de toneladas, um aumento de 1,4%. A importação de milho, de 3,55
milhões de toneladas, serviu para complementar as necessidades do consumo
paulista, diminuindo em 21% a quantidade consumida de outros estados. Este é um
cálculo que subtrai da demanda total (estoque final estimado, sementes, perdas
e exportação) o estoque inicial e a produção. A disponibilidade interna atual é
de 5,64 milhões de toneladas, que representa um aumento de 1,3% no suprimento
ou oferta em relação ao ano passado. A disponibilidade interna é a soma dos
três primeiros itens da tabela 1, subtraindo os três últimos. A oferta total é de
9,20 milhões de toneladas, que significa redução de 8,7% comparado a 2017. ESTIMATIVA
DE DEMANDA DE MILHO NO ESTADO DE SÃO PAULO A
demanda ou consumo total, composto por consumo industrial, animal e não
comercial, foi de 8,50 milhões de toneladas. O consumo industrial, que foi de
1,39 milhão de toneladas, é a quantidade de milho consumida pela indústria de
processamento (moagem úmida e moagem seca), para fins de alimentação humana de
derivados de milho. O consumo animal é de 6,54 milhões de toneladas em 2018.
Ele engloba os vários segmentos produtores de proteína animal e criações de
animais, a saber (com o consumo de 2018): 1) consumo na avicultura de corte (criações
comerciais de frangos e respectivas matrizes, com 2,62 milhões de toneladas); 2)
consumo na avicultura de postura (criações comerciais de galinhas de postura e
respectivas matrizes, com 1,27 milhão de toneladas); 3) consumo na suinocultura
(criações comerciais de suínos de todas as aptidões e respectivas matrizes, com
975 mil toneladas); 4) consumo na pecuária leiteira (consumo de milho em grão
de todas as condições de criação de gado leiteiro, com 432 mil toneladas); e 5)
consumo por outros animais (consumo de milho em grão por animais de estimação -
pet foot -, caprinos, codornas,
coelhos, equinos, ovinos, peixes, perus, rãs e animais exóticos, com 1,03
milhão de tonelada. O
consumo de milho no Estado de São Paulo computado neste trabalho foi de 8,39
milhões de toneladas. O consumo não comercial é a quantidade de milho que não
se destina ao mercado de milho em grão, e também o não comercializado e
consumido nos imóveis rurais pelos produtores e destinado às criações de
animais. Seu total foi de 445 mil toneladas,
o que representa 20% da produção da primeira safra, considerando-se que a
produção da “safrinha” seja consumida pelo mercado. O estoque final, que
corresponde ao saldo entre oferta total e consumo total, foi de 693 mil
toneladas, tornando-se o carry-over
para o ano-safra seguinte. Neste ano, a produção de carne de frango está
com margem estreita de rentabilidade, não conseguindo repassar e incorporando o
aumento dos custos do grão, prejudicado pela baixa demanda por proteínas. Com a
redução da atividade econômica e a diminuição da renda do consumidor, o preço
da carne de frango está estabilizado pela demanda reprimida. E o preço dos ovos
sofreu um aumento, pela melhor demanda, e esse produto tem substituído a carne
de frango. Conforme dados e informações do Ministério da
Agricultura Pecuária e Abastecimento2, em 2015 ocorreu uma grande
exportação, embarcando pelo Estado de São Paulo 1,49 milhão de tonelada. O
câmbio não permitiu esse mesmo desempenho, e os carregamentos de milho
reduziram de 709 mil toneladas a 110 mil toneladas em 2016/17. A balança de
exportações de grãos estabeleceu para o primeiro e o último trimestre do ano a
dinâmica de exportação ao calendário de abastecimento deste cereal. A figura 1 mostra os dados
e as informações dos preços de milho praticados no Estado de São Paulo, de 2016
a 2018. A análise do comportamento do preço de milho demonstra preços altos
praticados em 2016. Naquele ano, houve problemas de produção em outros estados,
prejudicando o abastecimento paulista. Em compensação, em 2017, os preços
praticados diminuíram. Em 2018, os preços estão mais equilibrados, mas o mercado
está com restrições de demanda, devido ao baixo consumo de carnes. A
paralisação dos caminhoneiros afetou diretamente o sistema agroindustrial do
milho na produção agrícola e nas atividades em campo, do plantio à colheita, e
atividades essenciais para serem executadas no momento exato. Houve problemas
de logística na comercialização de milho, causando atrasos e mostrando o quão
indispensável é o insumo nas granjas avícolas, suínas e na indústria. Para
mitigar os prejuízos, os estoques calculados são robustos, estimados para 30
dias de consumo comercial, que é de 693 mil toneladas. Para superar a crise, o
milho está estrategicamente armazenado em cooperativas e nos silos dos vários
segmentos da cadeia. _______________________________________________ 1COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO
– CONAB. Safra 2017/18 – oitavo levantamento. Acompanhamento da safra brasileira de grãos, Brasília, v. 5, n. 8,
p. 1-145, maio 2018. Disponível em: <https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/graos>. Acesso em: maio 2018. 2MINISTÉRIO DE AGRICULTURA E
ABASTECIMENTO – MAPA. AGROSTAT -
Estatísticas de comércio exterior do agronegócio. Brasília: MAPA, 2018.
Disponível em: <http://indicadores.agricultura.gov.br/agrostat/index.htm>. Acesso em: maio 2018. Palavras-chave: consumo, demanda, milho,
produção, oferta, 2018.
Data de Publicação: 14/11/2018
Autor(es):
Maximiliano Miura (maximiliano.miura@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Marcos Aureliano Silva Cerqueira (cerqueiramarcos@hotmail.com) Consulte outros textos deste autor