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Expectativas quanto à Próxima Safra Brasileira Estruturá sua Precificação Futura
Ao longo de setembro, os investidores no mercado
futuro de dólar na B3 desalavancaram suas expectativas de valorização do dólar
diante do quadro de grande incerteza derivada do certame eleitoral.
Adicionalmente, a ação do Banco Central do Brasil (BACEN) na venda de swaps cambiais, o ingresso de moeda
forte em razão dos leilões dos campos de produção de petróleo em águas
profundas e o movimento de compra de posições no mercado acionário brasileiro
por parte de investidores internacionais trouxeram bom volume de moeda para a
economia interna, diminuindo a pressão pela compra de dólares no mercado
doméstico (Figura 1). Os negócios futuros de café arábica na Bolsa de Nova
York continuam impactados pela dimensão da safra brasileira. A confirmação, por
parte da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), de colheita próxima de
45,9 milhões de sacas dessa variedade2 tirou suporte para as
cotações na medida em que, com tal oferta de produto, espera-se inclusive a
recomposição de estoques. Enquanto na média das cotações da primeira semana
posição o produto atingia US$¢105,80/lbp, na média da quarta semana do mês em
igual posição a média das cotações havia baixado para US$¢102,40/lbp, ou seja,
-3,21% de queda no mês (Figura 2). No polo francano, principal cinturão de lavoura
cafeeira do estado, o preço médio recebido pelos cafeicultores pela saca de
café beneficiado de 60 kg bebida dura foi de R$409,053. Considerando
a média das cotações da quarta semana em segunda posição de US$¢102,40/lbp, e
efetuando-se as devidas conversões, obtêm-se US$135,44/sc. Que, convertido para
reais pelo dólar futuro de março de 2019 negociado na B3 cotado a
US$1,00=R$4,20, equivalem a R$568,85/sc., ou seja, montante muito significativo
frente ao preço praticado no mercado à vista, incentivando os cafeicultores a
contratarem o hedge para a
comercialização de parte de sua produção. No mercado futuro de café
robusta centralizado na Bolsa de Londres, em setembro de 2018, as médias
semanais das cotações, ao contrário da arábica em Nova York, exibiram movimento
de valorização do produto. Em segunda posição, o ganho da média das cotações na
primeira semana frente a média da quarta semana foi de 2,48% (Figura 3). Aparentemente, a crescente oferta dos países
produtores de robusta, incluindo a retomada das exportações de conilon
brasileiro que, até agosto de 2018, já havia embarcado 1,413 milhão de sacas
(devendo superar os 3 milhões de sacas até o final do ano)4, ainda
não foi suficientemente volumosa para pressionar as cotações. Contudo, a
acentuada queda nas cotações da arábica torna atraente a substituição de
robusta no blend, devendo esse fato
associado à grande safra do produto no Vietnã, Indonésia e Brasil induzir queda
nas cotações para os próximos meses. O montante de posições líquidas vendidas por parte
dos fundos e grandes investidores ainda é gigantesco, acima de 100 mil (Tabela
1). Sem algum fato que promova mudança na expectativa dos investidores, há
margem reduzida para reversão do contexto baixista em que transita a formação
de preços da commodity. Surgem
informações que o volume de podas nos cafezais de arábica deverá aumentar
significativamente, pois os baixos preços e a sinalização de talhões menos
produtivos (ciclo de baixa) estimulam os cafeicultores a cortarem custos e
zerarem a produção do próximo ano. Existe relação entre a formação dos preços dos
mercados de petróleo e café. Normalmente, a tendência de preços em ascensão
para o petróleo reflete-se em preços em alta para as demais commodities. Tal constatação tem sido um
fato para os grãos e fibras, mas, curiosamente, não para o café. Já há
previsões de barril de petróleo beirando US$80,00 a US$85,00 por barril até o
final do ano. Caso se confirmem tais previsões para o petróleo, pode-se esperar
que ocorra alguma alavancagem nas cotações do café, recuperando parte das
perdas acumuladas nos últimos 12 meses. 1O autor agradece o trabalho de sistematização do banco de
dados econômicos conduzido pelo Agente de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica
do IEA, o analista de sistemas Paulo Sérgio Caldeira Franco. 3Disponível para assinantes na Rede social do café: <http://www.redepeabirus.com.br/redes/form/post? 4Ver relatório em: CONSELHO DOS EXPORTADORES DE CAFÉ DO
BRASIL - CECAFÉ. Relatório mensal de
exportações. São Paulo: CECAFÉ. Disponível em:
<https://www.cecafe.com.br/publicacoes/relatorio-de-exportacoes/>.
Acesso em: out. 2018. Palavras-chave: cotações do café, Bolsa de Valores, mercado futuro.2Ver detalhes em:
COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB. Acompanhamento da safra brasileira.
Brasília: CONAB. Disponível em:
<https://www.conab.gov.br/info-agro/safras>. Acesso em: out. 2018.
topico_id=75290>. Acesso em: out. 2018.
Data de Publicação: 17/10/2018
Autor(es): Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor