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Desempenho do Emprego Formal no Setor Agropecuário Paulista: abril a junho de 2018
No segundo trimestre de 2018 (2T), segundo as
informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)2, o monitoramento da evolução
do emprego formal no setor agropecuário paulista apresentou resultados
favoráveis. Característico do trimestre, a intensificação das contratações atende
demanda sazonal relacionada às operações de colheita em diversas atividades
agropecuárias. Dessa forma, foram registrados resultados de melhor
desempenho quando comparado ao primeiro trimestre de 20183 (1T),
aumento de 58,6% no total de admissões (Figura 1). Em maio do 2T, o episódio da
paralisação dos caminhoneiros em todo o território nacional prejudicou tanto o
abastecimento da população quanto os negócios do setor produtivo. Porém,
analisando as informações do CAGED, verifica-se evolução positiva do emprego
formal no setor agropecuário, uma vez que o saldo de postos formais para o 2T
foi positivo com 26.520 novas contratações, atenuando o saldo acumulado que,
ainda para esse período, está negativo em 15.721 mil postos de trabalho. As cinco principais atividades agropecuárias no
quesito número de admissões no setor apresentaram balanço positivo no período
considerado (Figura 2). As
lavouras de laranja, café e cana-de-açúcar, juntas, representaram a formação de
estoque de trabalhadores superior a 26 mil contratações, apontando
intensificação no uso de mão de obra no período da colheita. Proporcionalmente,
o cultivo de cana-de- -açúcar
representa a menor participação nesse total de contratações, devido, em parte,
ao Protocolo Agroambiental. Instituído em 2007, ele erradicou a queima da
cana-de-açúcar e consequentemente acelerou o processo de mecanização da
colheita, resultando, ao longo desses últimos anos, na diminuição no total de
admissões. Conforme
dados do levantamento de junho4 sobre
a estimativa preliminar da safra de laranja em 2017/18, do Instituto de
Economia Agrícola e da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral
(IEA/CATI), a produção de 348,6 milhões de caixas de 40,8 kg é superior em 7,4%
à safra anterior, indicando a necessidade dessas admissões para a colheita;
conforme os dados do CAGED foi a atividade agropecuária que liderou as
contratações no período. Na
safra 2017/18, a estimativa de colheita de café no Estado de São Paulo,
informada por levantamento do IEA/CATI, aproximou-se de 6,0 milhões de sacas de
café beneficiado de 60 kg. Como a mecanização total da colheita ainda não é
realidade majoritária na cafeicultura paulista, gerou-se esse forte incremento
na demanda por trabalho, inserindo a atividade agrícola dentre aquelas que mais
contrataram no período. Como a colheita somente se encerrou ao final de
setembro, espera-se que no terceiro trimestre (3T) a atividade continue
aparecendo no topo entre os maiores empregadores em âmbito rural. As
atividades de apoio à agricultura tiveram comportamento semelhante, com mais de
17 mil contratações e saldo em torno de 9 mil postos formais, e representam as
empresas que terceirizam mão de obra para as atividades agropecuárias já
citadas anteriormente. O
rol de outras 29 atividades agropecuárias juntas foi responsável pela admissão
de 14.027 trabalhadores e dispensa total de 14.867, resultando num deficit de 840 postos de trabalhadores
formais (Anexo 1). Indicadores
Socioeconômicos Ao se comparar o número de
mulheres admitidas no 2T em relação ao 1T5, tem-se um aumento de
6.437 pessoas, sendo que o número de demissões foi inferior ao das
contratações, propiciando 4.297 novas mulheres com suas carteiras assinadas
nesse 2T (Tabela 1). A dinâmica de ocupação dos indivíduos com grau de
instrução superior, sejam eles completos ou incompletos, não sofreu grandes
alterações. Em contrapartida, nos demais níveis educacionais, as admissões
foram maiores que as demissões, permanecendo saldo de 26.416 pessoas ocupadas.
Grande parte desses indivíduos (78%) possui remuneração de até um e meio
salário mínimo. Destaca-se o decréscimo de admissão, bem como o
acréscimo de demissão de pessoas com menos de 17 anos no rural. Por outro lado,
indivíduos com mais de 65 anos sempre foram arregimentados no rural; contudo,
está havendo tendência de não registrar em carteira pessoas nesta faixa etária.
Embora o número tenha aumentado (507 pessoas) quando comparado ao 1T (263
pessoas admitidas), há um constante aumento de indivíduos desligados (1T, 623
pessoas e 2T, 550 pessoas). Complementando a análise deste boletim com dados da
Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar Contínua (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatísticas (IBGE), o 1T de 2018 foi avaliado em situação estável
para o número de trabalhadores com carteira assinada6. Os dados
dessa fonte também apresentaram queda de 5,3% no total da população desocupada,
refletindo aumento da informalidade e de trabalhadores por conta própria,
associada ao incremento dos postos de trabalho em segmentos como administração
pública e indústria em geral. Demais setores da economia, como a agropecuária,
mantiveram-se com efetivo ocupado estável. Para o terceiro trimestre de 2018, quando os dados
de setembro do CAGED forem disponibilizados pelo MTE, a etapa da colheita para
as culturas, citadas neste boletim, estará praticamente finalizada,
esperando-se resultados semelhantes para o desempenho do emprego no setor
agropecuário. O impacto econômico da recessão de 2015-2016
associado ao baixo crescimento em 2017 não refletem aquilo que se observou no
agronegócio nesse triênio. Ao contrário do restante da economia, o agronegócio
manteve forte dinamismo econômico e essa condição. Ainda que se constate o
avanço da mecanização das etapas de manejo das lavouras e criações, a demanda
por trabalho humano segue pressionada e assim se manterá com as previsões que a
oferta de alimentos e fibras do país se expandirá em ritmo mais acelerado que o
de seus principais concorrentes. 1Para controle institucional: Boletim_Emprego_Formal_02/18. 2MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO -
MTE. Programa de disseminação das estatísticas do trabalho (PDET).
Brasília: MET. Disponível em: <http://pdet.mte.gov.br/>. Acesso em: 28
abr. 2018. 3FREDO, C.E.; VEGRO, C.L.R.; BAPTISTELLA, C.S.L; Comportamento do
emprego formal no setor agropecuário paulista: janeiro a março de 2018.
Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo,v. 13. n. 6, p. 1-6, jun.
2018. Disponível em:<http://www.iea.sp.gov.br/ftpiea/AIA/AIA-30-2018.pdf>. Acesso em: 4
set. 2018. 4MARTINS, V.A. et al. Previsões e estimativas das safras
agrícolas do Estado de São Paulo, ano agrícola 2017/18, junho de 2018. Análises
e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 13, n. 8, p. 1-11, ago. 2018.
Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/ftpiea/AIA/AIA-52-2018.pdf>. Acesso em: 11
set. 2018. 5Op. cit. nota 3. Palavras-chave: emprego
formal, setor agropecuário, São Paulo, CAGED.6REDE BRASIL ATUAL - RBA. País tem 13 milhões de desempregados
e trabalho com carteira segue em queda. Disponível em:<https://www.redebrasilatual.com.br/economia/2018/07/pais-tem-13-milhoes-de-desempregados-e-trabalho-com-carteira-segue-em-queda>. Acesso em: 1 out. 2018.
Data de Publicação: 16/10/2018
Autor(es):
Carlos Eduardo Fredo (cfredo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Celma Da Silva Lago Baptistella (csbaptistella@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor