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Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro do Primeiro Semestre de 2018
1- BALANÇA COMERCIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO No acumulado de janeiro a junho de
2018, as exportações do Estado de São Paulo1 somaram US$25,61
bilhões (22,5% do total nacional) e as importações2,
US$29,78 bilhões (35,5% do total nacional), registrando um deficit de US$4,17 bilhões. Em relação ao mesmo período de 2017, o
valor das exportações paulistas cresceu 4,0%, e as importações 15,3%,
aumentando assim o deficit comercial (Figura 1). Ao se analisar o comportamento
mensal, no mês de junho de 2018, as exportações do Estado de São Paulo somaram
US$4,44 bilhões e as importações US$5,28 bilhões, registrando um deficit de US$0,84 bilhão. Na comparação
com junho de 2017, o valor das exportações paulistas caiu 5,3%, enquanto o
valor das importações cresceu 13,5% (Tabela 1). Esse desempenho negativo das
exportações paulistas, em parte, é reflexo da greve dos caminhoneiros iniciada
em 20/maio e finda no início de junho, com bloqueios nas estradas e no porto de
Santos, principal canal de embarques de mercadorias para o exterior. Em uma
análise setorial, no acumulado dos seis primeiros meses de 2018, o agronegócio3
paulista apresentou queda nas exportações (-10,2%), atingindo US$8,48 bilhões,
enquanto as importações subiram (+2,8%), somando US$2,54 bilhões e reduzindo em
14,8% o saldo comercial em relação a 2017, registrando US$5,94 bilhões (Figura
2). Há que
se destacar que as importações paulistas nos demais setores da economia -
exclusive o agronegócio - somaram US$27,24 bilhões, e as exportações US$17,13
bilhões, gerando um deficit externo
desse agregado de US$10,11 bilhões. Assim, conclui-se que o deficit do comércio exterior paulista só
não foi maior devido ao desempenho do agronegó- cio estadual, cujo saldo
manteve-se positivo (US$5,94 bilhões). A tabela
2 apresenta os resultados mensais da balança comercial do agronegócio paulista.
Nota-se uma redução de 16,7% nas exportações no mês de junho de 2018 em relação
ao mês anterior; tal resultado é derivado das reduções dos volumes exportados
dos grupos das carnes (-53,5%) e do complexo soja (-46,5%), ambos importantes
na pauta das exportações paulistas. A comparação de junho de 2018 com junho de
2017 mostra expressiva queda de 24,3%. Os cinco
principais grupos nas exportações do agronegócio paulista no primeiro semestre
de 2018 foram: complexo sucroalcooleiro (US$2,51 bilhões, sendo que o açúcar
representa 86,7% deste valor), seguido do complexo soja (US$1,35 bilhão), sucos
(US$1,07 bilhão, dos quais 97,4% correspondem a suco de laranja), produtos
florestais (US$913,93 milhões) e carnes (US$905,40 milhões, em que a carne
bovina respondeu por 81,0%). Esses cinco agregados representaram 79,6% das
vendas externas setoriais paulistas (Tabela 3). Ainda de acordo com a tabela 3, na comparação com o
primeiro semestre de 2017, houve importantes variações nos valores exportados
dos principais grupos de produtos da pauta paulista, com destaque para o
complexo sucroalcooleiro (-39,2%), complexo soja (+26,7%), sucos (+32,6%),
produtos florestais (+10,1%) e carnes (+4,9%). Além desses produtos, o café,
tradicional produto do agronegócio paulista, com exportações de US$ 250,73
milhões, apresentou queda de 33,0% na comparação com o mesmo período do ano
anterior. A
participação das exportações do agronegócio paulista no total do estado
diminuiu 5,2 pontos percentuais, enquanto a participação das importações recuou
1,1 ponto percentual, comparando-se os primeiros semestres de 2018 e de 2017
(Figura 3). 2 - BALANÇA COMERCIAL DO BRASIL A
balança comercial brasileira registrou superavit
de US$29,93 bilhões no primeiro semestre de 2018, com exportações de US$113,71
bilhões e importações de US$83,78 bilhões. O menor superavit comercial em relação a 2017 (-17,3%) resultou do aumento
nas importações (+17,2%), superior ao das exportações (+5,6%) (Figura 4). No tocante aos
dados mensais, no mês de junho de 2018, as exportações e as importações
apresentaram crescimento na comparação com maio de, respectivamente, 5,6% e
8,0%. Na comparação com o mês de junho de 2017, as exportações brasileiras
cresceram 2,2%, totalizando US$20,21 bilhões, enquanto as importações cresceram
13,7%, somando US$14,32 bilhões. Assim, o resultado da balança comercial
brasileira apresentou superavit de
US$5,88 bilhões no mês, 18,1% menor, porém, do que registrado em junho de 2017
(Tabela 4). No
primeiro semestre de 2018, as exportações do agronegócio brasileiro aumentaram
2,9% em relação ao mesmo período do ano anterior, atingindo US$49,53 bilhões
(43,6% do total). Já as importações do setor recuaram 3,6%, somando US$7,04
bilhões (8,4% do total). O superavit
do agronegócio no primeiro semestre de 2018 foi de US$42,49 bilhões, sendo 4,1%
superior ao mesmo período do ano passado (Figura 5). Assim,
novamente o comércio exterior brasileiro foi beneficiado pelo desempenho do
agronegócio, uma vez que os demais setores da economia, com exportações de
US$64,18 bilhões e importações de US$76,74 bilhões, produziram nos primeiros
seis meses deste ano um deficit de
US$12,56 bilhões. A tabela
5 apresenta os resultados mensais da balança comercial do agronegócio nacional.
Na comparação do mês de junho de 2018 com o mês anterior, as exportações recuaram
7,7%, devido principalmente às reduções nos volumes exportados dos grupos de complexo soja (-14,3%) e
de carnes (-31,9%). Já a comparação de junho de 2018 com junho de 2017
registrou ligeira queda de 0,6%. Os cinco
principais grupos nas exportações do agronegócio brasileiro, no primeiro semestre
de 2018 foram: complexo soja (US$22,32 bilhões), seguido dos produtos
florestais (US$7,08 bilhões), carnes (US$6,38 bilhões), complexo
sucroalcooleiro (US$3,55 bilhões) e café (US$2,24 bilhões). Esses cinco grupos
agregados representaram 83,9% das vendas externas setoriais brasileiras (Tabela
6). Ainda de
acordo com a tabela 6, na comparação com o primeiro semestre de 2017, as
variações dos principais grupos de produtos da pauta do Brasil tiveram
diferentes comportamentos. Foram registrados crescimentos para os grupos de
complexo soja (+11,8%) e produtos florestais (+30,1%), enquanto houve quedas
para os grupos das carnes (-12,7%), complexo sucroalcooleiro (-39,6%) e café
(-14,8%). A
participação do agronegócio nos totais do país diminuiu em termos das
exportações (-1,1 ponto percentual) e também no tocante às importações (-1,8
ponto percentual) (Figura 6). 3 - DESEMPENHO DO ESTADO DE SÃO PAULO NO BRASIL A participação paulista no total da balança comercial brasileira
apresentou ligeira diminuição nas exportações (-0,4 ponto percentual) e nas
importações (-0,6 ponto percentual) (Figura 7). Isso ocorreu pois, enquanto as
exportações paulistas cresceram 4,0% no primeiro semestre de 2018, as
exportações brasileiras cresceram mais fortemente no mesmo período, alcançando
5,6%, o mesmo ocorrendo com as importações, tendo aumento em São Paulo de
15,3%, inferior ao do Brasil de 17,2%. Em
relação ao agronegócio brasileiro, as exportações setoriais de São Paulo no
primeiro semestre de 2018 representaram 17,1%, ou seja, 2,5 pontos percentuais
inferior ao mesmo período de 2017, enquanto as importações representaram 36,1%,
sendo 2,3 pontos percentuais superior ao verificado no mesmo período do ano
passado (Figura 8). De
acordo com a tabela 7, a participação do agronegócio paulista no agronegócio
nacional, no primeiro semestre de 2018, destacou-se nos grupos: sucos (88,5%),
produtos alimentícios diversos (76,6%), complexo sucroalcooleiro (70,7%),
plantas vivas e produtos de floricultura (60,7%), lácteos (48,3%) e produtos
oleaginosos exceto soja (42,0%). A tabela
7 ainda apresenta a participação por grupo de produtos referente ao primeiro
semestre de 2017, bem como a evolução entre os períodos considerados, indicando
uma redução de 2,5% na participação consolidada do Estado de São Paulo. Nota-se
que o grupo “Demais produtos de origem vegetal” foi o que apresentou maior evolução positiva (+6,19%), enquanto o
grupo "rações para animais” é aquele com maior perda de participação
(-8,21%). ________________________________________________ 1Estado produtor (Unidade da Federação exportadora),
para efeito de divulgação estatística de exportação, é aquele onde foram
cultivados os produtos agrícolas, extraídos os minerais ou fabricados os bens
manufaturados, total ou parcialmente. Neste último caso, o estado produtor é
aquele no qual foi completada a última fase do processo de fabricação para que
o produto adote sua forma final. 2Estado importador (Unidade da Federação
importadora) é definido como aquele do domicílio fiscal do importador. 3Os grupos de produtos dos agronegócios podem ser
vistos em: MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO - MAPA. Agrostat.
Brasília: MAPA. <http://www.agricultura.gov.br/portal/page/portal/Internet-MAPA/pagina-inicial/servicos-e-sistemas/sistemas/agrostat>.
Acesso em: jul. 2018. Palavras-chave: agronegócio,
balança comercial, exportações, importações, comércio exterior.
Data de Publicação: 20/07/2018
Autor(es):
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Carlos Nabil Ghobril (nabil@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Marli Dias Mascarenhas Oliveira (marlimascarenhasoliveira@gmail.com) Consulte outros textos deste autor