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Paralisação dos Caminhoneiros Impacta os Preços dos Alimentos no Mercado Varejista de São Paulo em Junho de 2018
O principal destaque do
mês de junho é o reflexo da paralisação dos caminhoneiros, ocorrida em maio,
nos preços dos alimentos no município de São Paulo. O ano de 2018 até o mês de
abril apresentava índices negativos de variação no dispêndio familiar da cesta
de mercado na capital; em maio, o Índice de Preços da Cesta de Mercado Total
(IPCMT), calculado mensalmente pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), foi
de 0,50%, já influenciado pelo movimento dos caminhoneiros no final do mês.
Entretanto, o índice positivo do mês de maio foi apenas o início do efeito da
paralisação, dado que, em junho, o IPCMT registrou 4,84%. Esse valor foi
composto pela variação dos produtos de origem animal em 8,55% e pela de
produtos de origem vegetal em 1,06%. A figura 1 mostra a expressiva variação
dos três subgrupos de produtos de origem animal no mês de junho. O dispêndio no
agrupamento “Carnes” foi 7,79% maior do que o de maio, em “Leites e Derivados”
foi de 9,91% e “Ovos” apresentaram variação de 8,33%. Não é correto afirmar que
esses valores foram influenciados exclusivamente pela greve ocorrida em maio, pois
há também os efeitos de um período muito seco em boa parte do país, afetando diversas
culturas, produções e pastagens, ocasionando pressão nos preços. Embora esses
valores de junho sejam impactantes, é importante ressaltar que a variação
acumulada no ano para o subgrupo “Carnes” é de apenas 0,02%, ou seja, inferior
à inflação medida no período (1,23%), enquanto a de “Leites e Derivados” e de
“Ovos”, são de 11,10% e 5,85%, respectivamente, superando nesses casos o índice
do IPC da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, que mede a inflação no
município de São Paulo. Em relação aos subgrupos
de origem vegetal, observa-se que o efeito imediato de aumento nos preços das
frutas e hortaliças no mês de maio, em virtude da paralisação dos
caminhoneiros, foi revertido em junho. A variação do subgrupo “Hortaliças” em
maio foi de 11,98% e, em junho, a variação foi negativa em 3,46%; a queda nesse
agrupamento foi determinante para que o dispêndio não fosse maior neste mês. A figura 2 mostra o
indicador total, por grupos, subgrupos e destaques do mês. Em relação aos
produtos de origem animal, destaca-se a variação de 21,03% do preço médio do
frango inteiro e do litro do leite longa vida em 19,94%. Esses dois produtos
foram severamente afetados pela greve dos caminhoneiros, com mortandade de
frangos devido à falta de ração, e perdas de leite pela falta de escoamento do
produto, além da menor oferta. Em relação aos ovos, observa-se que neste mês o
aumento foi, em termos percentuais, semelhante à queda do mês anterior (Figura
1). Entretanto, o aumento não deve se sustentar dado ao excesso de oferta do
produto, segundo fontes do setor2. Em relação aos produtos vegetais,
a variação negativa ocorreu mais em virtude da regularização do fluxo de
comercialização do que em relação ao período sazonal. Os produtos básicos arroz
e feijão, que fecharam o mês de maio em queda, apresentaram aumentos de 8,20% e
3,47% no mês de junho, impactando sensivelmente o dispêndio familiar, dada a
importância desses produtos na dieta do paulistano. COMO INTERPRETAR A FIGURA 2 Na figura estão dispostos os seguintes resultados: 1) Índice total, que equivale ao Índice de Preços da
Cesta de Mercado Total (IPCMT), divulgado mensalmente pelo Instituto de
Economia Agrícola (IEA), é obtido pelo cálculo de variação de preços no mês
atual em relação ao anterior, ponderados pela sua importância na cesta de
mercado das famílias paulistanas; 2) Índice por grupos, que
equivale ao Índice de Preços da Cesta de Mercado de Produtos de Origem Animal
(IPCMA) para os produtos de origem animal, e ao Índice de Preços da Cesta de
Mercado de Produtos de Origem Vegetal (IPCMV) para os produtos de origem
vegetal. É calculado de forma análoga ao índice total; a diferença é que é
composta por produtos conforme a origem, animal ou vegetal; 3) Indicadores por
subgrupos, que são calculados seguindo a mesma regra dos anteriores. O objetivo
é indicar a contribuição do subgrupo na formação dos índices por grupos e
total; e 4) Variação por produtos,
cujo objetivo é mostrar quais produtos tiveram maior influência na formação do
índice no mês. 1O autor ressalta a
participação dos técnicos Andréia Brazão, Cristina Almeida Paes e Valdecir
Garcia Luchiari, responsáveis pela coleta diária de preços nos equipamentos,
açougues, feiras livres, padarias, sacolões/varejões e supermercados. 2OVOSITE. Ovos: excessos de produto continuam
derrubando as cotações. Campinas: Portal Ovo Site. Disponível em
<http://www.ovosite.com.br/noticias/index.php?codnoticia=16074>. Acesso
em: 3 jul. 2018. Palavras-chave: varejo,
preços, alimentos, índices, município de São Paulo.
Data de Publicação: 18/07/2018
Autor(es): Vagner Azarias Martins (vagnermartins@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor