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Mercado de Fertilizantes: aumento das importações preocupa
As entregas de fertilizantes ao
consumidor final, em 2017, no Brasil, totalizaram 34.438 mil toneladas de
produtos, com ligeira expansão de 1,04%, em relação ao mesmo período do ano
anterior quando se contabilizou a entrega de 34.083 mil t (Tabela 1). O recorde
de colheita no Brasil permitiu bom fluxo de suprimento e recomposição de
estoques globais, causando, consequentemente, declínio nas cotações praticadas
nas bolsas internacionais para as commodities
e desestimulando a decisão privada em incremento da tecnologia empregada nas
lavouras. Tabela
1 -
Entregas de Fertilizantes ao Consumidor Final, por Região e Estado, Brasil,
2015 a 2017 (em 1.000
t de produto) 2015 2016 (a) 2017 (b) Var. % (b/a) Região Sul Paraná 3.904 4.331 4.102 -5,3 Rio
Grande do Sul 3.667 4.193 4.243 1,2 Santa
Catarina 665 897 846 -5,7 Subtotal 8.236 9.421 9.191 -2,4 Região Centro-Oeste Mato
Grosso 5.629 6.563 6.789 3,4 Goiás 2.928 3.198 3.172 -0,8 Mato
Grosso do Sul 1.631 1.824 1.768 -3,0 Distrito
Federal 63 64 64 -0,1 Subtotal 10.252 11.648 11.793 1,2 Região Sudeste Minas
Gerais 3.509 4.033 4.002 -0,8 São
Paulo 3.472 4.024 4.272 6,2
Espírito Santo/Rio de Janeiro 418 448 486 8,5 Subtotal 7.399 8.505 8.760 3,0 Região Norte-Nordeste Alagoas 122 140 148 5,5 Bahia 1.762 1.760 1.833 4,2 Maranhão 531 598 652 9,0 Tocantins 603 590 618 4,8 Outros 1.298 1.422 1.443 1,5 Subtotal 4.315 4.509 4.694 4,1 Brasil 30.202 34.083 34.438 1,0 Fonte: Elaborada
pelo autor a partir de dados [A1] [A2] da
ASSOCIAÇÃO NACIONAL PARA DIFUSÃO DE ADUBOS - ANDA. Anuário do setor de fertilizantes 2016. São Paulo: ANDA, 2017. 176 p.; ASSOCIAÇÃO DOS
MISTURADORES DE ADUBOS DO BRASIL - AMA. Banco
de dados. São Paulo: AMA. Disponível em: <http://amabrasil.agr.br/web/dados-sobre-fertilizantes/>. Acesso em:
mar. 2018 Embora a expansão das entregas em 2017
tenha sido pouco animadora, alguns estados exibiram excelente desempenho.
Devido à grande concentração da produção agrícola no segmento sucroenergético e
aos melhores preços para o etanol, em São Paulo, observou-se incremento de 6,2%
nos fertilizantes entregues, tendo sido, dentre os grandes consumidores, o Estado
de maior avanço na demanda pelo produto. Os estados das regiões Norte e
Nordeste, fronteira de avanço do cultivo de grãos, também alavancaram a demanda
por fertilizantes, sendo as entregas 4,1% maiores que as contabilizadas no ano
anterior. Ainda que ligeiro, o avanço registrado
nas entregas de fertilizantes promoveu incremento na quantidade de nutrientes
distribuídos. Os nitrogenados (N), em 2017, atingiram 4.377 mil t, com
acréscimo de 0,24% em relação ao ano anterior (quando contabilizaram 4.366 mil
t). Os fosfatados (P2O5) registraram incremento de 3,04%,
totalizando comercialização de 5.126 mil t. Para
os potássicos (K2O), observou-se crescimento de 2,17%, elevando-se
as entregas de 5.728 mil t de nutrientes para 5.853 mil t. Para esse conjunto de macronutrientes, foram
entregues 15.356 mil t, representando expansão de 1,90% em relação ao ano anterior
(Tabela 2). Tabela
2 -
Entrega de Fertilizantes ao Consumidor Final, Brasil, 2015 a 2017 (em mil
t de nutrientes) Nutriente 2015 2016 (a) 2017 (b) Var. % (b/a) N 3.533 4.366 4.377 0,24 P2O5 4.401 4.975 5.126 3,04 K2O 5.162 5.728 5.853 2,17 NPK (total) 13.096 15.069 15.356 1,90 Fonte:
Elaborada pelo autor a partir da
ASSOCIAÇÃO NACIONAL PARA DIFUSÃO DE ADUBOS - ANDA. Anuário do setor de fertilizantes 2016. São Paulo: ANDA, 2017. 176 p.; _____. Estatísticas.
São Paulo: ANDA. Disponível em:
<http://www.anda.org.br/index.php?mpg=03.01.00&ver=por>. Acesso em:
fev. 2018. A indústria nacional de fertilizantes
iniciou 2018 com estoque de passagem de 5.334 mil t de produtos, representando
incremento de 9,13% frente ao acumulado na transposição do ano anterior. Houve
sensível diminuição na produção nacional em 2017, porém ampliaram-se as
importações, resultando em oferta mais abundante (Tabela 3). As cotações internacionais dos
principais fertilizantes, em 2017, exibiram tendências discrepantes com
nitrogenados, com preços sem tendência definida (acompanhando a recuperação
significativa nas cotações do petróleo - commodity Tabela
3 -
Balanço de Fertilizantes, Brasil, 2014 a 2017 (em t
de produto) Item 2014 2015 2016 (a) 2017 (b) Var. % (b/a) 1 - Estoque inicial (indústria) 5.006 5.659 5.404 5.071 -6,16 2 - Produção nacional 8.817 9.115 9.041 8.184 -9,48 3 – Importação 24.047 21.087 24.487 26.305 7,42 4 - Oferta (2+3) 32.864 30.202 33.528 34.489 2,87 5 - Exportação -677 -526 -549 -332 -39,53 6 - Micronutrientes/aditivos1 1.330 1.150 1.330 1.544 16,09 7 - Quebras/ajustes1 -655 -879 -559 -835 49,37 8 - Disponibilidade (1+4+5+6+7) 37.868 35.606 39.154 39.560 1,04 9 - Estoque final (indústria) 5.659 5.404 5.071 5.534 9,13 10 - Entregas consumidor (8-9) 32.209 30.202 34.083 34.437 1,04 1Itens 6 e 7 para
2017: estimativa obtida por meio de média dos três anos anteriores. Fonte:
ASSOCIAÇÃO NACIONAL PARA DIFUSÃO DE ADUBOS - ANDA. Anuário estatístico do
setor de fertilizantes 2016. São Paulo: ANDA, 2017. 176 p. com
grande taxa de transferência de seus preços para os nitrogenados), enquanto os
fosfatados apresentaram ligeira alta e o clorado significativa alta, frente ao
ano anterior, embora abaixo dos preços médios praticados em 2014 e 2015 (Tabela
4). O incremento das cotações do cloreto de potássio é preocupante, pois cerca
de 95% desse produto empregado para atender à demanda da agropecuária
brasileira provém de fornecedores internacionais. Tabela
4 -
Preço Médio das Importações de Fertilizantes, Brasil, 2014 a 2017 (em US$
FOB/t) Produto 2014 2015 2016 2017 Ureia 336,71 308,98 228,04 229,29 Sulfato de amônio 175,52 189,08 171,06 154,94 Nitrato de amônio 294,61 248,50 181,62 190,54 Superfosfato simples 171,12 175,10 156,34 169,89 Superfosfato triplo 361,45 366,85 280,55 284,51 Cloreto de potássio 320,03 321,36 228,52 247,58 DAP 439,99 468,11 359,94 334,18 MAP 460,79 473,62 360,30 353,97 Fonte: Elaborada pelo autor a partir de dados do MINISTÉRIO DO
DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR. Secretaria de Comércio Exterior
- MDIC/SECEX. Sistema de análise das
informações de comércio exterior (Aliceweb). Brasília: MDIC/SECEX.
Disponível em: <http://aliceweb.mdic.gov.br/>. Acesso em: mar. 2018. O crescimento das entregas de
fertilizantes, em 2017, não repercutirá em aumento da safra de grãos. As mais
recentes previsões de colheita de grãos apontam para resultados inferiores aos
observados na safra anterior. Tal resultado decorre do atraso da semeadura da
soja e do milho, reflexo das adversas condições climáticas prevalecentes então.
Todavia, novas revisões nos números previstos indicam que a safra terá
dimensões similares à imediatamente anterior. A entrada de fertilizantes no país, em
2017, ocorreu preferencialmente pelo porto de Paranaguá, sendo responsável por
aproximadamente 1/3 dos desembarques. Outros dois portos (Rio Grande e Santos),
que somados, receberam quantidades similares ao registrado para o berço
paranaense2. A comercialização de fertilizantes em
2017 seguiu o padrão sazonal característico desse mercado com concentração das
vendas no segundo semestre (ganhando impulso a partir de maio), simultaneamente
ao plantio das culturas de verão. Constatou-se que 61,9% das entregas (21,31
milhões de t de produtos) ocorreram no segundo semestre, com pico das vendas em
setembro (12,4% do total das entregas) (Figura 1). . O dispêndio de divisas com importações
de matérias-primas e produtos intermediários para fertilizantes, em 2017,
alcançou US$7,781 bilhões (FOB), com elevação de 20,17% frente ao ano anterior,
influenciados pelo aumento dos preços médios das matérias-primas e produtos
intermediários para fertilizantes importados3. A forte dependência
das importações de fertilizantes e matérias-primas destinadas à produção de
fertilizantes, constitui, na atualidade, a principal fragilidade do agronegócio
brasileiro. As incertezas quanto à evolução das
chances de êxito dos postulantes à presidência podem promover ruídos na
trajetória pujante do agronegócio brasileiro. Saindo-se vencedor candidato de
centro-esquerda existe consenso que haveria rebaixamento da nota de crédito
soberano brasileiro (rating) o que
teria repercussões imediatas sobre a taxa de juros nas operações de crédito
rural e mudanças bruscas paridade real x dólar, encarecendo produtos
importados, especialmente dos fertilizantes. Ao início de 2018, ainda não é
possível antever os desdobramentos do calendário eleitoral, porém face ao
atraso do plantio da soja e dos baixos preços do milho, provavelmente as
entregas não tenham grande incremento no primeiro semestre do ano. 1O autor agradece
o apoio da diretora técnica Talita Tavares Ferreira e do pesquisador José
Alberto Ângelo pela compilação das estatísticas do segmento. 2GLOBALFERT.
Importações de fertilizantes aumentam 18% em 2017. Disponível em:
<https://globalfert. 3MINISTÉRIO DO
DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR. Secretaria de Comércio Exterior
- MDIC/SECEX. Sistema de análise das informações de comércio exterior
(Aliceweb). Brasília: MDIC/SECEX. Disponível em:
<http://aliceweb.mdic.gov.br/>. Acesso em: mar. 2018. Palavras-chave: mercado de
fertilizantes, preços de fertilizantes, entregas de fertilizantes.
com.br/mercado/importacoes-de-fertilizantes-aumentam-18-em-2017>. Acesso em:
mar. 2018.
Data de Publicação: 11/04/2018
Autor(es): Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor