IqPR de Janeiro de 2018: alta de 0,44%

O Índice de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1, 2, que mede a variação dos preços recebidos pelos produtores paulistas, registrou alta de 0,44% em janeiro/2018 na comparação com dezembro/2017. Separado por grupos de produtos, o IqPR-V (grupo de produtos de origem vegetal) subiu 1,53% e o IqPR-A (produtos de origem animal) caiu 1,99% (Tabela 1). Nesta mesma tabela são apresentadas as variações do final de dezembro/2017 e das quatro quadrissemanas de janeiro/2018 para os índices calculados com e sem a cana-de-açúcar.


Quando a cana-de-açúcar é excluída do cálculo do índice na ponderação dos produtos, enquanto o IqPR (geral sem cana) teve queda de 1,21%, o IqPR-V sem cana variou negativamente em 0,20% (Tabela 1). O preço da tonelada no campo em janeiro apresentou alta de 2,46% (Tabela 2), em razão do incremento do valor do açúcar total recuperável (ATR) mensal e acumulado em 1,06 % e 0,80%, respectivamente3. Com relação ao período de janeiro de 2017 a janeiro de 2018, a cana apresentou uma queda de 5,77% (Tabela 2).

 


A evolução dos preços da tonelada da cana-de açúcar no período (Figura 1) aponta que os preços praticados no decorrer do ano 2016 foram influenciados pela elevação do preço do açúcar no mercado internacional refletindo no valor do ATR no mercado interno. Já em 2017, o menor preço do ATR, em razão das oscilações observadas nas cotações do açúcar, também corroborou para os menores valores no preço da tonelada da cana no campo.

 

 

 

Os produtos do IqPR que apresentaram as maiores altas nas cotações do mês de janeiro/2018 em relação a dezembro/2017 foram, pela ordem: feijão (24,89%), tomate para mesa (10,52%), milho (8,07%), algodão (6,23%) e amendoim (4,44%) (Ta-
bela 2).

Para o feijão, as chuvas nas principais regiões produtoras (principalmente no Estado do Paraná) reduziram a oferta do produto no começo dessa primeira safra de 2018, o que elevou os preços recebidos pelos produtores. Os preços da saca de 60 kg chegaram a ser negociados, em meados de janeiro, a R$117,24 no Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) de Avaré, e a R$136,78 no EDR de Itapeva. Fazendo um comparativo
com dezembro de 2017, pode-se constatar cotações abaixo de R$80,00 a saca, como por exemplo a EDR de Avaré que iniciou o último mês do ano passado com cotação de R$78,164. Nos últimos dois meses o produto valorizou 15,35% no campo paulista
(Figura 2).

 

Doenças que atingiram os tomateiros nesse período chuvoso de verão diminuíram a oferta também desse produto, aumentando seus preços. De valores que alcançaram somente R$16,12 a caixa de 22 kg no EDR de Itapeva no início de dezembro de 2017, na regional de Campinas, os preços quase atingiram os R$50,00 (exatos R$48,85 no dia 17 de janeiro de 2018)5. Mesmo com essa alta, o tomate acumula baixa bimestral de 4,95% (Figura 2). 

Já os produtos que apresentaram as maiores quedas de preços no período foram: banana nanica (-33,01%), batata (-17,08%), ovos (-13,13%), soja (-5,52%) e carne de frango (-4,22%) (Tabela 2).

Baixa demanda ocasionada pelo recesso escolar e altas produtividades nas regiões produtoras justificam a redução dos preços recebidos pelos bananicultores. Referência no levantamento feito pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, o EDR de Registro recuou os preços cobrados pelos produtores de R$1,56 para R$1,04 o quilograma entre dezembro de 2017 e janeiro de 2018 (Tabela 2). No bimestre, o produto acumula queda de 17,42% em terras paulistas (Figura 2). 

Mesmo com as chuvas do período, os fluxos de colheita e da comercialização da batata nas regiões produtoras paulistas ocorreram num ritmo que abasteceu sem percalços o mercado atacadista e varejista, reduzindo os preços recebidos pelos produtores. Nos últimos dois meses, o produto se desvalorizou no campo paulista 35,5% (Figura 2).

Em resumo, dos 19 produtos analisados no mês de janeiro, 12 produtos apresentaram alta de preços (11 de origem vegetal e 1 de animal) e outros 7 apresentaram queda (3 vegetais e 4 animais).

 

ACUMULADO DOS ÚLTIMOS 12 MESES PARA O IQPR COM CANA

No período de janeiro/2017 a janeiro/2018, o IqPR apresentou a maior alta no mês de março/2017 e a maior queda em junho/2017, mesmo comportamento do IqPR-V; o IqPR-A teve o maior aumento no mês de agosto/2017 e a maior baixa no mês de junho/2017 (Figura 3).

 

No acumulado dos últimos 12 meses (janeiro/2017 a janeiro/2018), todos os índices apresentaram variação negativa: o IqPR (geral) ficou em –3,78%, o IqPR-V (vegetal) com –3,61% e o IqPR-A (animal) com –4,61% (Figura 4).

Apesar da maioria dos produtos apresentar queda no acumulado nos últimos 12 meses, o fato da cana-de-açúcar (que tem grande peso nos índices) ter se desvalorizado 5,77% (Tabela 2), uma das menores retrações, impediu uma queda mais acentuada para o IqPR e IqPR-V; já o IqPR-A fechou com valor negativo um pouco menor no acumulado. Pelo gráfico apresentado na figura 4, pode-se perceber que o IqPR e o IqPR-V têm tido o mesmo comportamento nos últimos 12 meses, alterando somente as magnitudes das variações acumuladas; já o mesmo não ocorre com IqPR-A.

 

 

Reforçando a análise, apresenta-se a comparação dos preços de janeiro/2018 em relação a janeiro/2017. Ao relacionar os resultados das variações, observa-se uma grande discrepância entre número de produtos com valores positivos e negativos (3 e 16 produtos respectivamente). Apresentaram variações positivas apenas tomate para mesa (59,23%), batata (26,33%) e trigo (4,32%). Os demais produtos perderam valor em suas cotações, que pela ordem são: banana nanica (-51,35%), amendoim (-42,67%), laranja para mesa (-40,03%), laranja para indústria (-34,24%), leite cru refrigerado (-15,10%), feijão (-14,08%), café (-13,25%), ovos (-13,13%), arroz (-12,78%), carne suína (-9,51%), cana-de-açúcar (-5,77%), milho (-5,67%), soja (-5,52%), algodão (-3,41%), carne de frango (-3,05%) e carne bovina (-2,73%).

 

 

 

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1A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/01/2018 a 31/01/2018 e base = 01/12/2017 a 31/12/2017.

2Artigo completo com a metodologia: PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v. 38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573>. Acesso em: fev. 2018.

3CONSELHO DOS PRODUTORES DE CANA DE AÇÚCAR, AÇÚCAR E ETANOL DO ESTADO DE SÃO PAULO - CONSECANA. Banco de dados. São Paulo: Consecana. Disponível em: <https://www.consecana.com.br/>. Acesso em: fev. 2018.

4INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de Dados. São Paulo, 2018. Disponível em: <http://ciagri.iea.sp.gov.br/nia1/Indicadores_conjuntura.aspx?cod_sis=21>. Acesso em: 9 fev. 2018.

5Op. cit. nota 4.

Palavras-chave: IqPR, índice, preços recebidos, variações, indicadores.


Data de Publicação: 05/03/2018

Autor(es): Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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