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Índice dos Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR): Queda de 6,59% no índice acumulado de 2017
O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela
Agropecuária Paulista (IqPR)1, 2 (que mede a variação dos preços
recebidos pelos produtores paulistas) registrou alta de 0,77% no mês de
dezembro de 2017 na comparação com o mês anterior, puxado principalmente pelo
IqPR-V (grupo de produtos de origem vegetal), que subiu 0,83%. Um pouco abaixo,
o IqPR-A (produtos de origem animal) apresentou variação positiva de 0,66%
(Tabela 1). Nesta mesma tabela são apresentadas as variações do final de
novembro/2017 e das quatro quadrissemanas de dezembro/2017 para os índices
calculados com cana-de-açúcar” e
sem cana-de-açúcar. Quando a cana-de-açúcar (que em dezembro teve queda
na tonelada no campo de 0,11%) é excluída do cálculo do índice na ponderação
dos produtos, o IqPR (geral sem cana) registra um aumento de 1,49 %, 0,72 ponto
percentual acima do IqPR com cana. (Tabela 2). Já o IqPR-V sem cana variou
positivamente em 2,57%, ou seja, 1,74 ponto percentual superior ao IqPR-V com
cana (Tabela 1). O preço da tonelada da cana-de-açúcar teve uma leve queda de
0,11% em relação ao mês anterior, apesar do aumento mensal em 4,98% no preço do
quilograma do açúcar total recuperável (ATR)3. Os produtos do IqPR que apresentaram as maiores
elevações nas cotações do mês de dezembro/2017 em relação a novembro/2017
foram, pela ordem: banana nanica (23,29%), laranja para mesa (15,74%), a
laranja para indústria (15,11%) e amendoim (4,21%) (Tabela 2). Para a banana nanica, a estiagem do
último trimestre de 2017 reduziu a produtividade da principal região produtora
paulista (Vale do Ribeira), onde muitos frutos não cachearam. A redução da
oferta de um produto de boa qualidade oriundo do mercado catarinense (que na
safra de inverno apresentou frutos com casca escura) foi outro motivo adicional
do reajuste dos preços recebidos pelos bananicultores. Para as laranjas (mesa e indústria), a menor
disponibilidade em dezembro da pera oriunda da safra 2017/18 aliada ao aumento
da demanda tanto para o mercado in natura
como para o beneficiamento elevaram os preços recebidos pelos produtores. Já os principais produtos que apresentaram quedas de
preços no mês de dezembro/17 foram: batata (22,21%), tomate para mesa (14,00%),
feijão (7,64%) e leite (5,41%). (Tabela 2). Para batata da safra das águas e tomate para mesa, a
intensificação das colheitas no último mês de 2017 ampliou as ofertas dos
produtos, reduzindo seus preços recebidos pelos produtores. Já o tomate para mesa, com o excesso de chuvas,
mesmo estando em menor disponibilidade no campo, ao apresentar doenças, teve
seus preços reduzidos durante dezembro. Impactado pelas chuvas nas regiões produtoras, o
feijão disponível durante dezembro, ao apresentar perda qualidade comercial,
teve seus preços no campo rebaixados aos produtores. Em resumo, no mês de dezembro, dez produtos
apresentaram alta de preços (oito de origem vegetal e dois de animal), oito
apresentaram queda (seis vegetais e dois de origem animal) e um não apresentou
variação (origem animal, carne de frango). ACUMULADO
DOS ÚLTIMOS 12 MESES PARA O IqPR COM CANA No acumulado dos
últimos 12 meses (dezembro/2016 a dezembro/2017), todos os índices apresentaram
variações negativas: o IqPR (geral) ficou em –6,59%, o IqPR-V (vegetal) em -6,78% e o IqPR-A (animal) em –6,56% (Figura 1). No período de dezembro/2016 a dezembro/2017,
o IqPR apresentou o mesmo comportamento que o IqPR-V tendo a maior alta no mês
de março/2017 e a maior queda em setembro/2017. Já o IqPR-A teve o maior
aumento no mês de agosto/2017 e a maior baixa no mês de junho/2017 (Figura 2).
Em um ano caracterizado pelas baixas nos preços agropecuários, o IqPR
apresentou variações positivas apenas em dois meses: março e abril de 2017
(Figura 2). Apesar da maioria absoluta dos produtos apresentar
quedas acentuadas no acumulado nos últimos 12 meses, o fato do preço médio da
cana-de-açúcar (que tem grande peso nos índices) ter se desvalorizado 7,57%
impediu uma depreciação maior para o IqPR e IqPR-V. Já para o IqPR-A, a carne bovina,
que retraiu 4,82% (e tem grande peso no índice animal), evitou uma queda
superior. Pode-se perceber que o IqPR e o IqPR-V têm tido o mesmo comportamento
nos últimos 12 meses, alterando
somente as magnitudes das variações acumuladas (Figura 1). Já o mesmo não
ocorre com IqPR-A. Reforçando a análise, apresenta-se a comparação dos
preços de dezembro/2017 em relação a dezembro/2016. Vê-se na tabela 1 (ao
relacionar os resultados das variações) que somente o tomate para mesa
apresentou reajuste no acumulado de 2017. Os demais produtos perderam valor em
suas cotações, que pela ordem são: · Feijão
(-47,76%): A queda acentuada verificada nos
preços recebidos pelos produtores paulistas de feijão iniciou 2017 sob a
interferência da expressiva expansão da oferta verificada nos principais
estados produtores do país durante o ano de 2016. O valor da saca de feijão
chegou a R$169,62 em abril (preço bastante distante do mesmo período de 2016,
quando era cotado a R$267,18). Com o aumento da produção da segunda safra, os
preços chegaram a R$136,63 em julho de 2017. Em uma realidade na qual o valor
recebido (R$93,02) finaliza o ano no patamar próximo aos custos de produção, as
previsões são de redução da área plantada nas safras de 2018. · Banana
nanica (-42,04%): Mesmo com a redução da oferta nos últimos 3 meses ocasionada
por questões climáticas, o abastecimento regular durante o ano acima da demanda
interferiu sobremaneira a cotação negativa no comparado dos últimos 12 meses. · Laranja para mesa (-36,91%) e laranja
para indústria (-31,02%): Finalizados acima da série histórica em 2016 e com a
confirmação das estimativas dos reajustes da safra de 2017, os preços das
laranjas terminaram o ano próximos aos custos de produção indicados pela
CONAB; · Arroz (-18,22%): O clima favorável
durante 2017 aliado ao comparativo de preços altos de 2016 justificaram em
parte a redução dos ganhos dos rizicultores brasileiros. A entrada via
importação de produto paraguaio e uruguaio também elevou a oferta disponível no
mercado nacional. · Milho (-14,88%): Após uma quebra de
safra provocada pela estiagem em 2016, as boas condições das lavouras neste ano
intensificaram as colheitas. Bons resultados do milho safrinha, acrescentados
pela disponibilidade nos mercados americano e argentino, não fizeram com que as
estratégias de retração dos produtores em negociar o milho estocado melhorassem
as cotações. · Carne suína (-13,81%): Acompanhando a
redução dos custos da ração que tem no milho seu principal ingrediente, o
aumento da oferta disponível frente à restrição do mercado russo (mesmo com o
aumento das exportações em 2017) criaram um excedente do produto que levou ao
declínio dos preços recebidos pelos suinocultores. · Café (-13,36%): Mesmo com o ciclo bienal
que impactou negativamente a produção do café no Centro Sul brasileiro, o
comparativo com os altos preços praticados em 2016 ocasionado pela quebra de
safra do conillon no norte do
Espírito Santo reduziu as cotações do produto no campo no comparativo com o
atual período. · Carne de frango (-11,13%): Influenciados
pela Operação Carne Fraca da Polícia Federal em março de 2017, os preços da
carne de frango apresentaram um refluxo de escoamento ao exterior que não se
recuperou durante o transcorrer do ano. · Ovos (-9,32%): Diferente dos dados
levantados pelo setor, que indicam variação positiva em torno de 3% no
acumulado de 2017, os preços cotados pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA)
apresentaram redução expressiva de quase 10% durante o último ano. Segundo
informações coletadas pelos técnicos da Secretaria da Agricultura e
Abastecimento nas regiões produtoras paulistas, o baixo descarte de poe- · Leite cru refrigerado (-9,30%): Com
oferta restrita na virada para 2017, os preços do leite ao produtor em meados
desse ano inverteram a curva para baixo ocasionados principalmente pelas quedas
nos valores dos insumos e a estiagem reduzida apresentada nas principais
regiões produtoras no período de entressafra. · Cana-de-açúcar (-7,57%): O preço da
tonelada da cana-de-açúcar no período de dezembro de 2016 a dezembro de 2017
teve uma queda de 7,57%. Os fatores que influenciaram essa variação negativa
foram o volume das precipitações, sendo que o período do início de safra foi
mais chuvoso, seguido de um período mais seco até setembro, regularizando a
partir de outubro, o que influenciou durante o ano a quantidade do ATR além do
menor preço do açúcar no mercado internacional. O valor acumulado anual do
preço do kg do ATR4 teve um aumento de 0,87%. Os outros produtos que apresentaram quedas de
valores durante 2017 foram soja (-7,17%), algodão (-5,96%), batata (-5,14%),
carne bovina (-4,82%) e trigo (-0,28%). Para amendoim não foi calculada a
variação, pois o mesmo não apresentou cotação em dezembro/2016. Reforça-se que essa queda de -6,59% no índice geral contribuiu
para diminuir ainda mais as margens de lucro no comparado com o Índice de
Preços Pagos (IPP) que mede os custos de produção dos agricultores, que subiu
2,56% de dezembro de 2016 a dezembro de 20175. 1A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres
modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações
diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de
Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro
últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas
(base), sendo a referência = 01/12/2017 a 31/12/2017 e base = 01/11/2017 a
30/11/2017. 2Artigo completo com a metodologia: Pinatti, E. et al.
Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e
seu comportamento em 2007. Informações
Econômicas, São Paulo, v. 38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em:
<http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573>. Acesso em: jan. 18. 3CONSELHO DOS PRODUTORES DE CANA DE AÇÚCAR, AÇÚCAR E
ETANOL DO ESTADO DE SÃO PAULO - CONSECANA. Banco
de dados. São Paulo: Consecana. Disponível em: <https://www.consecana.com.br/>. Acesso em: jan. 2018. 4Op. cit. nota 3. 5INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA. Banco de dados. São Paulo: IEA, 2017. Disponível em:
<http://ciagri. Palavras-chave: preços
recebidos pelos produtores, índices, IqPR, dezembro, acumulado 2017.
deiras nos ciclos produtivos apresentou uma oferta que excedeu a demanda. Ascensão
da produção do ovo tipo caipira e seu deslocamento de regiões tradicionalmente
exportadoras justificam os preços apresentados pelo IEA.
iea.sp.gov.br/nia1/Indicadores_conjuntura.aspx?cod_sis=21>. Acesso em: jan.
2018.
Data de Publicação: 09/02/2018
Autor(es):
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Rejane Cecília Ramos Consulte outros textos deste autor