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Mercado Futuro do Café: cotações em compasso de espera
A partir da divulgação do resultado do crescimento
econômico consolidado do terceiro trimestre, formou-se unanimidade entre os
analistas de mercado e os pertencentes ao segmento empresarial de que a
retomada da economia é sustentável e tem fôlego para se situar próxima de 1% em
2017, alcançando surpreendentes 4% na previsão da taxa anualizada de 2018. Tal retomada, no próximo ano, criará ambiente totalmente
inusitado para a economia brasileira com crescimento do PIB acima do juro real
(SELIC abaixo de 7% com inflação no patamar de 4%). Tem sido destacado pela imprensa especializa o
impacto da redução da taxa de juros para o estímulo ao investimento produtivo.
Entretanto, relega-se elemento subjacente que consiste na diminuição da despesa
financeira contabilizada no balanço das empresas, potencializando seus
resultados. Tal fato fornecerá combustível para acelerar o ritmo da retomada
seja ainda mais vigoroso. Essa propícia situação para o direcionamento do
investimento financeiro nas ações das companhias contrasta com a relativa
ausência de interesse por parte dos investidores atuantes na B3. Aparentemente,
o impasse populista na Câmara dos Deputados em torno da reforma da previdência
é o que tem mantido os investidores reticentes com as expectativas para com a
economia brasileira. A retomada demanda por importações de bens de
capital consiste em forte indicativo da decisão empresarial de incrementar a
produtividade nos sistemas de produção. Ainda assim, em 2017, o balanço do
resultado cambial do comércio exterior brasileiro indica saldo acumulado acima
dos US$65 bilhões, um recorde. O desempenho favorável da economia em geral deverá
repercutir em impulsos adicionais para o agronegócio, uma vez que a maior parte
dos gêneros nele produzidos destina-se ao abastecimento interno que se
beneficia da recuperação do emprego (formal e informal). A média semanal das cotações futuras dos contratos
café arábica negociadas no mercado da Bolsa de Nova York, registrada em
novembro, evidenciou ligeiras oscilações com mercado alavancado entre as
primeira e terceira semanas, e ficou pressionado nas quarta e quinta semanas do
mês. Em segunda posição (mar./2018), a média da primeira semana atingiu
US$¢128,37/lbp, declinando para US$¢126,74/lbp na última semana do mês, ou
seja, 0,79% de baixa no período (Figura 2). O incremento de 4,8% nas
exportações mundiais de café (arábica de 7,9%) no ano cafeeiro (out./2016 a
set./2017)2 foi determinante para consolidação desse quadro de
estabilidade para o mercado. Ademais, foi grande o impacto sobre o mercado das
exuberantes floradas observadas nos principais cinturões brasileiros; associado
ao bom regime de precipitações, foram os fatores responsáveis pela relativa
manutenção das cotações nos atuais patamares. Em novembro de 2017, no mercado físico paulista, a
média dos preços recebidos pelos cafeicultores da região de Franca, registrada
pelo levantamento diário do IEA em parceria com a CATI, foi de R$444,91/sc. de 60 kg3.
Cotejando-se esse preço com a cotação média da quinta semana em segunda posição
(US$¢126,74/lbp) e efetuadas as devidas
conversões, imputando diferencial de 20% e ainda adotando a cotação futura do
dólar em US$1,00 = R$3,35 para maio de 2018,
obtêm-se R$449,27/sc., ou seja, vantagem de apenas R$4,36/sc., montante,
aparentemente, insuficiente para atrair os cafeicultores para adquirirem
contratos futuros naquela bolsa. Na Bolsa de Londres, em que são negociados os
contratos futuros de café robusta, a média semanal das cotações de novembro
exibium tendência baixista ao longo do mês (Figura 3). Segundo o relatório de
outubro da Organização Internacional do Café, as exportações totais de café
robusta tiveram variação de apenas -0,2% entre outubro e setembro de 2016 e
2017, mantendo-se no patamar das 45 milhões de sacas no período4. A
oferta brasileira de conilon deverá voltar a patamares que não eram observados
há mais de três safras (entre 11 e 12 milhões de sacas).
Fundos
e grandes investidores atuantes no mercado de café iniciaram sutil movimento de
diminuição das posições vendidas, depois de quase registrar 49,5 mil contratos
vendidos, apresentou recuo de 15% nesse montante, o que ainda está distante de
refletir--se numa alavancagem das cotações (Tabela 1). Há
hesitação quanto à possibilidade de ocorrência do fenômeno meteorológico La
Niña, que produz estiagens prolongadas no período chuvoso no Centro-Sul do
Brasil. Entre final de 2013 e 2014, quando prevaleceram as condições do La
Niña, o impacto sobre a produção de arábica brasileiro foi severo, pois
coincidiu com o período de enchimento dos frutos, um dos mais sensíveis na
evolução fenológica da lavoura. Portanto, o mercado deverá se posicionar com
maior volatilidade diante da probabilidade de ocorrência do La Niña. 1O autor agradece pelo trabalho de sistematização do banco
de dados econômicos conduzido pelo agente de apoio à pesquisa científica e
tecnológica do IEA o analista de sistemas Paulo Sérgio Caldeira Franco. 2Relatório disponível em:
ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO CAFÉ - OIC. Relatório sobre o mercado de
café: outubro de 2017. Brasil: OIC. Disponível em: <http://www.ico.org/documents/cy2017-18/cmr-1017-p.pdf>. Acesso em: nov. 2017. 3Disponível para assinantes em: INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de dados. São Paulo:
IEA/ CATI. Disponível em:
<http://ciagri.iea.sp.gov.br/precosdiarios/precosdiariosrecebidos.aspx?cod_sis=6>.
Acesso em: nov. 2017. 4Op. cit. nota 3. Palavras-chave: mercado
futuro, cotações do café, Bolsa de Valores.
Data de Publicação: 11/12/2017
Autor(es): Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor