Quando a cana-de-açúcar, que em outubro apresentou queda de 1,57% (Tabela 2) no preço da tonelada no campo, é excluída do cálculo do índice na ponderação dos produtos, o IqPR (geral sem cana) teve alta de 3,62%, 2,32 pontos percentuais maior que o IqPR com cana, o IqPR-V sem cana variou positivamente em 9,28%, ou seja, 7,06 pontos percentuais superior ao IqPR-V com cana (Tabela 1). Neste mês ainda houve uma ligeira queda no preço da tonelada da cana-de-açúcar, mas a quantidade de açúcar total recuperável (ATR) por tonelada teve um aumento de 2,42% em relação ao mês anterior, revertendo a tendência de baixa. Para o próximo mês deverá ocorrer uma melhora no preço da tonelada da cana. Com relação ao período de outubro de 2016 a outubro de 2017, a cana apresentou uma queda de 2,71% (Tabela 2).

Os produtos do IqPR que apresentaram as maiores altas nas cotações do mês de outubro/2017 em relação a setembro/2017 foram, pela ordem: batata (84,36%), milho (12,75%), laranja para mesa (7,14%) e tomate para mesa (6,01%) (Tabela 2).

No que se refere à batata, as chuvas nas regiões produtoras prejudicaram as colheitas, o que elevou o preço do produto.

Em ano de grandes ofertas de milho, com produções das safras mundiais, estadunidense e brasileira recordes em 2017 e a consequente baixa nos preços, os produtores se desestimulam em continuar na produção de milho, buscando outra alternativa como a soja. Nos primeiros levantamentos de intenção de plantio, viu-se pequena diminuição na área plantada, tendo sua oferta restringida, além do preço do milho iniciar uma recuperação de 12,75% na variação mensal, mantendo os preços menores que na variação anual que foi de -27,73% (Tabela 2).

Já os produtos que apresentaram as maiores quedas de preços no período foram banana nanica (-8,24%), algodão (-7,44%), ovos (-7,17%) e feijão (-4,99%) (Tabela 2).

Para a banana nanica, o excesso de produto ofertado no mercado com a maior entrada do produto catarinense tem desvalorizado o preço recebido pelo produtor paulista. 

A retração no nível de preços de algodão pode estar relacionada à diminuição no ritmo dos negócios, em virtude da suficiência dos estoques na indústria têxtil.

Em resumo, dos 19 produtos analisados no mês de outubro, 10 produtos apresentaram alta de preços (7 de origem vegetal e 3 de animal) e outros 9 apresentaram queda (7 vegetais e 2 de origem animal).

- ACUMULADO DOS ÚLTIMOS 12 MESES PARA O IqPR COM CANA

No período de novembro/2016 a outubro/2017, o IqPR apresentou a maior alta no mês de março/2017 e a maior queda em junho/2017, mesmo comportamento para o IqPR-V; o IqPR-A, teve o maior aumento no mês de agosto/2017 e maior baixa no mês de janeiro/2017 (Figura 1).

O IqPR apresentou variações positivas nos meses de novembro/2016, fevereiro/2016, março/2016 e outubro/2017, e variações negativas em dezembro/2016, janeiro/2017 e de abril/2017 a setembro/2017 (Figura 1).

No acumulado dos últimos 12 meses (outubro/2016 a outubro/2017), todos os índices apresentaram variação negativa: o IqPR (geral) ficou em –5,85%, o IqPR-V (vegetal) com –5,61% e o IqPR-A (animal) com –6,83% (Figura 2).

Apesar da maioria dos produtos apresentar queda no acumulado nos últimos 12 meses, o fato da cana-de-açúcar (que tem grande peso nos índices) ter se desvalorizado 2,71% (menor queda) impediu uma diminuição mais acentuada para o IqPR e IqPR-V. Já o IqPR-A, por conta das altas nos últimos dois meses, fechou com valor negativo um pouco menor no acumulado. Pelo gráfico apresentado na figura 2, pode-se perceber que o IqPR e o IqPR-V têm tido o mesmo comportamento nos últimos 12 meses, alterando somente as magnitudes das variações acumuladas; já o mesmo não ocorre com IqPR-A.

Reforçando a análise, apresenta-se a comparação dos preços de outubro/2017 em relação a outubro/2016. Ao relacionar os resultados das variações, observa-se uma grande discrepância (entre número de produtos com valores positivos e negativos, 3 e 16 produtos respectivamente). Apresentaram variações positivas os seguintes produtos: tomate para mesa (18,07%), carne suína (3,36%) e ovos (3,16%). Os demais produtos perderam valor em suas cotações, que pela ordem são: banana nanica (-57,50%), feijão (-52,54%), amendoim (-48,06%), laranja para mesa (-38,83%), laranja para indústria (-28,75%), milho (-27,73%), arroz (-20,20%), batata (-17,54%), carne de frango (-15,24%), café (-12,71%), soja
(-10,06%), carne bovina (-8,05%), leite cru refrigerado (-6,45%), trigo (-4,99%) e cana-de--açúcar (-2,71%) e (Tabela 2).

As quedas observadas em quase todos os produtos no mês de outubro estão contribuindo para manter as margens de lucro em um patamar baixo, quando o IPP (índice que mede os custos de produção dos agricultores) de outubro de 2017 subiu 2,48%³.

¹A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/10/2017 a 31/10/2017 e base = 01/09/2017 a 30/09/2017.

²Artigo completo com a metodologia: PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v. 38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573>. Acesso em: nov. 2017.

³INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA. Banco de Dados. São Paulo: IEA. Disponível em: <http://ciagri.iea.sp.gov.br/nia1/Indicadores_conjuntura.aspx?cod_sis=21>. Acesso em: 22 nov. 2017.