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Limitada Expectativa de Ganho no Mercado Futuro do Café
Em outubro de 2017, o mercado futuro de dólar negociado na
B3 exibiu média das cotações semanais com tendência de alta. Houve, entre a
primeira e a quarta semana do mês, majoração de 3,78% nas cotações (R$3,17/US$
para R$3,29/US$). Essa elevação, ainda que modesta, tem reflexos diretos sobre
o mercado de café, pois a desvalorização do real incrementa a competitividade
do produto frente aos concorrentes no mercado internacional, atraindo maior
interesse dos compradores. Dependendo da intensidade desse movimento e das
quantidades ofertadas no mercado físico pode haver pressão sobre as cotações,
elevando-as e produzindo um novo patamar de equilíbrio entre paridade cambial e
cotações do café (Figura 1). A trajetória de queda sustentável das taxas de juros
básicos da economia (SELIC), conduzidas pelos membros do Conselho de Política
Monetária (COPOM), induz os agentes de mercado a explorarem outras
oportunidades de valorização do capital, abrindo perspectivas favoráveis aos
investimentos nos contratos futuros de commodities.
As médias semanais das taxas de juros futuros negociados na B3. Aparentemente,
pelo conteúdo das atas do COPOM, haverá mais cortes na taxa básica,
fortalecendo a hipótese de maior interesse no mercado futuro de commodities (Figura 2). Em outubro de 2017, o
mercado de contratos futuros de café arábica negociados na Bolsa de Nova York
não exibiu grandes oscilações, com ligeiro incremento das cotações semanais
médias entre a primeira e a segunda semanas; seguida de baixa nas duas semanas
seguintes do mês. A exuberante florada ocorrida nos cafezais brasileiros, em
outubro, prenuncia safra de elevada monta, induzindo os investidores a se
desfazer de contratos de café na expectativa de regularidade do fluxo de
suprimento de produto para a indústria. Todavia, em contrapartida, sempre há
alavancagem das cotações com a aproximação do inverno no Hemisfério Norte
(Figura 3). A média das cotações semanais dos contratos negociados
na última semana de outubro, para a posição de março de 2018, foi de
US$¢128,23/lbp. Efetuando-se as conversões para real por saca e utilizando-se a
cotação futura registrada para a primeira semana de abril/2018 (R$3,22/US$),
obtém-se R$546,11/sc. Imputando-se deságio de 20% a essa cotação (somatório do
diferencial do natural brasileiro para o Contrato C, juros, taxas de registro e
impostos), chega-se a R$436,89/sc. Cotejando-se essa cotação estimada com os
preços praticados em outubro no mercado físico, do principal cinturão
cafeicultor paulista (região de Franca), levantados pelo IEA/CATI que na média
do mês registrou R$440,70/sc., conclui-se que não houve margem especulativa
suficiente nesse mês para a contração de hedge
para o produto. A dificuldade de suprimento enfrentada por parte das
torrefadoras em obter lotes com menos de 5% de broca tem pressionado as
cotações no mercado interno.
No
mercado londrino de café robusta, a tendência para as médias semanais das
cotações exibiu persistente tendência de baixa. Aumento dos estoques mundiais e
menor risco de arrefecimento no suprimento desse produto refletiram-se nas
perspectivas menos otimistas dos investidores quanto às possibilidades de
obtenção de vantagens financeiras na especulação com robusta (Figura 4). A quantidade de contratos semanais negociados
pelos investidores posicionados nos Fundos e Grandes Investidores confirma a
tendência de queda nas médias das cotações no mês, uma vez que a quantidade
líquida pendeu sistematicamente para os vendidos. Curiosamente, até mesmo entre
os Comerciais e Industriais, nas duas primeiras semanas também penderam para os
vendidos. Efetivamente, no mercado futuro de café, na perspectiva dos
investidores, as possibilidades de valorização do capital são baixas (Tabela
1). A recente alavancagem das cotações
do petróleo pode se transmitir, parcialmente, para os mercados de commodities, uma vez que os preços são
relativos. Para o caso do café, tanto arábica como robusta, a cada 10% de
majoração nas cotações do barril de petróleo, 2% transferem-se para as do café. 1O autor agradece o trabalho de sistematização do banco de
dados econômicos conduzido pelo Agente de Apoio à Pesquisa Científica e
Tecnológica do IEA, o analista de sistemas Paulo Sérgio Caldeira Franco.
Palavras-chave: mercado
futuro, cotações do café.
Data de Publicação: 16/11/2017
Autor(es): Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor