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IqPR de Setembro de 2017: queda de 0,30%
O Índice de Preços Recebidos pela
Agropecuária Paulista (IqPR)1,2, que mede a variação dos preços
recebidos pelos produtores paulistas, registrou queda (pelo sexto mês
consecutivo) de 0,30% em setembro/2017 na comparação com agosto/2017, o IqPR-V
(grupo de produtos de origem vegetal) recuou 1,58% e o IqPR-A (produtos de origem
animal) subiu 2,55% (Tabela 1). Nesta mesma tabela são apresentadas as
variações do final de agosto/2017 e das quatro quadrissemanas de setembro/2017
para os índices calculados “com a cana-de-açúcar” e “sem a cana-de-açúcar”. Quando a cana-de-açúcar (que em setembro apresentou
queda de 2,67% no preço da tonelada no campo) é excluída do cálculo do índice
na ponderação dos produtos, o IqPR (geral sem cana) teve alta de 1,63%, 1,93
ponto percentual maior que o IqPR com cana, o IqPR-V
sem cana variou positivamente em 0,44%, ou seja, 2,02 pontos percentuais superiores
ao IqPR-V com cana (Tabela 1). O preço da tonelada da cana-de-açúcar continua
em queda apesar do aumento da quantidade de Açúcar Total Recuperável (ATR) por
tonelada de cana verificado no mês em
questão, isso só ocorreu em função dos preços praticados no mercado
externo, mesmo assim a cana apresentou valor de 0,75% em relação ao mesmo
período de 2016 (Tabela 2). Os produtos do IqPR que apresentaram as maiores
altas nas cotações do mês de setembro/2017 em relação a agosto/2017 foram pela
ordem: banana nanica (14,64%), carne bovina (8,82%), milho (7,18%) e feijão (6,56%)
(Tabela 2). A banana foi o produto que apresentou a maior alta
(14,64%) no período. Uma das características do ciclo produtivo da cultura é a
diminuição da oferta da fruta no final do inverno e início de primavera e como
consequência um aumento nas cotações. Em particular, nesse ano alguns outros
fatores impactaram também na alta, a seca que afetou até mesmo o Vale do
Ribeira, região de maior produção de banana do Estado e o aumento de problemas
fitossanitários que afetaram o custo de produção da fruta e sua oferta. A
tendência para os próximos meses será um decréscimo na cotação mediante a
entrada da fruta proveniente de outras regiões do país. Os valores atuais estão
52,66% inferiores aos recebidos em setembro de 2016 (apesar da alta no
período), sendo a terceira maior queda nos últimos doze meses dentre os
produtos do índice. Para a carne bovina, a baixa oferta de animais
acabados para o abate, em função da baixa disponibilidade e qualidade das
pastagens e da seca severa comprometeu a principal fonte de alimentação dos
bovinos. Os valores atuais (R$144,66) pelos pecuaristas estão 3,50% inferiores
aos recebidos em setembro de 2016 (R$149,92), que apesar de negativo é a menor
retração entre os produtos analisados. Ainda em relação à carne
bovina, fatores extra (fora do) sistema produtivo, como a operação carne-fraca
da Polícia Federal e o escândalo político/financeiro envolvendo o grupo JBS
(maior indústria processadora de carne), têm influenciado consideravelmente as
cotações do boi gordo nos últimos meses, com pressão baixista, entretanto os
preços não têm caído na mesma proporção ao consumidor final e os produtores não
estão satisfeitos com este cenário e atuam no sentido de revertê-lo, assim as
variações do boi gordo têm apresentado uma amplitude maior de variação nas
cotações que a característica do setor3. Já os produtos que apresentaram as maiores quedas de
preços no período foram: batata (-22,27%), laranja para mesa (-10,70%), trigo
(-10,61%) e ovos (-7,92%) (Tabela 2). Para batata, a excelente oferta advinda das regiões
produtoras em virtude do aumento da produtividade e do auge da colheita da
safra, associada à baixa qualidade em uma parcela considerável dos tubérculos
colhidos resultaram na redução significativa dos valores recebidos pelos produtores
paulista. Os bataticultores amargaram queda de 58,62% nos preços recebidos pela
batata em relação a setembro de 2016 (R$28,26 ante aos R$68,28), que foi a
segunda maior queda nos últimos doze meses dentre os produtos do índice. A laranja de mesa sofreu queda de 10,70% em suas
cotações devido ao aumento de, oferta da fruta no mercado, a atual safra de
citros é considerada elevada, com au-mento considerável
da disponibilidade da fruta tanto para o mercado in natura quanto para moagem. Os valores atuais estão 36,58%
inferiores aos recebidos em setembro de 2016. Em resumo, dos 19 produtos analisados no mês de
setembro, 6 produtos apresentaram alta de preços (5 de origem vegetal e 1 de
animal) e outros 12 apresentaram queda (9 vegetais e 3 de origem animal) e um
não apresentou variação (origem animal: carne de frango). - ACUMULADO DOS ÚLTIMOS 12 MESES PARA
O IqPR COM CANA No período de setembro/2016 a
setembro/2017, o IqPR apresentou a maior alta no mês de março/2016 e a maior
queda em junho/2017, mesmo comportamento para o IqPR-V, o IqPR-A, teve o maior
aumento no mês de agosto/2017 e maior baixa no mês de janeiro/2017 (Figura 1). O IqPR apresentou
variações positivas nos meses de novembro/2016, fevereiro/2016 e março/2016 e
variações negativas em outubro/2016, dezembro/2016, janeiro/2017 e de abril/2017
a setembro/2017 (Figura 1). No acumulado dos
últimos 12 meses (setembro/2016 a setembro/2017), todos os índices apresentaram
variação negativa, o IqPR (geral) ficou em –7,14%, o IqPR-V (vegetal) com
–7,51% e o IqPR-A (animal) com –6,75% (Figura 2). Apesar de a maioria dos
produtos apresentarem queda no acumulado nos últimos 12 meses, o fato de a
cana-de-açúcar (que tem grande peso nos índices) ter se valorizado 0,75%
impediu uma queda mais acentuada para o IqPR e IqPR-V, já o IqPR-A por conta
das altas nos últimos dois meses fechou com valor negativo um pouco menor no
acumulado. Na figura 2, podemos perceber-se que o IqPR e o IqPR-V têm tido o
mesmo comportamento nos últimos 12 meses, alterando somente as magnitudes das
variações acumuladas, já o mesmo não ocorre com IqPR-A. Reforçando
a análise, apresenta-se a comparação dos preços de setembro/17 em relação a
setembro/16, ao relacionar os resultados das variações observa-se uma grande
discrepância (entre número de produtos com valores positivos e negativos, 4 e
15 produtos respectivamente). Apresentaram
variações positivas os produtos: algodão (6,20%), ovos (4,28%), carne suína
(1,58%) e cana-de-açúcar (0,75%) e os demais produtos perderam valor em suas cotações, que pela ordem são: feijão (-62,61%),
batata (-58,62%), banana nanica (-52,66%), amendoim (-46,51%), milho (-38,14%),
laranja para mesa (-36,58%), laranja para indústria (-31,35%), arroz (-21,39%),
carne de frango (-19,35%), soja (-15,28%), leite cru refrigerado (-14,77%),
trigo (-13,30%), café (-10,60%), tomate para mesa (-6,38%) e carne bovina
(-3,50%) (Tabela 2). As quedas observadas em quase
todos os produtos no mês de setembro estão contribuindo para manter os índices
inflacionários em um patamar baixo, o IPCA-IBGE (índice que mede a inflação
para as famílias) de setembro de 2017 subiu 0,16% e o subitem “Alimentação no
domicílio” recuou 0,74%4. ___________________________________________________ 1
A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada,
ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de
preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As
variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas
(referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a
referência = 01/09/2017 a 30/09/2017 e base = 01/08/2017 a 31/08/2017. 2Artigo completo com a metodologia: PINATTI, E. et al. Índice
quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu
comportamento em 2007. Informações
Econômicas, São Paulo, v. 38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em:
<http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573>. Acesso em: 11
out. 2017. 3PINATTI, E. Carne Bovina: comportamento dos preços de janeiro/2016 a
junho/2017. Análises e Indicadores do
Agronegócio, São Paulo, v. 12, n. 10, out. 2017. Disponível em:
<http://www.iea.sp.gov.br/out/LerTexto.php?codTexto=14350>. Acesso em: 11
out. 2017. 4INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. IPCA fica em 0,16% em setembro. Rio de
Janeiro: IBGE, 2017. Disponível em:
<https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/17082-ipca-fica-em-0-16-em-setembro.html>.
Acesso em: 11 out. 2017. Palavras-chave: IqPR, índice,
preços recebidos, índices agrícolas, variações, indicadores.
Data de Publicação: 20/10/2017
Autor(es):
Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Priscilla Rocha Silva Fagundes (prsfagundes@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Katia Nachiluk (katia.nachiluk@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor