Artigos
IqPR de junho de 2017: queda de 3,65%
O Índice de Preços Recebidos pela
Agropecuária Paulista (IqPR)1, 2, que mede a variação dos preços
recebidos pelos produtores paulistas, registrou queda (pelo segundo mês
consecutivo) de 3,65% em junho/2017 na comparação com maio/2017. O IqPR-V
(grupo de produtos de origem vegetal) e o IqPR-A (produtos de origem animal) recuaram
3,83% e 3,24%, respectivamente. Na tabela 1, são apresentadas as variações do
final de maio/2017 e das quatro quadrissemanas de junho/2017 para os índices
calculados “com a cana-de-açúcar” e “sem a cana-de-açúcar”. . Quando a cana-de-açúcar
(que em junho apresentou queda de 1,79% no preço da tonelada no campo) é
excluída do cálculo do índice na ponderação dos produtos, o IqPR (geral sem
cana) recuou 5,15%, ou seja, 1,50 ponto percentual abaixo do IqPR com cana, e o
IqPR-V sem cana variou negativamente em 7,63%, ou seja, 3,80 pontos percentuais
abaixo do IqPR-V com cana (Tabela 1). Não obstante este recuo da
cana-de-açúcar, quase todos os demais produtos vegetais tiveram quedas mais
acentuadas em suas cotações, o que puxou mais para baixo os índices sem cana. O
preço da tonelada da cana-de-açúcar continua em queda pela mesma razão do mês
anterior, ou seja, a qualidade da matéria- -prima ainda está apresentando menor
quantidade de açúcar total recuperável (ATR) por tonelada, em função das chuvas
ocorridas no mês anterior, cenário que deve mudar para os meses subsequentes
com a redução considerável das precipitações. Mesmo assim, a cana apresentou
valores superiores em 15,46% em relação ao mesmo período de 2016, consistindo
na maior alta para os produtos que compõem o índice. Os produtos do IqPR que
apresentaram elevações nas cotações do mês de junho/2017 em relação a maio/2017
foram, pela ordem: ovos (1,40%), algodão (1,10%), leite cru refrigerado
(0,47%), café (0,42%) e trigo (0,03%) (Tabela 2). Para os ovos, com oferta e demanda
ajustadas em todos os elos da cadeia de negociação, permitiu-se uma pequena
valorização nas cotações, especialmente no período de meados da 2ª semana a
meados da 4ª. Os valores atuais estão 6,99% superiores aos recebidos em junho
de 2016. Já os produtos que apresentaram as
maiores quedas de preços no período foram: laranja para mesa (-24,11%), batata
(-23,24%), tomate para mesa (-11,97%), laranja para indústria (-9,35) e carne
suína (-9,27%) (Tabela 2). Para laranja para mesa, a boa
oferta e a demanda em baixa pressionaram ainda mais os valores recebidos pelos
produtos no último período analisado. A cotação da fruta apresentou defasagem
de 10,07% em relação ao mesmo período de 2016. Para a batata, a excelente oferta
advinda das regiões produtoras, associada a uma demanda de estável a fraca,
impactou (com redução) nos valores recebidos pelos produtores paulistas. Para
os próximos meses, as expectativas são de que a oferta se mantenha elevada. Os
bataticultores amargaram redução de 74,49% nos preços recebidos pelo tubérculo
em relação a junho de 2016, que foi a maior queda nos últimos 12 meses dentre
os produtos do índice. No caso do tomate para mesa, com a
boa oferta e demanda tímida, acentuada pela qualidade aquém do desejado, houve
valores recebidos menores em comparação ao período anterior, continuando assim
a tendência de queda apresentada no mês anterior. Os valores atuais estão 6,84%
inferiores aos recebidos em junho de 2016. Em resumo, dos 19 produtos
analisados no mês de junho, 5 produtos apresentaram alta de preços (3 de origem
vegetal e 2 de animal), 13 apresentaram queda (11 vegetais e 2 de origem
animal) e um não apresentou variação (de origem animal: carne de frango). -
ACUMULADO DOS ÚLTIMOS 12 MESES No período de julho/2016 a
junho/2017, o IqPR apresentou a maior alta no mês de março/2016 e a maior queda
em junho/2017, mesmo comportamento para o IqPR-V. O IqPR-A teve o maior aumento
no mês de fevereiro/2017 e maior baixa no mês de janeiro/2017 (Figura 1). O IqPR apresentou variações
positivas nos meses de agosto a setembro/2016, novembro/2016 e fevereiro a março/2017,
e variações negativas em julho/2016, outubro/2016, dezembro/2016 a janeiro/2017
e de abril/2017 a junho/2017 (Figura 1). No acumulado dos últimos 12 meses (junho/2016 a
junho/2017), o IqPR (geral) apresenta alta de 0,32%, por conta principalmente
da valorização do IqPR-V (vegetal) que subiu 3,89%. O IqPR-A (animal)
apresentou variação negativa de 8,16% no acumulado (Tabela 1 e Figura 2). Apesar da grande maioria dos produtos apresentar
queda no acumulado nos últimos 12 meses, o fato da cana-de-açúcar (que tem
grande peso nos índices) ter se valorizado (15,46%) impediu números negativos
tanto para o IqPR quanto para o IqPR-V; já o IqPR-A, que não sofre influência
da cana-de-açúcar (afinal é um vegetal), fechou com valor negativo o período. Reforçando a análise, apresenta-se a comparação dos
preços de junho/2016 em relação a junho/2017. Ao relacionar os resultados das
variações, observa-se uma grande discrepância (entre número de produtos com
valores negativos e positivos, 15 e 3 produtos, respectivamente). Em ordem,
perderam valor em suas cotações: batata (-74,49%), feijão (-59,49%), milho
(-51,64%), amendoim (-36,86%), soja (-30,00%), banana nanica Estas quedas observadas em quase todos os produtos
estão contribuindo para manter os índices inflacionários em um patamar baixo; o
IPCA-IBGE (índice que mede a inflação para as famílias) de junho de 2017 ficou
em -0,23%, tendo o item “alimentação em casa” recuado em 0,93%3. ___________________________________________________ 1A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada,
ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de
preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As
variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas
(referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a
referência = 01/06/2017 a 30/06/2017 e base = 01/05/2017 a 31/05/2017. 2Artigo completo
com a metodologia: PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de preços recebidos
pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.
38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em:
<http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573>. Acesso em:
jul. 2017. 3PERET, E. Luz, transporte e alimentos causam primeira
deflação em 11 anos. Agência IBGE
Notícias: Rio de Janeiro, 7 jul. 2017. Disponível em: <http://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/10727-noticia-ipca.html>.
Acesso em: jul. 2017. Palavras-chave: IqPR, índice,
preços recebidos, índices agrícolas, variações, indicadores.
(-27,12%), trigo (-17,63%), carne bovina (-16,19%), arroz (-10,58%), carne de
frango
(-10,35%), laranja para mesa (-10,07%),
laranja para indústria (-9,08%), tomate para mesa (-6,84%), café (-6,78%),
carne suína (-6,10%) e algodão (-0,33%). Apresentaram variações positivas:
cana-de-açúcar (15,46%), leite cru refrigerado (8,17%) e ovos (6,99%) (Tabela
2).
Data de Publicação: 25/07/2017
Autor(es):
Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Rejane Cecília Ramos Consulte outros textos deste autor