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Evolução da Produção de Ovos no Estado de São Paulo nos Últimos Dez Anos
A
avicultura de postura no Brasil e em São Paulo, a partir de 1950, deixou suas
características de subsistência com o surgimento de sistemas de produção
voltados a atender uma demanda de consumo crescente1. Essas
características do produto, além é claro dos hábitos alimentares da população
brasileira quanto ao consumo in natura
ou em composição com outros produtos para a elaboração de pães, biscoitos e
bolos, indicam que seu crescimento e evolução são mais lentos quando comparados
à avicultura de corte, que desde o início esteve associada à produção de soja e
milho e, principalmente, ao fornecimento de proteína animal à dieta básica da
população. Novas
tecnologias foram incorporadas ao longo desses anos tanto na genética das aves
como nos insumos utilizados para sua criação e a economia de escala garantiu um
crescimento moderado, porém constante. Em vários países, o setor
tende a aumentar sua escala de produção e diminuir o número de empresas na
atividade2, o mesmo ocorre no Brasil e em São Paulo. A
produção total de ovos de galinha em São Paulo,
segundo o levantamento subjetivo IEA/CATI em 2016, foi estimada em
aproximadamente 1,06 bilhão de dúzias a partir de 49,5 milhões de poedeiras3.
Verifica-se que houve uma variação percentual de 16,2% de 2016 em relação a
2007 para o número de poedeiras e de 15,8% para a produção de ovos no mesmo
período (Tabela 1). A taxa de crescimento4 anual da
produção de ovos no período 2007 a 2016 foi de 0,96% ao ano enquanto para o
número de aves alojadas foi de 2% ao ano no mesmo período. O plantel paulista de galinhas de postura tem como característica
a condução, na sua maioria, por pequenos e médios avicultores5,
concentrados principalmente na região de Bastos. A tendência do aumento dos
índices de produtividade das poedeiras, fruto da melhoria genética nas
linhagens comerciais, não garante a permanência de pequenos produtores na
atividade. O número mínimo de poedeiras necessário para viabilizar e de certa
forma estimular o crescimento da atividade no Estado aumenta gradativamente,
eliminando grande parte dos antigos avicultores de pequeno porte. TABELA 1 – Número de Aves
de Postura e Produção de Ovos, Estado de São Paulo, 2007 a 2016 Ano Poedeiras Ovos Rendimento (ovos/cab./ano)1 2007 42.628 918.061 258 2008 42.203 1.016.810 289 2009 39.538 930.314 282 2010 48.880 1.149.003 282 2011 50.028 1.147.805 275 2012 48.422 1.131.026 280 2013 47.936 1.062.105 266 2014 47.529 1.004.673 254 2015 49.381 1.033.835 251 2016 49.521 1.063.164 258 1O rendimento por
ave tem por base o levantamento IEA/CATI que inclui toda a produção de aves de
postura, sem restrição do número mínimo de aves alojadas. As informações
levam em conta aves de grande produção e aves de pequena produção. Fonte:
INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de dados. São Paulo: IEA.
Disponível em: <http://www.iea. Em
relação à concentração do número de granjas de poedeiras, pode-se supor que o
fator escala seja a razão para que poucas empresas detenham grande parte da
oferta disponível. É importante lembrar que esta atividade é demandante de
milho e farelo de soja, produtos da composição da ração, insumo mais importante
na avicultura de corte ou de postura, que representa até 70% do custo de
produção de uma granja. O milho, principal insumo da ração, influi diretamente
tanto sobre a cadeia de frango de corte como na produção de ovos que irá pesar
em maior ou menor grau nos custos de produção, conforme sua cotação no mercado.
O equilíbrio entre oferta e demanda é assegurado com o ajuste rápido nas
granjas produtoras pela redução ou ampliação do número de aves alojadas com o
objetivo de otimizar seus resultados. A produção
brasileira de ovos, segundo o IBGE6, foi de 3,10 bilhões de dúzias
em 2016, sendo que a participação paulista nesse total é de 29,5%; cabe ressaltar que em 2007 a participação do Estado de São
Paulo era de 32,8% (Tabela 2). A evolução da produção paulista de ovos indica que mesmo com o
crescimento de seus números, sua participação no total nacional
é ligeiramente decrescente. Ainda assim, São Paulo permanece como o maior
produtor nacional. O crescimento do
consumo está baseado no período favorável à economia que o país apresentou na
última década e na disponibilidade dos principais insumos para a avicultura de
postura e de corte, explicando em parte os resultados da produção de ovos no
Estado de São Paulo. Os resultados do setor apoiam-se nas economias de escala
obtidas em grandes empreendimentos de criação, tanto no maior número de aves
alojadas como na compra de milho e soja, e na tradição paulista na produção de
ovos. Estes fatores são decisivos para o crescimento na produção, mesmo que em
menor proporção em relação aos outros Estados, e manutenção da liderança
nacional neste segmento até o momento. Ano São Paulo (A) Brasil (B) A/B (%) 2007 708.435 2.159.323 32,8 2008 723.881 2.281.541 31,7 2009 721.978 2.359.810 30,6 2010 749.651 2.457.877 30,5 2011 748.911 2.562.902 29,2 2012 789.252 2.695.476 29,3 2013 819.148 2.740.320 29,9 2014 851.318 2.825.783 30,1 2015 864.358 2.924.306 29,5 2016 914.296 3.097.287 29,5 1As informações não correspondem às
produções totais das Unidades da Federação, uma vez que são pesquisados pelo
IBGE apenas os estabelecimentos com 10.000 ou mais galinhas poedeiras. Fonte: INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Banco de dados: produção trimestral pecuária. Rio de
Janeiro: IBGE. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/>. Acesso em:
9 jun. 2017. Em resumo, o alojamento
de aves de postura e a produção de ovos de galinha nos últimos dez anos
apresentaram taxa de crescimento positiva e o Estado de São Paulo é líder
nacional nesta cadeia de produção; apesar disso, a participação percentual da
produção paulista de ovos em relação à produção nacional caiu, mesmo que
ligeiramente, neste período. Muitas questões surgem a partir do exercício de se
observar o comportamento dos números nesta cadeia de produção. A importância do
abastecimento de proteí- ____________________________________ 1FARIA, J. M. Dinâmica estrutural do setor produtivo de
ovos: uma análise a partir das empresas líderes brasileiras. 2013. 113 p.
Dissertação (Mestrado em Agronegócios) - Programa de Pós-Graduação em
Agronegócios, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013.
Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/72790/ 2Op. cit. nota 1. 3O levantamento
Subjetivo é realizado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) e Coordenadoria
de Assistência Técnica Integral (CATI), da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), nos meses de fevereiro, abril,
junho, setembro e novembro, sendo que as de junho (estimativa) e novembro
(definitiva) incluem em suas pesquisas questões sobre a produção animal do estado.
As informações levantadas são relativas à área de pastagem, número de cabeças e
produção por município, agrupadas por EDR e total do Estado de São Paulo. As
informações estão disponibilizadas no INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco
de dados. São Paulo: IEA. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov. 4RAMANATHAN, R. Introductory econometrics: with applications.
United States of America: The Dryden Press, 1998. 664 p. 5RODRIGUES, W. O. P. et al. Evolução
da avicultura de corte no Brasil. Enciclopédia
Biosfera, Goiânia, v. 10, n. 18, p. 1666-1684, 2014. 6INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Banco de dados. Rio de
Janeiro: IBGE. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/>. Acesso em:
9 jun. 2017. Palavras-chave:
evolução da produção de ovos, taxa de
crescimento, estado de São Paulo.
(1.000 cab./ano)
(1.000 dz./ano)
sp.gov.br/out/bancodedados.html>. Acesso em:
9 jun. 2017.TABELA 2 – Produção de Ovos e Participação Percentual, Estado de
São Paulo e Brasil, 2007 a 2016
(1.000 dz./ano)
na à população e à saúde financeira dessas atividades são questões de grande
importância e merecem mais estudos para que se determinem as reais causas deste
comportamento na produção e no crescimento da atividade no Estado de São
Paulo.
000885263.pdf?sequence=1>. Acesso em: jun. 2017.
br/out/bancodedados.html>. Acesso em: 9
jun. 2017.
Data de Publicação: 22/06/2017
Autor(es):
Carlos Roberto Ferreira Bueno Consulte outros textos deste autor
Carlos Nabil Ghobril (nabil@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor