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Índice de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista: alta de 3,92% em março de 2017
O Índice de Preços Recebidos pela
Agropecuária Paulista (IqPR)1, 2 (que mede a variação dos preços
recebidos pelos produtores paulistas) registrou alta de 3,92% no mês de março/2017
na comparação com o mês de fevereiro/2017. Separados por grupo de produtos,
tanto o IqPR-V (grupo de produtos de origem vegetal) quanto o IqPR-A (grupo de
produtos de origem animal) encerraram o mês positivamente, com 5,57% e 0,24%,
respectivamente. Na tabela 1 são apresentadas as variações do final de
fevereiro/2017 e das quatro quadrissemanas de março/2017 para os índices
calculados com e sem a cana- Quando a cana-de-açúcar (cuja tonelada no campo teve
alta de 3,88% em março, conforme tabela 2) é excluída do cálculo do índice na
ponderação dos produtos, o IqPR (geral sem cana) registra alta um pouco mais
acentuada de 3,94%, ou seja, 0,02 ponto percentual acima do IqPR com cana
(Tabela 1). Os produtos do IqPR que apresentaram as maiores
elevações nas cotações do mês de março/2017 em relação a fevereiro/2017 foram,
pela ordem: tomate para mesa (138,82%), feijão (24,31%) e laranja para
indústria (9,16%) (Tabela 2). Para tomate de mesa, a baixa oferta do fruto da
menor disponibilidade causada por influências climáticas aumentou os preços
recebidos pelos produtores. A produção paulista de feijão das
águas, safra 2016/2017, estimada pelo IEA em 166.676 toneladas, 35% maior do
que no ano anterior, não impediu um aumento de 25% nos preços do produto,
registrado na última quadrissemana. Isso se justifica porque o Estado de São
Paulo não é autossuficiente no abastecimento do produto, importando de outras
regiões do país, como Paraná, Minas Gerais,
Bahia, Mato Grosso e Goiás. A estimativa de fevereiro do IBGE para produção
nacional de feijão para o ano 2016/17 é de 3,8 milhões de toneladas, que, se
concretizada, será a maior dos últimos dez anos. A instabilidade do mercado de
feijão hoje ainda reflete o pior quadro vivido com a produção de 2016, de 2,9
milhões de toneladas, afetando significativamente os preços que chegaram a
patamares superiores a R$600,00 a saca. Considerando a média de preços dos
meses da safra das águas (janeiro a março) de cinco anos anteriores, excetuando
2016 (preços pressionados pela seca), a elevação de 25% nos preços recebidos
pelos produtores nesta quadrissemana encontra-se em mesmo patamar. Neste
momento, a entrada de feijão da seca (março a julho), se concretizada a
estimativa de aumento de produção nacional em aproximadamente 38% (IBGE), deverá
reduzir o patamar de preço. No caso de laranja para indústria, depois de uma
variação negativa de 22,29% no mês de fevereiro, a atual variação positiva de
9,16% entre a 4ª quadrissemana de fevereiro e a 4ª quadrissemana de março
reflete a baixa oferta de fruta principalmente com qualidade, o que afetou o
mercado. Ressalta-se que as temporãs já não eram suficientes para supri-lo, e
as precoces ainda não estavam no ponto de colheita adequado. Já os produtos que apresentaram
as maiores quedas de preços no mês de março/2017 foram: amendoim (-20,88%),
batata (-18,44%) e carne suína (-10,91%) (Tabela 2). Para amendoim, a retração nas cotações é marcada
pela entrada da colheita da safra 2016/17 que, quando comparada à anterior,
apresenta expectativa de aumento de 11% na produção, impulsionada especialmente
pelo ganho em produtividade, com reflexos nos níveis de oferta. No caso de batata, a primavera e o verão de 2016
apresentaram regimes pluviométricos no Estado de São Paulo que voltaram à
normalidade. Isso refletiu na produção de uma grande variedade de hortaliças.
Assim, os preços da batata estão menores, pois a produção tem estado plena nesta
época. Já a carne suína, que apresentou aumento significativo no período de janeiro a fevereiro, sofreu retração no período analisado (fevereiro a março), influenciado principalmente pelo recuo da demanda em virtude das informações “desastrosas” divulgadas pela operação “Carne Fraca” da Policia Federal e que foi maximizado pelos comentários, compartilhamento e sátiras tanto da impressa quanto de pessoas comuns nos meios digitais. Mais uma vez, o efeito “manada” foi verificado3, 4. Ademais, as quedas das cotações da carne suína e de bovina (redução de 2,78%) não apresentaram reações muito significativas em função dos mercados compradores estarem em compasso de espera com redução considerável nos negócios, aguardando as reações e ações dos consumidores internos e externos. Em resumo, dos 19 produtos analisados no mês de
fevereiro, 10 produtos apresentaram alta de preços (7 de origem vegetal e 3 de
animal) e 9 apresentaram queda (7 vegetais e 2 de origem animal). -
ACUMULADO DOS ÚLTIMOS 12 MESES No acumulado dos últimos 12 meses (março/2016 a março/2017),
o IqPR (geral) apresenta alta de 16,52%, por conta da
forte valorização do IqPR-V (vegetal), que subiu 23,17%. Já o IpPR-A (animal)
teve menor aceleração, 0,66% no período (Tabela 1 e Figura 1). Reforçando a análise da
comparação dos preços de março/2016 em relação a março/2017, os resultados das
variações mostram que sete produtos recuaram em suas cotações: batata
(-63,89%), milho (-28,97%), feijão (-26,98%), trigo (-13,97%), soja (-10,20%),
carne bovina (-7,93%) e carne de frango (-3,49%). O grupo de origem animal
apresentou as maiores elevações: carne suína (32,01%), leite cru resfriado
(20,08%) e ovos (9,03%). No grupo de produtos vegetais, os maiores percentuais
foram para laranja para mesa (110,80%), laranja para indústria (60,58%), banana
nanica (36,16%), arroz (24,91%), cana- -de-açúcar (24,71%), tomate para mesa
(15,28%), amendoim (9,17%), algodão (9,17%) e café (1,68%) (Tabela 2). 1A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada,
ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de
preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As
variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas
(referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a
referência = 01/03/2017 a 31/03/2017 e base = 01/02/2017
a 28/02/2016. 2Artigo
completo com a metodologia: PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de preços
recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações
Econômicas, São Paulo, v. 38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em:
<http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573>. Acesso em: abr.
2017. 3MUCHNIK,
L.; ARAL, S.; TAYLOR, S. J. Social influence Bias: a randomized experiment. Science, Washington, Vol. 341, Issue
6146, pp. 647-651, Aug. 2013. Disponível em: <http://science.sciencemag.org/content/341/6146/647>. Acesso em: abr. 2017. 4BOND,
R. M. et al. A 61-million-person experiment in social influence and political
mobilization. Nature, Vol. 489, Issue 7415, pp. 295-298, Sept.
2012. Disponível em: <http://www.nature.com/nature/journal/v489/n7415/full/nature11421.html>. Acesso em: abr. 2017. Palavras-chave: IqPR, índice,
preços recebidos, índices agrícolas, variações, indicadores.
-de-açúcar (Tabela 1).
Data de Publicação: 25/04/2017
Autor(es):
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Ana Victoria Vieira Martins Monteiro (ana.monteiro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Priscilla Rocha Silva Fagundes (prsfagundes@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Renata Martins (rmsampaio@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Waldemar Pires de Camargo Filho (camargofilho@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor