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Previsões e Estimativas das Safras Agrícolas do Estado de São Paulo, Ano Agrícola 2016/17, Fevereiro de 2017
1
– INTRODUÇÃO A Secretaria de
Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto de
Economia Agrícola (IEA) e da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral
(CATI), realizou, entre 1 a 20 de fevereiro de 2017, o levantamento das
previsões de área e produção de culturas no Estado de São Paulo referentes à
safra agrícola 2016/17, pelo método subjetivo2, e apresenta os
resultados das culturas (Tabela 1). 2
- LEVANTAMENTO FINAL DA SAFRA AGRÍCOLA 2016/17 O cultivo da batata
no Estado de São Paulo é realizado em três safras: águas (setembro a janeiro),
secas (fevereiro a junho) e de inverno (abril a setembro). No levantamento
realizado em fevereiro de 2017, foram obtidos os números finais para a batata
das águas da safra 2016/17. Os resultados registraram redução de 12,6% na área
e 10,7% na produção, em relação à safra anterior. A área ocupada passou de
7.555 para 6.605 hectares, e a produção passou de 213,2 para 190,4 mil
toneladas. A redução observada pode ser explicada pela redução dos preços
praticados no período de comercia- O cultivo do feijão é realizado em três safras: águas
(setembro a janeiro), seca (fevereiro a junho) e inverno (abril a setembro). No levantamento de fevereiro/2017, foi consolidada a
estimativa final do feijão das águas da safra 2016/17, e os resultados obtidos
apresentaram uma produção de 166,4 mil toneladas, 34,5% superior à safra
2015/16, por conta da expansão de 23,7% na área cultivada (67,8 mil hectares) e
ganhos de 8,8% na produtividade com 2.454 kg/ha. Os EDRs de Itapeva (42,3%), Avaré
(31,5%) e Itapetininga (17,9%), localizados no sudoeste do estado, são as
principais regiões produtoras e juntas concentram mais de 90% da produção
paulista. Esse aumento na exploração da cultura do feijão pode ser
atribuído, em parte, a conjuntura de mercado, quando no período de maio a
outubro de 2016, houve a alta dos preços devido à escassez do produto. Na
figura 1, nota-se que nos últimos anos houve diminuição de área e, nas duas
últimas safras, a cultura vem recuperando o espaço perdido, tanto com aumento
de área, quanto com produção e de produtividade. Em 1. 3
- ACOMPANHAMENTO SAFRA AGRÍCOLA 2016/17 3.1
– Algodão O segundo levantamento para esta cultura
aponta, em relação à safra anterior, redução de área cultivada de 16,7%, com
4,0 mil hectares. Este comportamento é coerente com a tendência de anos
anteriores, dada a diminuição da participação da cultura na produção
agropecuária do estado. A produção prevista é de 11,9 mil toneladas, 17,4%
menor que a da safra anterior. A
produtividade de 2.991 kg/ha também representa diminuição de 0,9% em comparação
à verificada em 2016. A principal região paulista é Avaré, com 39,3%
da área total do estado. As causas da diminuição decorrem da concorrência por área por parte de
cultivos mais rentáveis. 3.2
– Amendoim As estimativas para
safra das águas do amendoim apontam incremento de 6,4% na área plantada e de
11,4% na produção, como resultado do ganho de 4,7% na produtividade média. Os
índices indicam a expansão da cultura no Estado de São Paulo, com destaque para
as regiões de Presidente Prudente e Tupã. Essa dinâmica mostra-se impulsionada
pelas expectativas de mercado, especialmente as exportações e as condições
climáticas favoráveis. Para a safra de amendoim da seca, que representa em
torno de 2% da safra paulista de amendoim, as previsões apontam incremento de
36,7% na área em produção. 3.3
- Arroz As estimativas e
previsões do plantio de arroz, quando comparadas às da safra 2015/16, apontam
aumento de área de 1,6% para o plantio irrigado, e incremento de 3,9% na
produção, com destaque para os ganhos em produtividade, principalmente no EDR
de Guaratinguetá, que integra a principal região produtora de São Paulo, o Vale
do Paraíba. 3.4
– Banana Para esta cultura,
a estimativa é de uma área de 57,4 mil hectares, sendo 4,1 mil hectares de área
nova e 53,3 mil hectares com área em produção. A produtividade média estadual
esperada para a safra atual é de 21,8 t/ha e o volume total a ser produzido
deve ficar em 1,2 milhão de toneladas, 2,1% superior à safra passada. O EDR de Registro é o principal em área em
produção, com 33.970 hectares e produção estimada de 815,2 mil toneladas; os
municípios de Miracatu, Sete Barras e Eldorado são responsáveis por 50% desta
produção. Os EDRs de São Paulo (71,1 mil toneladas), Jales (35,0 mil toneladas),
Avaré (33,6 mil toneladas) e Pindamonhangaba (27,0 mil toneladas) destacam-se
na produção. 3.5
– Batata da Seca O levantamento de fevereiro é o primeiro da
batata da seca, e apresentou resultados positivos em relação à safra anterior.
A área registrada foi 15,0% superior e a produção 19,2% maior que a safra
2015/16. Neste cultivo, ao contrário do que aconteceu com a batata das águas,
na época de comercialização do produto no ano anterior, houve uma menor oferta,
o que ocasionou uma elevação dos preços praticados, estimulando o aumento da
área produtiva. 3.6
– Café Em
fevereiro de 2017, realizou-se o segundo levantamento subjetivo da safra
paulista de café arábica, prevendo-se colheita de 4,3 milhões de sacas de 60 kg
de café beneficiado (260 mil toneladas) para a safra 2016/17, representando
0,9% de queda frente à primeira estimativa de colheita realizada para a
corrente safra. Os incrementos de 14,6% na previsão de safra para o EDR de
Ourinhos (contabilizados 425,5 mil sacas) e de 2,1% no EDR de Franca (1.177,9
mil sacas) não foram suficientes para compensar a queda de 7,7% registrada no
EDR de São João da Boa Vista, que contabilizou nesse segundo levantamento
1.035,8 mil sacas. 3.7
– Cana para Indústria O
levantamento para a cultura de cana-de-açúcar destinada à indústria, realizado
em fevereiro de 2017, refere-se ao ano agrícola 2016/17. Em termos estaduais,
prevê-se tendência de queda da área nova (-5,4%), e inexpressivas oscilações na
área em produção (-0,2%). Em termos de produtividade, o estado registra 79,6 t/ha,
o que corresponde elevação de 0,8%, produzindo 442,4 milhões de toneladas; o
prognóstico é de pequeno aumento nas principais regiões produtoras. Apesar de 2016 ter sido um ano com boas condições
climáticas, o setor vem de um longo período de crise econômica,
acarretando um menor investimento na renovação de canaviais e plantio de áreas
novas. As principais regiões produtoras do estado são os EDRs de Barretos,
Orlândia, Ribeirão Preto e Jaboticabal. 3.8 – Feijão da Seca Para
o feijão da seca foram obtidas as primeiras informações da safra 2016/17. Na
comparação com a safra anterior (2015/16), as tendências são de aumentos de
7,8% de área cultivada (17,2 mil hectares), de 9,4% na produção (34,7 mil
toneladas) e de 1,5% no rendimento. 3.9
– Laranja A
primeira estimativa realizada em fevereiro de 2017 para esta cultura foi de
270,6 milhões de caixas de 40,8 kg (11.041 mil toneladas), 3,9% superior ao
obtido na safra de 2016 (260 milhões de caixas de 40,8 kg, equivalente a 10.629
mil toneladas). O clima mais ameno e úmido tem sido favorável ao desenvolvimento
das plantas, influenciando positivamente o período das floradas e do
“pegamento”. Além disso, a retomada dos investimentos em tratos culturais,
impulsionada pelos maiores preços de 2016, reforça a expectativa de aumento na
produção. Como consequência, estima-se produtividade agrícola de 26.755 kg/ha,
equivalente a 1,7 cx. de 40,8 kg/pé ou 656 cx. de 40,8 kg/ha. No
volume de caixas divulgado estão computados o volume a ser destinado ao
mercado, as caixas perdidas no processo produtivo e na colheita, bem como os
frutos provenientes de pomares não expressivos economicamente. Quanto à área total
plantada que inclui as plantas ainda não produtivas, o levantamento prevê uma
pequena redução de 0,3%, relativamente ao ano agrícola anterior. Na atual safra,
continua o decréscimo das plantas em produção, já registrado em levantamentos
anteriores, o que pode indicar a continuidade no processo de erradicação por
conta da eliminação de pomares comprometidos com a incidência de problemas
fitopatológicos, principalmente cancro cítrico e HLB (greening). A área de laranja
no estado também tem sido influenciada pelo aumento do custo de produção da
cultura e pela alta dos preços dos defensivos. Assim sendo, a área total
plantada atinge a marca de 438,4 mil hectares, para a safra 2016/17,
comparativamente à safra passada; e em aproximadamente 94,0% desta área deverá
ser feita a colheita. 3.10
– Mandioca para Indústria A redução de 3,7% na produção de mandioca industrial
da safra 2015/16, precedida de uma queda de 13% na safra 2014/15, pode ser
atribuída ao longo período de preços baixos entre os meses de março de 2014 a
julho de 2016, quando os preços começaram a se recuperar. 3.11
– Milho de 1ª safra (verão) O
mês de fevereiro traz os resultados do 2ª levantamento de milho de 1ª safra
(irrigado e não irrigado). Em relação a 2016, estima-se uma redução de 0,3% na
área em produção e um incremento na produção total de 3,3%, contabilizando uma
produtividade média de 106 sc./ha, 3,6% maior que a obtida em 2016. Os EDRs de
São João da Boa Vista, Itapeva e Itapetininga concentram aproximadamente 33,0%
da produção estadual deste produto. 3.12
Milho de 2ª safra (Safrinha) Este levantamento
traz os primeiros resultados de área e produção do milho safrinha para este
ciclo. A área destinada ao cultivo se mantém estável em relação a 2016, a
produção e a produtividade esperadas são 22,9% e 23,0% maiores do que o ano
anterior, respectivamente. Esses resultados estão atrelados às condições
climáticas favoráveis, pois o ano anterior apresentou expressiva quebra de
safra devido ao clima desfavorável. O mercado pontuado pela demanda dos
segmentos produtivos vinculados ao milho, assim como a exportação, mantém o
estímulo para a cultura. Os EDRs de Assis,
Itapeva e Ourinhos são as regiões de maior produção do estado, com 63,7% do
total produzido. Embora apresente menor produtividade em relação ao milho de 1ª
safra, a produção de milho safrinha vem avançando no estado e já se aproxima do
volume produzido na 1ª safra (Figura 2). 3.13
– Soja A produção de soja
deve ser recorde ao alcançar 2,8 milhões de toneladas, quantidade 10,3% maior
que a do ano passado. A área plantada foi de 846,8 mil hectares com aumento de
6,9%. As boas condições climáticas e a adoção de tecnologia proporcionaram
ganhos de 3,1% em produtividade, que deve ser de 3.353kg/ha. A rentabilidade
sustentada pelo mercado favorável, nacional e internacional, tem se constituído
em estímulo à expansão da sojicultura em território paulista. 3.14
– Tomate Os primeiros números da
estimativa da safra de tomate envarado (para mesa) para 2017 apontam
diminuições de 5,5% na área cultivada (9,3 mil hectares) e 4,6% na produção em
relação à safra anterior, com a previsão de serem colhidas nesta safra 697,7
mil toneladas do fruto. Já a produtividade apresenta ligeiro crescimento de
0,9% (75,1 t/ha). O EDR de Itapeva é a maior região produtora e concentra cerca
de 70% da produção no Estado de São Paulo. Para esse produto,
observa-se que cresce a utilização de cultivo protegido (estufa) com uso de
irrigação por gotejamento, que permite uma produção melhor distribuída durante
o ano, principalmente no período de inverno, quando sua produção é muito menor
e reflete com a alta dos preços da caixa de tomate nesse período. No caso do tomate rasteiro, destinado à indústria, no
primeiro levantamento da safra de 2017 as projeções foram de aumentos de 6,3%
na área cultivada e de 3,5% na produção, com previsão de 252,6 mil toneladas a
serem colhidas contra as 244,1 mil toneladas obtidas do ano de 2016. Quanto à
produtividade, observa-se queda de 2,6%. Esse resultado é inicial e pode ter
alterações, pois existe possibilidade de novos plantios em função dos contratos
entre produtores e indústrias. O Estado de São Paulo produz cerca de 12,0% do
tomate industrial no Brasil, enquanto Goiás é o maior produtor, com 85,0%. 3.15
– Trigo Para esta cultura observa-se queda de 5,6% na
área cultivada (72,0 mil hectares), com produção prevista em 213,7 mil
toneladas, 5,6% menor que a da safra anterior. Os números apurados indicam que
a redução de área e produção estimada tem relação com o comportamento de
mercado do produto na safra passada. As importações de trigo argentino, as
quedas de preços do produto no mercado interno e ausência das compras por Aquisição
do Governo Federal (AGF) justificam essa expectativa de redução de área. Caso
essa tendência se concretize, a participação do trigo no agregado de produtos
do Estado de São Paulo deve diminuir na safra 2016/17. 4
– RESULTADOS COMPLEMENTARES Resultados
complementares deste levantamento encontram-se na tabela 2 por EDR e na tabela
3 por Região Administrativa (RA) e Região Metropolitana (RM), além do total do
estado para as demais culturas na tabela 4. O próximo levantamento das safras
agrícolas do Estado de São Paulo, a ser realizado em abril, deverá trazer
informações mais precisas sobre produções e produtividades para o ano agrícola
2016/17. ____________________________________________________ 1Os autores agradecem aos técnicos do DEXTRU, das Casas de
Agricultura e diretores dos EDRs, da Coordenadoria de Assistência Técnica
Integral (CATI), pelo desempenho no levantamento. Também agradecem os
comentários dos pesquisadores do IEA: Renata Martins Sampaio, Rejane Cecília
Ramos, Katia Nachiluk, Celso Luis Rodrigues Vegro, José Roberto da Silva,
Marisa Zeferino Barbosa e Carlos
Eduardo Fredo. Também agradecem a colaboração das técnicas de apoio do CPDIEA
Talita Tavares Ferreira e Maria Cristina T. J. Rowies, da Oficial de Apoio à
Pesquisa Irene Francisca Lucatto do Departamento Administrativo e da equipe do
Núcleo de Informática para os Agronegócios do IEA. 2Entende-se por método subjetivo a coleta e sistematização
de dados fornecidos pelos técnicos da Casa de Agricultura (CATI), em função de
seu conhecimento regional e/ou da coleta de dados de forma declaratória,
fornecida pelo responsável pela unidade de produção, em cada um dos 645
municípios do Estado de São Paulo. Palavras-chave: produção, área,
estimativas de safras, Estado de São Paulo.
lização da safra passada (fevereiro de 2016). O Escritório de Desenvolvimento
Rural (EDR) de Itapetininga registrou a maior participação no estado 37,3% da
produção, seguido dos EDRs de Itapeva (20,4%) e Avaré (19,6%).
Data de Publicação: 19/04/2017
Autor(es):
Vagner Azarias Martins (vagnermartins@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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