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Viés Especulativo nos Preços Futuros do Café
Os agentes de mercado, acompanhando a sinalização
das autoridades monetárias do país, vêm antecipando a queda das taxas nominais
dos contratos de juros futuros negociados no Brasil Bolsa Balcão [B3]. Em todas as cinco médias semanais houve
mudança para baixo no patamar das curvas futuras dos contratos, indicando que
os investidores creem na efetividade da política governamental de austeridade
fiscal e controle inflacionário. Na média da quinta semana do mês de março de
2017, já se negociavam contratos de juros futuros com um dígito para a posição
de janeiro de 2018 (Figura 1).
A queda da taxa básica de juros da economia
facilitará a concessão e a tomada de crédito, dinamizando o consumo e o
investimento privado e contribuindo decisivamente para a retomada do
crescimento econômico com geração de postos de trabalho. Esse cená-rio favorece
o mercado de alimentos e bebidas, projetando a médio prazo demanda aquecida
para os itens que compõem esse gênero de mercadorias. Dois outros elementos que beneficiam a elaboração de
cenário mais positivo para a economia brasileira são alicerçados pela excelente
safra de grãos; recuperação nas cotações das commodities metálicas e petróleo; ingresso de vultoso montante
financeiro decorrente do saque das contas inativas do FGTS; redução de estoques
na indústria e aceleração do movimento de importações de bens de capital. Esse
conjunto de fatores permite inferir que haverá a melhor performance da economia brasileira em 2017. Em rumo contrário
posiciona-se a estabilidade do câmbio com viés de valorização do real não
favorece o incremento da competividade para as transações internacionais. Em março de 2017 as cotações futuras do café arábica
na Bolsa de Nova York sinalizaram movimentação baixista na comparação das
médias semanais. Na média da primeira semana, por exemplo, a posição futura de
setembro foi cotada a US$¢148,39/lbp,
reduzindo-se para US$¢143,91/lbp
na média da quinta semana, ou seja, declínio de expressivos 3,02% no período
(Figura 2).
Com a aproximação do início da colheita no Brasil,
as cotações do arábica passam a refletir essa condição de curto prazo que
consiste no incremento da oferta. Todavia, em qualquer cenário que se elabore,
tanto os estoques internacionais como o nacional encontram-se em níveis
reduzidíssimos o que provocará a partir de outubro e novembro movimentos
especulativos, com repercussões sobre a amplitude de volatilidade das cotações.
Planejar a comercialização em 2017 será uma árdua tarefa dos cafeicultores e
suas assessorias. A média dos preços recebidos pelos cafeicultores da
região de Franca levantada pelo Instituto de Economia Agrícola2 foi
de R$483,85/sc. Cotejando-se esse preço com o registrado pela média da quinta
semana para a posição de setembro de 2017 (US$¢143,91/lbp),
constata-se que não há interesse pelo hedge,
pois efetuadas as conversões e adicionando-se 20% para o diferencial frente ao
contrato C para o natural brasileiro, chega-se à cotação de R$472,07/sc.,
montante inferior ao registrado pelo físico. O ciclo é favorável ao cafeicultor
que o permite atuar de forma mais especulativa retendo percentual maior de sua
produção. Na Bolsa de Londres o mercado futuro de contratos de
café robusta exibiu movimento bastante especulativo. De qualquer modo
prevaleceu a perspectiva de que o momento é de escassez de suprimento do
produto que pode recrudescer caso se instale o fenômeno climático do “El Niño”,
oferecendo assim suporte para as cotações com média para a quarta e quinta
semanas do mês, para a posição de julho/2017 com acentuadas inclinações (Figura
3).
Posições mais adiantadas no calendário (janeiro
2018) não exibem convergências entre os investidores, com movimentos atípicos
das médias semanais. Não se deve ainda tomar em conta esse momento especulativo
pois a quantidade de contratos não é suficien- A evolução da compra e venda de contratos nas cinco
semanas do mês mostra avanço da posição vendida entre Fundos e Grandes
Investidores, denotando impressão desses agentes de que o suprimento de arábica
deverá seguir dentro da previsibilidade (Tabela 1). Se, por um lado, a situação econômica brasileira
passa a exibir momento mais favorável na direção do crescimento, por outro, no
âmbito internacional o que se observa é justamente o contrário, com redução das
expectativas de crescimento motivadas pelo recrudescimento dos obstáculos ao
comércio internacional. De alguma maneira esse fato se refletirá nos negócios
envolvendo café e, talvez, essa seja a condição que tenha tornado tão
especulativo esse mercado a partir da segunda quinzena de março. ________________________________________________- 1O autor agradece
o trabalho de sistematização do banco de dados econômicos conduzido pelo agente
de apoio à pesquisa científica e tecnológica do IEA, o analista de sistemas
Paulo Sérgio Caldeira Franco. 2INSTITUTO
DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco
de dados. São Paulo: IEA. Disponível em: <http://ciagri.iea.sp.gov.br/precosdiarios/precosdiariosrecebidos.aspx?cod_sis=6>. Acesso
em: abr. 2017. Palavras-chave: mercado futuro,
cotações de café, bolsa de mercadorias.
temente grande para firmar tendência de cotações para sinalizar o mercado.
Data de Publicação: 10/04/2017
Autor(es): Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor