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Biodiesel na Dinâmica Agroindustrial da Soja
O biodiesel é o mais recente
biocombustível vinculado a um sistema agroindustrial a compor a matriz
energética brasileira. Em 2016, a produção alcançou 3,8 milhões de metros
cúbicos, dos quais o equivalente a 69% é proveniente do óleo de soja, conforme
a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)2, 3.
A partir da visão de
sistema agroindustrial que se caracteriza pelas relações insumo-produto, como
os mercados da soja e derivados4, a produção de biodiesel é o mais novo segmento a demandar o
óleo. Inclusive, além das indústrias
do ramo energético, a própria indústria de óleos vegetais verticaliza a
produção, uma vez que 48% da capacidade das plantas do biocombustível
compreende empresas que também processam oleaginosas5. A apresentação da distribuição regional da produção
agrícola, da indústria de óleos vegetais e da produção de biodiesel contribui
para a consideração da dependência do biocombustível em relação ao sistema
agroindustrial da soja. A produção brasileira de soja em grão deve alcançar
108,4 milhões de toneladas em 2017, dos quais 45% são provenientes da região
Centro-Oeste. A região Sul ocupa a segunda colocação no ranking nacional com 35%, seguida pelas regiões Nordeste com 9%,
Sudeste com 7% e Norte com 4% (Figura 2). A capacidade instalada da indústria de óleos
vegetais totaliza 187,3 mil toneladas por dia, com a região Centro-Oeste na
liderança, responsável por 42% do total. Seguem- Com referência ao biodiesel, a capacidade instalada
das plantas industriais no país soma 20,9 mil metros cúbicos por dia e se
concentra nas regiões Centro-Oeste e Sul, onde se localizam, em cada uma, o
equivalente a 39% do total. Em seguida vêm as regiões Sudeste com 13%, a
Nordeste com 6% e a região Norte com 3% (Figura 2). O óleo bruto e o farelo de soja são produtos
homogêneos, ou seja, com pequenas possibilidades de diferenciação, o que
implica a necessidade de redução de custos opera-cionais na produção e
comercialização para o aumento da margem de lucro. Esse aspecto justifica a
proximidade da indústria de óleos vegetais com a produção agrícola. Nessa
estratégia que é prática dos oligopólios, nos quais se insere o processamento
de oleaginosas, o acesso à matéria-prima e a economia de escala constituem
fatores condicionantes da liderança das empresas6. Assim, é possível inferir sobre similaridades entre
a produção de biodiesel e demais segmentos do sistema agroindustrial da soja. O
ramo energético apresenta a mesma concentração regional que a indústria de
óleos vegetais, assim como ambos se localizam junto à sojicultura. Ademais,
metade da capacidade produtiva do biocombustível compreende empresas de óleos
vegetais. Essas características demonstram a existência de integração técnica e
de capital adequada às estratégias com vistas ao desenvolvimento do mais novo
mercado de biocombustíveis do Brasil. 1Projeto
cadastrado no SGP 3630. 2AGÊNCIA NACIONAL
DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS - ANP. Boletim mensal de
biodiesel: matérias-primas
utilizadas para produção de biodiesel. Brasília: ANP, jan. 2017. Disponível em:
<http://www.anp.gov.br>. Acesso em: mar. 2017. 3______.
Produção nacional de biodiesel puro:
B100. Brasília: ANP, 2017. Disponível em:
<http://www.anp.gov.br>. Acesso em: mar. 2017. 4MAGALHÃES, L. C.
G. de. Soja. In: GASQUES, J. G. et al. (coord.). Competitividade
de grãos e de cadeias selecionadas do agribusiness. Brasília: IPEA,
1998, p. 93-144. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br>. Acesso em: out.
2005. (Texto para discussão, n. 538). 5AGÊNCIA NACIONAL
DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS - ANP. Boletim mensal de
biodiesel: plantas de
biodiesel autorizadas para operação. Brasília: ANP, jan. 2017.
Disponível em: <http://www.anp.gov.br>. Acesso em: mar. 2017. 6CASTRO, A. C. Competitividade das indústrias de óleos
vegetais.
Campinas: UNICAMP, 1996. 128 p. (Estudo da competitividade da indústria
brasileira). Palavras-chave: biodiesel,
sistema agroindustrial, soja.
O sistema agroindustrial da soja a montante da produção
agrícola compreende os recursos naturais, tecnologia, pesquisa, extensão e
insumos necessários a obtenção da matéria-prima. A jusante tem-se a indústria
processadora do grão, produtora de farelo e de óleo. O farelo é o principal componente
proteico na fabricação de rações para a avicultura e suinocultura. Por sua vez,
o óleo bruto pode ser destinado ao refino
para posterior consumo no mercado varejista e/ou às indústrias alimentícias,
para exportação e/ou para produção de biodiesel (Figura 1).
-se as regiões Sul com 36%, a Sudeste com 13%, a Nordeste com 6% e a Norte com
3% do total (Figura 2).
Data de Publicação: 28/03/2017
Autor(es): Marisa Zeferino (marisa.zeferino@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor