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Importação Brasileira de Café Faz Oscilarem as Curvas Futuras
Sinais recentes de que a economia brasileira retoma
o crescimento econômicos se tornaram bastante consistentes no primeiro
trimestre de 2017. Os mais de R$30 bilhões a serem liberados das contas
inativas do FGTS, associados a excepcional safra agrícola e a retomada das
importações de bens de capital, formam conjuntamente elementos capazes de
oxigenar a economia, resgatando-a do processo recessivo em que se encontra. Ainda que se considere o cenário da retomada,
contrariando, porém, as expectativas, não houve arrefecimento na curva futura
das cotações do dólar na BM&F. A possibilidade de que o governo
estadunidense promova política fiscal expansionista, portanto, inflacionária, e
de que os juros básicos assumam trajetória ascendente tornam mais atraen-
Expectativas de alta para as cotações futuras do
dólar são benéficas para a rentabilidade dos cafeicultores, pois grande parte
dos insumos foi comprada com dólar mais baixo e a comercialização se dará com a
valorização daquela moeda, incrementando os reais que receberá pelo produto. A acentuada queda do índice inflacionário imprimiu
aceleração na queda da taxa de juros básicas da economia por parte da
autoridade monetária. Os investidores anteciparam essa tendência, mesmo sob o
risco de novo colapso na estrutura política, nego- O mercado futuro de arábica negociado na Bolsa de
Nova York foi fortemente influenciado pelas idas e vindas do governo brasileiro
em razão da controvérsia em torno das importações de robusta para atender a
indústria solubilizadora e de torrado e moído. Em fevereiro, após
encaminhamento favorável tanto do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA) quanto da Comitê Executivo de Gestão (GECEX), órgão da
Câmara de Comércio Exterior (CAMEX), foi suspensa pela Presidência da República
em razão da insurgência de congressistas contrários à decisão. Os investidores da Bolsa, que na primeira
semana tinham expectativas de alta para as cotações futuras, com o veto
presidencial venderam suas posições derrubando as cotações na segunda semana do
mês. Entretanto, reconhecendo que o cenário
para o suprimento global continua apertado, os investidores promoveram pequenos
ajustes altistas nas médias das semanas seguintes (Figura 3). Os contratos futuros negociados para entrega na
última semana de setembro registraram cotação média de US$¢154,28/lbp.
Efetuadas as devidas conversões e empregando a média futura das cotações do
dólar para a mesma posição, ter-se-ia R$675,44/sc. Assumindo diferencial de 25%2
para o natural brasileiro sobre o contrato em Nova York acrescido das despesas
financeiras e de logística, alcança-se valor de R$506,58/sc., montante
insuficiente para que os cafeicultores procurem o mercado futuro para proteger
sua renda, uma vez que o preço médio recebido em fevereiro pelos cafeicultores
na região de Franca, Estado de São Paulo, foi de R$505,87/sc. para o tipo 63. A mesma explicação para as oscilações nas cotações
do arábica se aplicam também ao movimento dos preços do robusta na Bolsa de
Londres. Impulsionado pela perspectiva de importação por parte do Brasil, na
média da primeira semana, houve forte elevação nas cotações. Com a suspensão da
decisão, desabam as cotações na média da segunda semana com ligeiros ajustes
altistas nas médias das semanas seguintes. Com a proximidade da colheita do
conilon brasileiro (início em maio), pode-se esperar reacomodação das cotações
em patamar inferior ao praticado nas duas últimas semanas do mês (Figura 4). A quantidade de contratos negociados na
Bolsa de Nova York respalda as hipóteses formuladas. Entre fundos e grandes
investidores, houve posição líquida cadente entre a primeira e segunda semanas
com progressiva recuperação na quarta, porém, em patamar inferior ao início do
mês. O mercado global se encontra nas vésperas de início da colheita brasileira
que, ao que tudo indica, não será volumosa, ensejando posicionamentos especulativos
para o mercado (Tabela 1). Importante trader
do mercado de café apresentou expectativa de colheita para o Brasil de 47,1
milhões de sacas, sendo 37,7 milhões de sacas de arábica e de 9,4 milhões de
sacas de conilon. Essa quantidade é bastante inferior às necessidades de
suprimento domésticaoe escoamento internacional que ronda 4,2 milhões de sacas
ao mês (verde, solúvel e T&M). Um deficit
de 2 a 3 milhões de sacas em um contexto de escassez de estoques e crescimento
da demanda global poderá fortalecer as cotações já no período de colheita,
tornando-as muito elevadas na entressafra brasileira. ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 1O autor agradece o trabalho de
sistematização do banco de dados econômicos conduzido pelo Agente de Apoio à
Pesquisa Científica e Tecnológica do IEA, o analista de sistemas Paulo Sérgio
Caldeira Franco. 2Nos 25% estimados,
somam-se: diferencial Contrato C para natural brasileiro (entre 10% e 20%),
custos de corretagem, custos de certificação de contrato e juros sobre o
depósito de margem para ajuste diário. 3INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de dados. São Paulo: IEA.
Disponível em: <http://ciagri.iea.sp.gov.br/precosdiarios/precosdiariosrecebidos.aspx?cod_sis=6>. Acesso em: mar.2017. Palavras-chave: cotações de
café, mercado de futuros, Bolsa de Valores.
te os investimentos financeiros no próprio EUA, enxugando sua oferta em outros
mercados. Os investidores da BM&F-BOVESPA, cientes dessa possibilidade,
alavancaram as cotações do dólar futuro (Figura 1).
ciando taxas futuras de apenas um dígito na quarta semana do mês (Figura 2).
Data de Publicação: 14/03/2017
Autor(es): Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor