Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro no Ano de 2016

Em 2016, as exportações1 do Estado de São Paulo somaram US$46,21 bilhões (24,9% do total nacional), e as importações2, US$51,76 bilhões (37,6% do total nacional), registrando deficit de US$5,55 bilhões. Em relação ao ano anterior, o valor das exportações paulistas aumentou 1,4% e o das importações diminuiu 18,8%, com queda no deficit comercial (Figura 1). Comparando-se 2016 com 2015, as exportações paulistas cresceram (+1,4%) enquanto as brasileiras caíram (-3,1%); nas importações, o decréscimo em São Paulo (-18,8%) foi menor do que no Brasil (-19,8%). Assim, na conjunção dos desempenhos das exportações e importações, o deficit da balança comercial paulista registrou queda de 69,0%, enquanto o superavit da balança comercial brasileira aumentou 142,3%.


 

O agronegócio3 paulista apresentou exportações crescentes (+12,8%), atingindo US$17,92 bilhões; as importações setoriais caíram (-10,0%), somando US$4,52 bilhões, resultando em um superavit de US$13,40 bilhões, o que representa aumento de 23,4% no saldo comercial do agronegócio em relação a 2015 (Figura 2). Destaque-se que as importações paulistas nos demais setores - exclusive o agronegócio - somaram US$47,24 bilhões, e as exportações US$28,29 bilhões, gerando um deficit externo desse agregado de US$18,95 bilhões em 2016. Assim, conclui-se que o comércio exterior paulista seria bem mais deficitário não fosse o desempenho do agronegócio estadual.



 

Os cinco principais grupos nas exportações do agronegócio paulista, em 2016, foram: complexo sucroalcooleiro (US$7,78 bilhões, com as exportações de álcool representando 11,0% desse total); carnes (US$2,01 bilhões, em que a carne bovina respondeu por 79,4%); sucos (US$1,81 bilhão, dos quais 98,1% referentes a sucos de laranja); produtos florestais (US$1,52 bilhão); e complexo soja (US$1,34 bilhão). Esses cinco agregados representaram 80,7% das vendas externas setoriais paulistas (Tabela 1).

Tiveram crescimento, na comparação do ano de 2016 com o de 2015, as exportações paulistas de: pescados (+140,1%); animais vivos (+46,2%); complexo sucroalcooleiro (+43,4%); produtos hortícolas, leguminosas, raízes e tubérculos (+37,0%); produtos apícolas (+30,1%); demais produtos de origem vegetal (+18,2%); frutas (+5,5%); rações para animais (+2,8%); fibras e produtos têxteis (+1,5%); complexo soja (+1,3%); e sucos (+0,9%). Houve redução nas demais4, ou seja: demais produtos de origem animal (-0,1%); produtos alimentícios diversos (-0,4%); carnes (-1,0%); chá, mate e especiarias (-3,1%); bebidas

(-4,6%); café (-6,7%); cacau e seus produtos (-8,9%); produtos florestais (-9,5%); produtos oleaginosos (-12,2%); couros, produtos de couro e peleteria (-13,9%); plantas vivas e produtos de floricultura (-15,0%); lácteos (-15,5%); e cereais, farinhas e preparações (-42,7%) (Tabela 1).




 

A participação das exportações do agronegócio paulista no total do estado aumentou 4,0 pontos percentuais, enquanto a participação das importações aumentou 0,8 ponto percentual, na comparação dos anos de 2015 e 2016 (Figura 3).

A balança comercial brasileira registrou superavit de US$47,69 bilhões em 2016, com exportações de US$185,24 bilhões e importações de US$137,55 bilhões. O superavit comercial ocorreu em função de queda nas importações (-19,8%), bem maior do que a das exportações (-3,1%) (Figura 4).

Em 2016, as exportações do agronegócio brasileiro diminuíram 3,7% em relação ao ano anterior, atingindo US$84,93 bilhões (45,8% do total). Já as importações do setor subiram 4,3%, também na comparação com o ano de 2015, somando US$13,63 bilhões (9,9% do total). O superavit do agronegócio no período foi de US$71,30 bilhões, 5,1% inferior ao do ano passado (Figura 5). Portanto, o comércio exterior brasileiro só não foi deficitário devido ao desempenho do agronegócio, uma vez que os demais setores, com exportações US$100,31 bilhões e importações de US$123,92 bilhões, produziram no período um deficit de US$23,61 bilhões.



Os cinco principais grupos do agronegócio brasileiro nas exportações do ano de 2016 foram: complexo soja (US$25,42 bilhões); carnes (US$14,21 bilhões); complexo sucroalcooleiro (US$11,34 bilhões); produtos florestais (US$10,24 bilhões); e café (US$5,47 bilhões). Esses cinco agregados responderam por 78,5% das vendas externas do agronegócio nacional (Tabela 2).

Na comparação com o ano de 2015, aumentaram as exportações de: complexo sucroalcooleiro (+32,9%); produtos apícolas (+11,2%); demais produtos de origem vegetal (+9,6%); rações para animais (+8,0%); pescados (+7,3%); cacau e seus produtos (+4,1%); sucos (+2,7%); produtos alimentícios diversos (+2,3%); e animais vivos (+2,0%). Diminuíram as exportações de: lácteos (-47,4%); cereais, farinhas e preparações (-27,7%); bebidas
(-23,5%); produtos oleaginosos (-23,1%); chá, mate e especiarias (-22,6%); plantas vivas e produtos de floricultura (-21,1%); produtos hortícolas, leguminosas, raízes e tubérculos
(-17,5%); café (-11,2%); complexo soja (-9,1%); couros, produtos de couro e peleteria
(-7,8%); fibras e produtos têxteis (-5,1%); frutas (-4,1%); carnes (-3,5%); fumo e seus produtos (-2,9%); produtos florestais (-0,9%); e demais produtos de origem animal (-0,9%) (Tabela 2).

A participação do agronegócio no total do país diminuiu 0,4 ponto percentual nas exportações, e aumentou 2,3 pontos percentuais nas importações (Figura 6).

 

A participação paulista no total da balança comercial brasileira subiu em termos das exportações (+1,1 ponto percentual) e também das importações (+0,4 ponto percentual) (Figura 7).


 

Em relação ao agronegócio brasileiro, as exportações setoriais de São Paulo no ano de 2016 representaram 21,1%, ou seja, mais 3,1 pontos percentuais que em 2015, enquanto as importações representaram 33,2%, sendo 5,2 pontos percentuais inferiores à representatividade verificada no ano anterior (Figura 8).

As participações das exportações do agronegócio paulista destacaram-se nos grupos de: sucos (85,9% do total nacional); produtos alimentícios diversos (75,2%); complexo sucroalcooleiro (68,6%); plantas vivas e produtos de floricultura (60,1%); demais produtos de origem vegetal (55,0%); produtos oleaginosos (43,5%); demais produtos de origem animal (42,9%); rações para animais (40,1%); animais vivos (30,2%); lácteos (30,2%); produtos apícolas (29,9%); e bebidas (26,3% do total nacional) (Tabela 3).


 

Em relação ao ano anterior, sobressaíram-se os aumentos nas participações das exportações do agronegócio de São Paulo nos grupos: lácteos (+11,4 pontos percentuais); animais vivos (+9,1 pontos percentuais); produtos hortícolas, leguminosas, raízes e tubérculos (+8,8 pontos percentuais); produtos oleaginosos (+5,4 pontos percentuais); bebidas (+5,2 pontos percentuais); e complexo sucroalcooleiro (+5,0 pontos percentuais). Já as maiores quedas ocorreram nas participações dos grupos: produtos alimentícios diversos
(-2,1 pontos percentuais); rações para animais (-2,0 pontos percentuais); cacau e seus produtos (-1,6 pontos percentuais); sucos (-1,5 ponto percentual); e couros, produtos de couro e peleteria (-1,5 ponto percentual) (Tabela 3).
 

 

 

1Estado produtor (unidade da Federação exportadora), para efeito de divulgação estatística de exportação, é aquela onde foram cultivados os produtos agrícolas, extraídos os minerais ou fabricados os bens manufaturados, total ou parcialmente. Neste último caso, o estado produtor é aquele no qual foi completada a última fase do processo de fabricação para que o produto adote sua forma final.

 

2Estado importador (unidade da Federação importadora) é definido como aquela do domicílio fiscal do importador.

 

3Os grupos de produtos do agronegócio podem ser vistos em: MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO - MAPA. Agrostat. Brasília: MAPA. Disponível em: <http://agrostat2.agricultura.gov.br/index.
htm>. Acesso em: jan. 2017.

 

4Desconsiderando-se fumo e seus produtos (sem exportações no período de janeiro a dezembro de 2016). 

 

Palavras-chave: agronegócio, balança comercial, exportações, importações.


Data de Publicação: 17/01/2017

Autor(es): José Roberto Vicente (jrvicente@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor