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Previsões e Estimativas das Safras Agrícolas do Estado de São Paulo, Intenção de Plantio do Ano Agricola 2016/17, e Levantamento Final Ano Agrícola 2015/16, Setembro de 2016
1 – INTRODUÇÃO A Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto de Economia
Agrícola (IEA) e da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI),
realizou entre 1 e 21 de setembro de 2016 o
primeiro levantamento para a safra agrícola 2016/17 que sinaliza a provável
área a ser plantada, em hectares, pelos agricultores do Estado de São Paulo. Os
dados foram obtidos pelo método subjetivo²,
que consolida e sistematiza as informações fornecidas pelos técnicos das Casas
de Agricultura nos 645 municípios paulistas. Ainda neste levantamento, foram
obtidos números finais da safra agrícola 2015/16 para as culturas de inverno,
café e banana, assim como o levantamento que antecede a previsão final para as
culturas de cana-de-açúcar e laranja. 2
- INTENÇÃO DE PLANTIO SAFRA 2016/17 Para
os sete principais produtos do plantio das águas da safra 2016/17 da
agricultura paulista, o levantamento de setembro de 2016, quando comparado ao
ano agrícola 2015/16, indica expansão de 5,0% na área cultivada, totalizando
1,54 milhão de hectares (Tabela 1). Desse total a ser plantado, a principal
cultura é a soja com previsão de 856,00 mil ha, 2,5% maior que a safra
anterior. Em seguida está a primeira safra de milho com 469,62 mil ha, área
6,4% superior que a safra passada. Para o amendoim das águas são 116,72 mil ha,
acréscimo de 4,6%, estendido também ao feijão das águas, com crescimento
significativo de 31,3%, que, se confirmado, poderá ultrapassar 72,01 mil ha
nesse plantio. Também são esperados aumentos na área plantada de batata das
águas (8,5%), resultando em 8,19 mil ha e de 33% no cultivo do algodão (6,38
mil ha). As
estimativas de aumento da área plantada com grãos no Estado de São Paulo
poderão elevar a participação paulista na oferta brasileira desses produtos
que, com exceção do amendoim, mostra-se moderada no contexto nacional. Essa
nova expectativa poderá dinamizar a economia
de importantes regiões e atividades
inseridas nas cadeias agroindustriais
vinculadas ao mercado de grãos, farelos e óleos vegetais, assim como de
proteínas animais. 2.1
- Algodão A expectativa é de elevação de 33,0% para a área ser
plantada, totalizando 6,38 mil ha, impulsionada, principalmente, pelo avanço do
cultivo no Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) de Avaré. A confirmação
dessa estimativa poderá resultar na inversão da tendência de retração na
atividade algodoeira paulista verificada nos últimos anos. 2.2
- Amendoim das Águas Para
o amendoim,
a comparação entre as estimativas de intenção de plantio da safra das águas 2016/17 e a safra passada aponta aumento de 4,6% na área plantada, que totaliza 116,72 mil ha, com destaque
para o EDR de Tupã. Essa
expectativa alinha-se ao cenário de expansão da atividade construído nos
últimos anos e à dinâmica de alta dos preços, impulsionados pelas condições favoráveis do mercado externo. Em
2015, as exportações de amendoim descascado foram 52% superiores às registradas
no ano anterior. A tendência de alta é mantida em 2016, e o período de janeiro a
setembro apresenta incremento de 28% nos volumes registrados no mesmo período
de 2015. Já as exportações de óleo bruto apontam retração de 11% para o mesmo
período, um indicativo da importância na manutenção dos padrões
de qualidade para o mercado in natura.
2.3 - Arroz Para a cultura do arroz de sequeiro, várzea e irrigado, o
levantamento da intenção de plantio da safra 2016/17 indica
expansão de 2,5% na área cultivada, prevista em
11,12 mil ha. Desse total, 75% corresponde ao sistema irrigado de plantio,
adotado na região do Vale do Paraíba, especialmente nos EDRs de Guaratinguetá e
Pindamonhangaba, que apresentam condições de produção favoráveis ao cultivo de
arroz. Assim, espera-se que o próximo levantamento de informações indique uma
expansão ainda maior para a cultura.
2.4
- Batata das Águas A
estimativa inicial do cultivo da batata das águas da safra 2016/17, quando
comparada à safra anterior, apresenta aumento de 8,5% na área cultivada e total
de 8,19 mil ha. Cabe destacar que cerca de 80% da safra das águas é cultivada
nas regiões sul e sudoeste do Estado de São Paulo, com destaque para as
regionais de Avaré e Itapetininga, que representam, cada uma, 30% do total
plantado, seguidas das regionais de Itapeva com 16% e Sorocaba com 6%, conforme
a figura 1 que apresenta a distribuição regional de área cultivada com a batata
das águas para a safra 2015/16. 2.5 - Feijão das Águas O levantamento de setembro traz a intenção de
plantio de feijão das águas para o Estado de São Paulo. Os dados indicam área a
ser cultivada de 72,01 mil ha, 31,3% superior à área plantada na safra passada
e 27% acima da média dos últimos cinco anos. Resultado alinhado ao
comportamento do mercado de feijão, que nos últimos meses registrou aumento
expressivo de preços em resposta à queda na oferta do produto. A redução dos
níveis de oferta está vinculada à queda na produção envolvendo fatores climáticos,
estiagem e geada, que comprometeram a produtividade, especialmente do plantio
de inverno, assim como a redução da área plantada do feijão da seca. 2.6
- Milho (Primeira Safra) A soma da área destinada ao plantio irrigado e não
irrigado da primeira safra de milho 2016/17, indicada no levantamento de
intenção de plantio, resulta no aumento 6,4% em comparação à safra anterior,
chegando a 469,62 mil ha. A confirmação dessa expectativa poderá incrementar a
quantidade produzida e amenizar os efeitos da escassez do produto no último ano
agrícola. 2.7
- Soja (Primeira Safra) A comparação da safra 2015/16 com o levantamento de
setembro de 2016/17 indica aumento de 3,0% na área plantada do cultivo
convencional, atingindo 815,77 mil ha, e, para o sistema irrigado, retração de
6,2% na área plantada, estimada inicialmente em 40,22 mil ha. O investimento no
plantio de soja vincula-se às expectativas positivas na formação de preços nas
bolsas internacionais para os produtos e atividades relacionadas a essa commodity. As informações sobre a
intenção de plantio estão disponibilizadas por EDR na tabela 5 e por Região
Administrativa (RA) na tabela 8, e o próximo
levantamento, novembro de 2016, caracterizará com maior precisão os resultados
de área, produção e produtividade dessas lavouras no Estado de São Paulo. 3 – PREVISÕES DA SAFRA AGRÍCOLA PARA
CANA-DE-AÇÚCAR, CEBOLAS E LARANJA, SAFRA 2015/16 O levantamento
de setembro de 2016 traz estimativas preliminares que antecedem o final da
safra paulista de 2015/16 para as culturas da cana-de-açúcar, cebola de muda e
plantio direto e da laranja (Tabela 2). 3.1 – Cana-de-açúcar O 4º levantamento da safra 2016
de cana-de-açúcar no Estado de São Paulo aponta que, em relação ao mesmo
levantamento do ano de 2015 houve queda de 9,1% na área nova e de 1,0% na área
em produção, praticamente estável. A produção de 437,7 milhões de toneladas
manteve-se estável, frente ao incremento de 0,3% em relação à safra 2014/15. Já
a produtividade registra aumento de 1,3%, ficando em 78,86 t/ha, um indicativo
do impacto do endividamento do setor nos últimos anos e da consequente retração
dos investimentos na produção agrícola com comprometimento dos níveis de
produtividade. 3.2
- Cebola de Muda e Plantio Direto A produção de cebola em
São Paulo é realizada em três cultivos: bulbinhos ou soqueira, com safra
encerrada em junho, além da cebola de muda e plantio direto com encerramento no
mês de novembro. Assim, a comparação dos resultados parciais de 2016 em relação
a 2015 indica que a cebola de muda apresenta incremento de 11,0% tanto na área
cultivada, estimada em 2,62 mil ha, quanto na produção esperada, em torno de
94,69 mil t, registrando produtividade média de 36.153 kg/ha. Para o cultivo de
cebola em plantio direto na palha, a área plantada de 2,60 mil ha aponta
crescimento de 3,2% em relação ao ano anterior, enquanto a produção total
deverá ser maior em 13,9%, com 138,39 mil t a serem colhidas. Essa expectativa
de incremento de 10,3% na produtividade média (53.208 kg/ha) está relacionada
às boas condições climáticas na época do plantio e do desenvolvimento da
cultura. 3.3
– Laranja Para a safra em curso, a quantidade
total prevista para a cultura da laranja, decorrente do levantamento realizado
no campo em setembro de 2016, atingiu 285,0 milhões de caixas de 40,8 kg, 3,5%
inferior ao obtido na safra de 2015 (295,364 milhões de caixas de 40,8 kg).
Esses números incluem tanto as frutas comerciais (indústria e mesa) quanto os
frutos provenientes de pomares não expressivos economicamente e as perdas
relativas ao processo produtivo e de colheita. A estimativa da produção efetiva
será conhecida por meio do levantamento feito no campo em novembro. Quanto à área total plantada
(que inclui área com plantas ainda em formação), o levantamento prevê queda de
3,1% na área cultivada, relativamente ao ano agrícola anterior. Na atual safra,
continua o decréscimo das plantas em produção, já registrado em levantamentos
anteriores, o que pode indicar a continuidade no processo de erradicação, por
conta da eliminação de pomares comprometidos com a incidência de problemas
fitopatológicos, principalmente cancro cítrico e HLB (greening). Contudo, a
presente safra mostra novos plantios em regionais como Barretos, Catanduva,
Limeira, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto. Assim sendo, a área total
plantada, para a safra atual, atinge a marca de 457,1 mil ha, sendo que em
93,3% desta área deverá ser realizada a colheita. Não obstante, fatos como a
disseminação mais intensa dos problemas fitopatológicos (em especial cancro
cítrico e HLB - greening), agravados
pelo aumento do custo de produção da cultura e aliados à alta dos preços dos
defensivos, poderão contribuir para a diminuição da área de citros no estado. Cabe destacar que os números do
levantamento de setembro de 2016 que antecede a previsão final da safra 2015/16
para as culturas acima estão disponibilizados por EDR na tabela 6 e por RA na
tabela 9. 4
- ESTIMATIVAS FINAIS DA SAFRA 2015/16 Na pesquisa efetuada em
setembro foram também obtidos números finais da safra agrícola 2015/16 para as
culturas de inverno (batata e feijão), da banana, café, milho da segunda safra,
trigo e triticale, disponíveis na tabela 3 para o total do estado. 4.1
– Banana A estimativa final da safra 2015/16 da bananicultura
apontou redução de 1,3% na área cultivada em relação à safra passada,
totalizando 57,94 mil ha. Esses resultados refletem aumento de 2,0% na área
nova (4.412 ha) e redução de 1,5% (53.525 ha) na área em produção. Foram
observadas perdas de 1,4% na produção final de 1,14 milhão de t de bananas
colhidas, com produtividade de 21.280 kg/ha, praticamente a mesma média
registrada na safra 2014/15. O
EDR de Registro representa a maior
região produtora de banana no Estado de São Paulo com produção de quase 800 mil
t, seguido pelos EDRs de São Paulo (63 mil t), Jales (39 mil t), Avaré e
Pindamonhangaba com 30 mil t cada (Figura 2). . 4.2
- Batata de Inverno Os resultados finais da batata de inverno da safra
2015/16, na comparação com a safra anterior, apontaram para aumentos de 5,1%
área cultivada (11,93 mil ha) e de 5,2% na produção estimada de 338,27 mil t. Já
a produtividade média registrada de 28,36 t/ha é a mesma verificada no período
anterior. 4.3
- Café O levantamento final de safra de café, conduzido em
setembro de 2016, ratificou colheita de quantidade recorde no estado,
ultrapassando o patamar de 6 milhões de sacas (364,26 mil t), 48,6% superior em
relação à safra 2014/15 e ganhos de produtividade de 48,7% (1.814 kg/ha). Esse
montante concede bom fluxo de suprimento tanto para a indústria torrefadora
quanto para o comércio internacional concentrado no porto de Santos, condição
essa que se reveste de importância estratégica tendo em vista o colapso no
suprimento de café conillon. A confirmação da safra recorde de café no Estado
de São Paulo atende às necessidades de suprimento em matéria-prima para a
indústria torrefadora com excedentes para a exportação. Na figura 3 é apresentada
a distribuição da produção de café por regional (EDRs) para a safra atual. 4.4
- Feijão de Inverno O levantamento final de
feijão de inverno (incluindo o
irrigado) da safra 2015/16 estimou uma produção de 66,4 mil t, apenas 0,5%
maior que a safra anterior, reflexo das ocorrências de geadas que causou perdas
de 4,8% na produtividade, uma vez que a área cultivada cresceu 5,5% (29,59 mil
ha). Esse aumento de área cultivada ocorreu com o plantio mais tardio, não
detectado no levantamento realizado no campo em junho de 2016, e pode ser
atribuído à conjuntura de mercado do feijão com preços elevados e baixa oferta.
4.5
- Milho Safrinha Os números finais do milho safrinha confirmam a
queda de produção e produtividade desta cultura devido à estiagem ocorrida na
segunda quinzena de junho que se estendeu durante o mês de julho. Apesar do
significativo aumento de área (17,9%) ocorrido nesta safra, houve redução de
8,9% na quantidade produzida com produtividade média de 66,2 sc./ha, redução de
22,7%. Essas variações se referem ao comparativo com a safra anterior (Tabela
4). Em termos de área em produção e volume produzido, os
EDRs mais importantes para a cultura do milho safrinha são Assis, Itapeva e
Ourinhos, que juntos equivalem a quase 61% da área estadual destinada à cultura
e a 58,2% da produção em 2016. 4.6 - Trigo e Triticale A safra 2016 da produção paulista de trigo estimada
em 226,33 mil t reflete queda de 5,3% na quantidade alcançada, comparativamente
à safra anterior. Esse resultado é decorrente tanto da redução de 2,5 % na área
cultivada quanto da queda de 3,0% na produtividade média, em razão de períodos
de estiagem e geadas. Esse cenário já era esperado por ocasião da época de
plantio, uma vez que as expectativas sobre o comportamento do mercado de trigo
não eram favoráveis por conta do volume recorde dos estoques internacionais e
do incremento de produção argentina, acompanhada da desoneração das suas
exportações, associadas aos elevados preços do milho da segunda safra
(safrinha), cultura que compete por área com o trigo. O triticale, plantado na mesma época do trigo, é uma
cultura mais rústica e, portanto, com custo de produção menor. Contudo, seu
preço é inferior ao do trigo e é destinada mais para arraçoamento animal. A
área cultivada com esse cereal, híbrido de trigo com centeio, em São Paulo,
representa em média 10% da área cultivada com trigo. O levantamento de
setembro, quando comparado à safra anterior, apresenta crescimento de 15,8% na
área plantada e 25,2% na quantidade produzida impulsionada, principalmente,
pela atual conjuntura do mercado de milho e suas relações com a produção
animal. As informações finais
da safra 2015/16 também estão disponibilizadas na tabela 7 por EDR e na tabela
10 por RA. ___________________________________________________ 1Os autores
agradecem aos técnicos do DEXTRU, das Casas de Agricultura e diretores dos EDRs,
da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) pelo desempenho no
levantamento. Agradecem também as contribuições dos pesquisadores científicos
José Roberto da Silva (feijão, mandioca, trigo e triticale), Maximiliano Miura (milho)
Katia Nachiluk e Rejane Cecília Ramos (cana-de-açúcar), Renata Martins Sampaio (amendoim),
Waldemar Pires Camargo Filho (cebola e batata) e Celso Luis Rodrigues Vegro (café),
da técnica de apoio do CPDIEA Talita Tavares Ferreira, de Irene Francisca
Lucatto do Departamento Administrativo e da equipe do Núcleo de Informática
para os Agronegócios do IEA. 2Entende-se por
método subjetivo a coleta e sistematização de dados fornecidos pelos técnicos
da Casa de Agricultura, em função de seu conhecimento regional e/ou da coleta
de dados de forma declaratória, fornecida pelo responsável pela unidade de
produção. Palavras-chave: previsão de
safras, área e produção, Estado de São Paulo, estatísticas agrícolas, intenção
de plantio, safra agrícola 2016/17
Data de Publicação: 16/11/2016
Autor(es):
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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