Pesquisadora apresenta custos de produção de seringueira no IEA

Marli Dias Mascarenhas Oliveira, pesquisadora da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, que atua no Instituto de Economia Agrícola (IEA), apresentou, no dia 24 de agosto, a palestra “Custo de Produção e Rentabilidade da Cultura da Seringueira em São Paulo”. O trabalho, realizado em parceria com a Câmara Setorial de Borracha Natural, tem como objetivo proporcionar elementos decisórios, por meio da análise de rentabilidade, com diferentes produtividades e preços recebidos pelos produtores.

De acordo com a pesquisadora, o incremento do plantio da seringueira teve início a partir da década de 1980. Os Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDRs) de São José do Rio Preto, General Salgado e Barretos concentram mais de 55% da produção total do Estado de São Paulo. Sendo que, os dois primeiros têm a borracha entre os cinco produtos de maior valor da produção agropecuária (VPA), conforme estimado pelo IEA, em 2015.

O período de glória da cultura no estado, ocorreu no início da década de 1980, quando os preços da borracha natural apresentaram um ciclo de forte crescimento, tendo, em 2011, atingido o pico de R$ 6,00/kg. Porém, três anos depois, a trajetória se inverteu e o produto amargou perdas de mais de 50%, atingindo patamares ainda mais baixos, em torno de R$ 1,71/kg, movimento que, segundo a pesquisadora, pode ser creditado a vários fatores, entre eles: a crise imobiliária dos Estados Unidos, que, em 2010, contaminou os países europeus; menores compras de borracha pela China, provocando o aumento dos estoques mundiais; e a pressão baixista derivada do aumento da produção na Tailândia.

Nesse contexto, em que os produtores não têm ingerência sobre a formação de preços, é fundamental compreender como se formam os custos de produção e ajustar a produtividade. “É preciso comparar os custos diretos e indiretos, conhecer o peso de cada item na formação dos custos de produção para custos indiretos o ideal é fazer uma poupança para que, no final da vida útil da planta ou de uma máquina, o produtor tenha o capital necessário para substituir”, afirmou Marli Mascarenhas, lembrando que o preço ideal seria aquele que cobrisse os custos de produção e sobrasse para remunerar o empresário e outros custos fixos.

Luciano Della Nina, presidente da Câmara Setorial de Borracha Natural, afirmou que o Estado de São Paulo tem uma ótima produtividade. Mas, enfrenta uma competição desleal com os produtos estrangeiros. “A indústria adora a borracha nacional, compra tudo o que se produz, mas, a preços da Bolsa da Tailândia. Lá eles derrubam floresta, aqui a gente planta em área de pasto degradado. Não temos mão-de-obra escrava”, afirmou.

Para o presidente da Câmara Setorial, a análise de mercado realizada pela pesquisadora é um argumento consistente para sensibilizar setores do Poder Público. “O trabalho da pesquisadora Marli é extremamente importante em termos de Políticas Públicas. No Brasil, poderiam ser adotadas duas medidas que ajudariam a superar essa maré que estamos enfrentando: uma delas é o aumento do imposto desses 2/3 de borracha que o País importa e a segunda, que é quase instantânea, é a elevação do preço básico da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), que trabalha com valores subestimados, esse trabalho já demonstra onde está o ponto de equilíbrio”, concluiu.

Marli lembrou que a região noroeste do Estado de São Paulo, que apresenta a maior concentração da cultura, é essencialmente agrícola. Se essa atividade for afetada, ressaltou, é possível que todo o ciclo comercial e agroindustrial também o seja, o que pode comprometer diretamente a economia local e os processos de geração de emprego e renda, uma vez que “a seringueira é a segunda mais importante, dentre as culturas permanentes, demandando 9,7 equivalentes-homens-ano (EHA) a cada 100 hectares colhidos. Esta cultura perde apenas para o Café (14,8 EHA), superando a Laranja (4,9 EHA) e o que resta da colheita manual da Cana-de-Açúcar (4,2EHA) ”, destacou a pesquisadora.

O evento integrou a programação do Ciclo de Seminários Estudos IEA, iniciativa que visa disseminar à sociedade e debater o conhecimento gerado pela pesquisa científica em prol do desenvolvimento do setor agropecuário.

Por: Nara Guimarães

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Assessoria de Comunicação
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo

(11) 5067-0069

Data de Publicação: 26/08/2016

Autor(es): Instituto de Economia Agrícola (iea@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor