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Preços Agropecuários Explodem com Alta de 5,12% em Junho de 2016
O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela
Agropecuária Paulista (IqPR)1, 2, que mede a variação dos preços
recebidos pelos produtores paulistas, encerrou o mês de junho de 2016 com uma
forte alta de 5,12% na comparação com o mês anterior, puxado principalmente
pelos reajustes dos preços do feijão. Na decomposição dos grupos de produtos, o
IqPR-V (produtos de origem vegetal) fechou em 4,54% e o IqPR-A (produtos de
origem animal) registrou forte valorização de 6,86% (Tabela 1). Na tabela 1, são apresentados os
resultados das variações dos índices entre a última semana de maio/2016 e as
quadrissemanas de junho/2016. Nesse período, o IqPR subiu 2,13 pontos
percentuais em relação ao mês anterior; e nas 4 quadrissemanas do mês de maio,
as variações tiveram também comportamento crescente, passando de 3,58% na
primeira semana para 5,12% na última. Quando a cana-de-açúcar (que em junho teve alta no
preço da tonelada no campo de 1,92%) é excluída do cálculo do índice na ponderação
dos produtos, o IqPR (geral sem cana) registra alta de 8,59%, 3,47 pontos
percentuais acima do IqPR com cana. Isoladamente, os produtos vegetais
analisados (sem a inclusão da cana) tiveram variação positiva de 10,45% (Tabela
1). Numa perspectiva preocupante de encarecimento da
cesta de alimentos e de seu impacto direto na inflação brasileira, 10 dos 19
produtos analisados no IqPR apresentaram elevações acima de 10% nas cotações do
mês de junho/2016 em relação a maio/2016: feijão
(102,88%), banana nanica (63,67%), batata (32,63%), amendoim (26,18%), carne
suína (23,10%), arroz (16,04%), soja (14,27%), carne de frango (11,55%),
ovos (11,18%) e leite cru resfriado (10,34%) (Tabela 2). No caso do feijão, essa variação deve ser vista com
cautela, pois há pouco produto novo sob posse dos produtores, significando que
a maioria dos produtores não está se beneficiando com os altos preços
praticados. Isso aconteceu devido a diminuição em 30% da área cultivada com o
feijão do período da seca no Estado de São Paulo. Soma-se nesse processo a
menor produção nos Estados do Paraná e Minas Gerais por causa do clima. Vale destacar que todos os produtos de origem animal
fecharam o mês de junho em alta, o que pode ser atribuído em parte ao
encarecimento das rações para alimentação dos animais (aves e suínos) e em
forma de suplemento para as vacas leiteiras, que teve as pastagens prejudicadas
pelo clima, num processo de calor e seca em abril e pelo período de final de
outono e início do inverno (menor exposição do sol) com ocorrências de geadas.
Esses fatores contribuíram para elevação dos preços dessas carnes e do leite. Os produtos que apresentaram quedas de preços no mês
de junho/2016 foram: laranja para indústria (5,42%), tomate para mesa (3,18%) e
laranja para mesa (1,27%) (Tabela 2). Em resumo, no mês de junho/2016, 16 produtos
apresentaram alta de preços (11 de origem vegetal e todos 5 de origem animal) e
apenas 3 apresentaram queda (todos de origem vegetal) (Tabela 2). ACUMULADO
DOS ÚLTIMOS 12 MESES No acumulado dos últimos 12 meses (junho/2015 a
junho/2016), os três índices apurados (IqPR, IqPR-V e IqPR-A) registraram altas
nas variações e fecharam, respectivamente, em 28,07%, 32,05% e 15,26% (Tabela 1
e Figura 1). Retirado o produto cana-de-açúcar
(cujo valor da tonelada no campo teve variação positiva de 16,64% na comparação
com maio de 2015), os índices acumulados encerraram o último mês de 2016 com
valorizações maiores: o IqPR (sem cana) vai para 41,00%, enquanto o IqPR-V (sem
cana) sobe para 72,36%. Esses números mostram que, no acumulado destes 12
meses, grande parte dos produtos vegetais teve variações em seus preços bem
maiores do que o da cana-de-açúcar (Tabela 1), puxados principalmente pela
batata, laranja para indústria, milho, amendoim, algodão e soja. Na figura 1, observam-se as
variações acumuladas mensalmente dos três índices (IqPR, IqPR-V e IqPR-A). De
um modo geral, apresentam praticamente o mesmo comportamento com crescimentos
de junho/2015 até o mês de março/2016, que em parte é reflexo da desvalorização
do real frente ao dólar, o que por um lado amplia o mercado interno de produtos
para exportação, e por outro encarece os custos de produção com uso de insumos
importados. Fatores como aumento dos combustíveis e tarifas de energia elétrica
também contribuíram no aumento dos custos que foram repassados para os
produtos. Para o mês de abril/2016, nota-se certa estabilidade no IqPR e, a
partir do mês de maio/2016, houve forte elevação puxada principalmente pelos
produtos vegetais e com a recuperação dos produtos de origem animal no mês de
junho/2016. Comparando os preços entre junho/2016 e junho/2015,
apenas o tomate para mesa (-35,61%) apresentou queda em suas cotações. Com
altas significativas, batata (126,82%), milho (113,29%), amendoim (108,71%),
banana nanica (93,83%), soja (40,40%), ovos (37,96%), algodão (32,09%), trigo
(31,33%), arroz (29,17%), leite cru resfriado (25,26%), laranja para mesa
(23,75%), cana-de-açúcar (16,64%), carne suína (14,44%) e carne de frango
(13,47%) subiram acima do Índice de Preços Pagos pelos Produtores (IPP),
calculado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) nos últimos 12 meses (alta
de 14,20%)3. Abaixo do
patamar desse indicador que indica os reajustes dos custos de produção, estão
as variações das seguintes culturas: café (11,36%) e carne bovina
(6,00%) (Tabela 2). A laranja para indústria e o feijão estão sem a
variação anual por estarem sem cotações no mês de junho do ano passado. ________________________________________________ 1A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada,
ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de
preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As
variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas
(referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a
referência = 01/06/2016 a 30/06/2016 e base = 01/05/2016 a 31/05/2016. 2Artigo completo
com a metodologia. PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de preços recebidos
pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.
38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em:
<http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573>. Acesso em: jul.
2016. 3O Índice de Preços Pagos pelos Produtores (IPP) consiste em uma
medida de caráter geral das variações nos preços dos insumos e serviços
comprados pelos agricultores. Ele é composto por produtos de natureza
industrial (como adubos, defensivos, vacinas, medicamentos, combustíveis,
lubrificantes e outros), produtos de natureza agrícola (como sementes, mudas e
adubos vegetais e animais), máquinas e equipamentos. Palavras-chave: IqPR, índice,
preços agrícolas, variações, indicadores, índices, preços pagos.
Data de Publicação: 19/07/2016
Autor(es):
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor