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Preços do Feijão Carioquinha Disparam
Este artigo tem por objetivo apresentar
avaliação conjuntural sobre previsão de safra e preços no mercado paulista de
feijão. O levantamento de previsão e estimativas de
safras de abril, realizado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA)1
e pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), apresenta entre
outros produtos as estimativas de área e produção de feijão da seca e de
inverno irrigado e sem irrigação em São Paulo. A queda na área
cultivada com feijão da seca em São Paulo (32,8%) e na produção (31,2%), na
safra 2015/16, reflete a diminuição drástica de área em 3 das 4 principais
regiões produtoras em relação ao ano anterior: São João da Boa Vista, Itapeva e
Itapetininga, o que não foi compensado mesmo com a previsão de aumento de área
e produção em 11 regiões do estado. Entre as maiores produtoras, apenas a região
de Avaré acusa aumento de área e produção prevista. Confirmado esse resultado,
haverá um ligeiro incremento na produtividade do feijão da seca. É importante
ressaltar que cerca de 75,0% da safra já encontrava-se colhida até o momento do
levantamento. O próximo levantamento previsto para junho mostrará os efeitos
das chuvas que ocorreram a partir de abril, bem como das geadas a partir de
junho, e o quanto terão afetado a safra em final de colheita. Esses eventos
implicam em impacto na oferta neste momento, mesmo que a safra de feijão da
seca corresponda a pouco mais de 20% da produção paulista anual de feijão. No caso do feijão
de inverno, este é o primeiro levantamento da safra e mostra para a produção
irrigada uma ligeira queda na área (3,4%) e um pequeno incremento da produção
(0,8%). Para Andradina, Assis, Avaré e General Salgado, a previsão é de aumento
de produção e área, mas o destaque de incremento para o feijão de inverno fica
com a região de Itapeva, que havia sofrido drástica redução de área no plantio
do feijão da seca, e que, sem o cultivo de inverno no ano anterior, tem uma
previsão de 600 hectares para a safra 2015/16. Das outras 11 principais regiões
produtoras na safra passada de inverno, em 6 o levantamento acusou decréscimo
de produção e área. Os resultados da produção para o total do estado dependem
da manutenção da produtividade prevista com estes dados de 45,7 sc./ha. Para o feijão de
inverno sem irrigação, a previsão é de um aumento de área na ordem de 4,9% e de
produção em torno de 14,0%. Este aumento de área pode ser entendido como
resposta, mesmo que pequena, ao comportamento de preço do produto, em elevação.
A produtividade também aponta para a tendência de crescimento, atingindo 28,3 sc./ha.
Áreas que poderiam ter sido ocupadas com feijão de inverno não foram devido ao
atraso ocorrido no plantio da soja, em áreas cujo cultivo precede o de feijão. Ao comparar os
dados da safra de inverno, com sistemas que utilizam tecnologias diferentes, é
importante notar que diversas regiões apontam para mudança de sistema em parte
das áreas dedicadas a este cultivo. O mesmo produtor tem a
possibilidade de adotar uma ou outra tecnologia em função das condições
climáticas e de mercado, conforme sua avaliação, como, por exemplo, Andradina e General Salgado, onde houve
incremento da área irrigada e perda de área sem irrigação; Avaré e Itapeva,
regiões grandes produtoras, aumentam a área com as duas tecnologias, enquanto
em Ourinhos caiu a área irrigada e aumentou a área sem irrigação. Ao final, a safra
de inverno, somados os dois sistemas, apresenta decréscimo de área de 1,2% e
aumento de produção de 3,1%. A expectativa que esta previsão oferece é
positiva, uma vez que na safra da seca houve queda de produção e a de inverno
representa algo em torno de 30% do total produzido anualmente no Estado de São
Paulo. Contudo, a ocorrência de geadas no segundo final de semana deste mês
deve afetar a produção paulista e de outros estados atingidos pelo evento
climático, revertendo esta expectativa. Quanto ao
comportamento dos preços do produto, de acordo com o último relatório semanal
de feijão da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), analisando o mercado
nacional, os preços recebidos pelos produtores encontram-se em patamares
elevados nos principais estados produtores, o mesmo ocorrendo em nível de
atacado. Os
levantamentos de preços do IEA também mostram que os mesmos encontram-se em patamares altos e em elevação nos três
níveis de comercialização no estado, e os preços nominais recebidos pelos
produtores paulistas2, no mês de maio de 2016 (R$234,48/sc. 60 kg),
estão 7,6% maiores que os do mês anterior (R$217,91/sc. 60 kg) e 26,0% maiores
que os do mesmo período do ano passado (R$185,63/sc. 60 kg). Em termos
constantes, em reais de maio de 2016 (IGP-DI), essas variações são mais
atenuadas, 6,42% em relação ao mês anterior e 13,5% relativamente ao ano
passado (Figura 1). Aliada à redução da
produção paulista de feijão da seca, a perspectiva de quebra da safra dos dois
principais estados produtores de feijão, Paraná e Minas Gerais, em decorrência
de excesso de chuva e geadas, também está pressionando os preços do produto. No atacado e no
varejo da cidade de São Paulo, o movimento é o mesmo. Preços do atacado
variaram no mesmo período em 12,0% e 63,0% relativamente ao mês anterior e há
um ano, por sc. 60 kg, a saber: R$270,75, R$231,39 e R$116,75. O levantamento de
preços diários do IEA3 mostra que o mercado está firme nesse início
de junho. O preço de atacado do dia 08/06/2016 foi de R$ 500,00/sc. 60 kg,
comparativamente ao preço médio de maio, de R$270,75/sc. 60 kg, uma diferença
de 85,0% e um acréscimo de 328,0%, em relação a maio de 2015 (R$116,75/sc. 60
kg). No varejo, o preço
médio de maio, de R$6,40/kg esteve 2,1% maior que os R$6,23/kg do mês anterior
e 38% maior que os R$4,65/kg verificados em maio de 2015. A tendência de alta
no varejo confirma-se com o levantamento de preços da primeira semana de junho
(entre os dias 1 e 9), no qual o valor médio foi de R$7,56, acréscimo de
18,12%. O aumento dos
preços no atacado deve repercutir nos preços de varejo, mas com intensidade que
dependerá das opções adotadas no mercado. As margens de incremento do preço
possíveis na conjuntura econômica atual dependem do poder de compra do
consumidor. O feijão preto não sofre a mesma pressão nos preços, sendo uma
alternativa de consumo, mas o mercado varejista é que definirá a forma de lidar
com a pressão dos níveis anteriores do produto. As geadas nas áreas
produtoras sujeitas ao fenômeno já se iniciaram no segundo final de semana de
junho e devem alterar positivamente, ainda mais, os preços nos três níveis de
comercialização, refletindo um cenário de falta de produto por parte dos
ofertantes habituais. 1INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de dados. São Paulo: IEA.
Disponível em: <http://www. 2O preço do feijão ao
produtor considera o produto novo, recém-colhido, reflete e as condições das
ofertas no mercado quanto a quantidade, qualidade e estoques, além dos fatores
conjunturais econômicos e ainda climáticos que possam afetar a colheita e ou
qualidade do produto ofertado nas regiões produtoras. 3Op. cit. nota 1. Palavras-chave: feijão, mercado,
preços.
iea.sp.gov.br/out/bancodedados.html>. Acesso em: jun. 2016.
Data de Publicação: 15/06/2016
Autor(es):
Ana Victória Vieira M. Monteiro Consulte outros textos deste autor
José Roberto Da Silva (josersilva@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor