Artigos
Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista: alta de 1,45% em fevereiro de 2016
O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1, 2 (que mede a variação dos preços recebidos pelos produtores paulistas) encerrou o mês de fevereiro de 2016 com alta de 1,45% na comparação com o mês anterior. Na decomposição dos grupos de produtos, o IqPR-V (produtos de origem vegetal) e o IqPR-A (produtos de origem animal) fecharam respectivamente com altas de 1,22% e 2,14% (Tabela 1). Na tabela 1 é apresentado o comportamento da variação dos índices entre a última semana de janeiro de 2016 até a última semana de fevereiro. Nesse período, o IqPR cresceu 0,46 ponto percentual em relação ao mês anterior e nas quadrissemanas de fevereiro as variações ficaram praticamente estáveis com leve recuo no final do mês (passando de 1,72% na primeira semana para o 1,45% na última). Notam-se também comportamentos distintos para os índices de origem vegetal e animal, com o IqPR-V, de um lado, apresentando desaceleração (de 2,97% na primeira quadrissemana passa para um fechamento mensal de 1,22%) e o IqPR-A, que por outro lado teve aceleração em suas variações quadrissemanais puxadas pelos ovos e carne bovina. Quando a cana-de-açúcar (que em fevereiro teve alta na tonelada no campo de 4,24%) é excluída do cálculo do índice na ponderação dos produtos, o IqPR (geral sem cana) registra queda de 1,56%, 3 pontos percentual abaixo do IqPR com cana. Isolaladamente, os produtos vegetais analisados tiveram variação de -5,55% (Tabela 1). Os produtos do IqPR que apresentaram elevações nas cotações do mês de fevereiro/2016 em relação a janeiro/2016 foram, pela ordem: ovos (19,26%), arroz (10,51%), algodão (6,86%), milho (6,83%), cana-de-açúcar (4,24%), carne bovina (2,23%), feijão (1,69%), laranja para mesa (1,64%), café (0,55%) e leite (0,29%) (Tabela 2). No caso dos ovos, o reajuste da demanda existente nesse período religioso da quaresma (quando muitos os consomem como fonte de proteína substituta das carnes) justifica a enorme elevação dos preços recebidos pelos granjeiros. A queda na produção de arroz dos principais Estados produtores (Rio Grande do Sul e Santa Catarina) adicionada ao reajuste na exportação foram os principais motivos do aumento do preço recebido pelos rizicultores paulistas, principalmente na região do Vale do Paraíba, que é a maior região produtora no Estado de São Paulo. Já os produtos que apresentaram quedas de preços no mês de fevereiro/2016 foram: tomate para mesa (29,98%), laranja para indústria (14,83%), carne suína (14,65%), batata (9,19%), banana (8,92%), amendoim (4,75%), carne de frango (4,70%), trigo (3,34%) e soja (1,31%) (Tabela 2). Sobre o tomate para mesa, a maior oferta do produto na primeira quinzena de fevereiro e a baixa qualidade do fruto ocasionada pelo excesso de chuvas contribuíram para a queda nas cotações durante o mês. No caso da laranja para indústria, a qualidade inferior da fruta na região de Jaboticabal (região de coleta de preços) puxou as cotações para baixo. Já as carnes suína e de frango tiveram queda nas cotações em fevereiro/2016 devido à menor demanda no mercado interno, que pode ser explicada pelo período da quaresma (quando se consome menos carne), pela perda do poder aquisitivo da população e pelo desemprego (que segundo o IBGE superou os 8% da população economicamente ativa nesse início de ano)3. Daí que, mesmo com as exportações tendo atingido volumes mais elevados que em 2015 para o primeiro bimestre (Tabela 3), o aumento da produção acima dessas demandas desajustou o equilíbrio entre a oferta e a procura, causando descenso nos preços recebidos pelos granjeiros de suínos e aves para corte. Em resumo, no mês de fevereiro/2016, dez produtos apresentaram alta de preços (sete de origem vegetal e três de animal) e nove apresentaram queda (sete vegetais e dois de origem animal) (Tabela 2). ACUMULADO DOS ÚLTIMOS 12 MESES No acumulado dos últimos 12 meses (fevereiro/2015 a fevereiro/2016), os três índices apurados (IqPR, IqPR-V e IqPR-A) registram altas nas variações e fecharam, respectivamente, em 17,30%, 18,48% e 13,42% (Tabela 1 e Figura 1). Retirado o produto cana-de-açúcar (cujo valor da tonelada cana campo teve variação positiva de 13,74% na comparação com fevereiro de 2015), os índices acumulados encerraram fevereiro de 2016 com valorizações maiores: o IqPR (sem cana) vai para 20,72%, enquanto o IqPR-V (sem cana) sobe para 27,85%. Esses números realçam que grande parte dos produtos vegetais tiveram seus preços com variações bem maiores do que a cana no acumulado destes 12 meses (Figura 1). Comparando os preços entre fevereiro/16 e fevereiro/15, apenas a carne suína (-6,14%) apresentou queda em suas cotações. Com altas significativas, milho (59,51%), algodão (53,47%), banana nanica (48,30%), feijão (46,70%), ovos (36,28%), trigo (35,62%), soja (29,59%), laranja para indústria (25,35%), amendoim (23,89%) e carne de frango (14,20%) subiram acima do Índice de Preços Pagos pelos Produtores (IPP) calculado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) nos últimos 12 meses (alta de 14,01%)4. Abaixo do patamar desse indicador que indica os reajustes dos custos de produção, estão as variações das seguintes culturas: cana-de-açúcar (13,74%), arroz (11,31%), leite cru resfriado (9,97%), laranja para mesa (8,29%), batata (7,98%), carne bovina (7,11%), café (6,97%) e tomate para mesa (5,73%). ________________________________________________________ 1A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/02/2016 a 29/02/2016 e base = 01/01/2016 a 31/01/2016. 2Artigo completo com a metodologia. PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v. 38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573>. Acesso em: mar. 2016. 3INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. PNAD contínua: taxa de desocupação foi de 9,0% no quarto trimestre de 2015 e média do ano fecha em 8,5%. Rio de Janeiro: IBGE, 2016. Disponível em: <http://saladeimprensa.ibge.gov.br/noticias?view=noticia&id=1&busca=1&idnoticia=3122>. Acesso em: 15 mar. 2016. 4O Índice de Preços Pagos pelos Produtores (IPP) consiste em uma medida de caráter geral das variações nos preços dos insumos e serviços comprados pelos agricultores. Ele é composto por produtos de natureza industrial (como adubos, defensivos, vacinas, medicamentos, combustíveis, lubrificantes e outros), produtos de natureza agrícola (como sementes, mudas e adubos vegetais e animais), máquinas e equipamentos. Palavras-chave: IqPR, índice, preços agrícolas, variações, indicadores, exportação de carnes.
Data de Publicação: 21/03/2016
Autor(es):
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor