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Previsões e Estimativas das Safras Agrícolas do Estado de São Paulo, Ano Agrícola 2015/16, Fevereiro de 2016
1
– INTRODUÇÃO A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de
São Paulo, por meio do Instituto de Economia Agrícola (IEA) e da Coordenadoria
de Assistência Técnica Integral (CATI), realizou, entre 2 e 26 de fevereiro de
2016, o levantamento das previsões de área e produção de culturas no Estado de
São Paulo referentes à safra agrícola 2015/16, pelo método subjetivo2,
e apresenta os resultados das principais culturas (Tabela 1) de maior expressão
econômica. Este levantamento
disponibiliza os números finais para as culturas da batata e do feijão das
safras das águas, e o acompanhamento das demais culturas, para o ano agrícola
2015/16. 2 - ACOMPANHAMENTO SAFRA AGRÍCOLA 2015/16 2.1 - Algodão A cultura do algodão no Estado de
São Paulo aponta aumento de área cultivada de 14,7%, com 5,3 mil hectares,
comportamento contrário de anos anteriores. A produção é prevista em 14,5 mil
toneladas, 4,3% maior que a da safra anterior. As principais regiões produtoras
no Estado de São Paulo em termos de área são, na ordem, os Escritórios de Desenvolvimento
Rurais (EDRs) de Avaré (25,0%), Presidente Prudente (23,0%) e Itapeva (15,0%).
Os EDRs de Limeira, São José do Rio Preto, Presidente Venceslau e Itapetininga
participam, em média, com 9,0% cada um. 2.2 - Amendoim O terceiro levantamento
da previsão de safra 2015/2016 para o amendoim das águas, quando comparado à
safra 2014/15, mantém a estimativa
de aumento de 7,2%
na produção, resultado dos
incrementos
em área e em produtividade,
num cenário econômico impulsionado pelas exportações. Já a segunda safra, ou
plantio da seca, a previsão indica redução de 51,8% na área plantada e de 45,0% de
produção, embora preveja
ganhos de produtividade da ordem de 14,2%.
As reduções de plantio são mais expressivas na região oeste do estado (Marília, Tupã e Assis). Essas estimativas iniciais, para a safra da seca,
poderão sofrer ajustes no
próximo levantamento, porém, reforça a tendência de retração desse plantio
registrada nos últimos anos. 2.3 - Arroz Os dados para a cultura do arroz
(sequeiro, várzea e irrigado), resultantes do terceiro levantamento para a
safra 2015/16, confirmam diminuições na área de 11,1% e na produção de 6,1%,
com volume total a ser colhido de 59,9 mil toneladas, e ganhos de 5,6% na produtividade. A principal região produtora no Estado de
São Paulo é o Vale do Paraíba (formada pelos EDRs de Guaratinguetá e
Pindamonhangaba), que representa pouco mais de 60,0% da área cultivada, seguida
pelos EDRs de Itapeva (11,9%), Registro (11,1%) e Assis (5,7%). 2.4 - Banana A bananicultura no Estado de São Paulo, em fevereiro
de 2016 (segunda estimativa de safra), ocupa área de 57,1 mil hectares, sendo
4,6 mil hectares de área nova e 52,5 mil hectares com área em produção. A
produtividade média estadual esperada para a safra atual é de 21,1 t/ha e o
volume total a ser produzido deve ficar em 1,106 milhão de toneladas, 4,2%
inferior à safra passada. O EDR de Jales possui a maior área nova do produto
com 1.190 hectares, estando, em sua maioria, nos municípios de Pontalinda,
Santa Fé do Sul, Aparecida D’Oeste, São Francisco e Urânia. Por sua vez, o EDR
de Registro é o principal em área em produção com 32.974 hectares e produção
estimada de 770,9 mil toneladas, e os municípios de Eldorado, Sete Barras e
Miracatu são responsáveis por 50% desta produção. 2.5 - Batata O cultivo da
batata no Estado de São Paulo é realizado em três safras: águas (setembro a janeiro), secas (fevereiro
a junho) e de inverno (abril a setembro). Nesse
levantamento, foram obtidos os números finais da batata das águas da safra
2015/16, registrando aumento de 13,2% na área cultivada (7,6 mil hectares) em
relação à safra anterior. O volume produzido de 213,2 mil toneladas cresceu
32,9%, com ganhos de 17,4% na produtividade (28,2 t/ha). Os resultados
positivos para esta safra tiveram a colaboração do fator clima que favoreceu a
cultura, diferente da safra passada. A produção paulista da
safra das águas foi cultivada em 10 dos 40 EDRs, sendo que 87,6% da produção está
concentrada em quatro regionais no estado: Itapetininga (39,4%), Itapeva
(20,9%), Avaré (19,5%) e São João da Boa Vista (7,8%). O mesmo
ocorre para a batata da seca, quando as previsões iniciais são de aumentos de
4,8% na área cultivada (8,9 mil hectares) e de 13,0% na produção (272,2 mil
toneladas), reflexo da maior produtividade esperada (7,8%), na comparação com a
safra 2014/15. 2.6 - Café Em fevereiro de 2016,
conduziu-se o segundo levantamento subjetivo da safra paulista de café arábica.
A consolidação das informações coletadas pelos técnicos das Casas de
Agricultura do Estado de São Paulo indica que a safra 2015/16 (produção) –
2016/17 (comercial) poderá atingir 5,57 milhões de sacas de café beneficiado
(equivalente a 334,4 mil toneladas). Tal quantidade a ser colhida não era
registrada no estado desde os anos 1970, constituindo-se assim em recorde de
produção no período recente. Entre a estimativa final em
setembro de 2015 e a previsão atual, surpreendentemente, a área em produção
exibiu expansão, apenas na margem, com incremento de 0,46%. A forte alavancagem
da produção paulista decorre da expressiva recuperação das lavouras no EDR de
Franca que abrange 13 municípios. Em Franca, Jeriquara, Ribeirão Corrente e São
José da Bela Vista, territórios circunscritos no mencionado EDR, as
produtividades médias devem atingir 40 sc./ha. No conjunto da regional, a
estimativa de colheita alcançou 2,18 milhões de sacas (39,1% do total
estadual), representando salto de 116,4% frente ao fechamento da safra anterior
na região. O clima favorável às lavouras, resultante da vigência do fenômeno El
Niño, contribuiu para que se registrasse salto de 19,8% na colheita esperada do
EDR de São João da Boa Vista e de 7,4% no EDR de Marília, ambos contribuindo
para a expansão da colheita no estado. 2.7 - Cana Os primeiros números para a safra agrícola 2015/16
da cana-de-açúcar estimam, em termos estaduais, pequena queda na área plantada
em 1,0% (sendo 5,0% na área nova e 0,6% na área em produção), aumentos na
produção de 1,2% (441,7 milhões de toneladas) e na produtividade de 1,8%, em
relação a 2014/15. A ocorrência de chuvas dentro das médias históricas no
período contribui para o desenvolvimento do plantio e da soca; assim, o quadro,
em termos de rendimento, mostra-se mais promissor para a atual safra que o da
anterior, quando a cultura sofreu sérios prejuízos em determinadas regiões do
estado, devido aos baixos índices pluviométricos registrados. As tendências
observadas ora apresentadas poderão ser alteradas no decorrer da safra. 2.8 - Feijão No levantamento de fevereiro, foram consolidados os números finais da
safra 2015/16 para o feijão das águas. A produção estimada ficou em 123,7 mil
toneladas, 27,4% maior em relação à safra passada, reflexo dos aumentos da área
cultivada (18,5%) e da produtividade (7,5%) com 2.256 kg/ha. Os EDRs de Itapeva (43,8%) e Avaré (34,8%) são as
principais regiões produtoras, que juntas representam 78,6% da produção
paulista. Para o
feijão da seca, nesse levantamento, foram obtidas as primeiras informações da
safra 2015/16; as previsões são de retração de 8,4% de área cultivada (18,4 mil
hectares) e queda de 5,3% na produção na comparação com a safra 2014/15, apesar
do provável aumento de 3,4% da produtividade (2 mil kg/ha). 2.9 - Laranja Para a safra em curso, o volume
total previsto para a cultura da laranja, decorrente do levantamento realizado
no campo em fevereiro de 2016, foi de 299,1 milhões de caixas de 40,8 kg
(12.202,9 mil toneladas), 1,3% superior ao obtido na safra de 2015 (295,4
milhões de caixas de 40,8 kg, equivalente a 12.051 mil toneladas). Esses números incluem tanto as
frutas comerciais quanto os frutos provenientes de pomares não expressivos
economicamente, e as perdas relativas ao processo produtivo e às de colheita. As condições climáticas - maior
índice pluviométrico e aumento da temperatura, pouco acima da média do ano - colaboraram
para o desenvolvimento da cultura, que levou a ganhos de produtividade da ordem
de 3,8%. Estima-se produtividade agrícola de 28.262 kg/ha, equivalente a 1,89
cx. 40,8 kg/pé ou 693 cx. 40,8kg/ha. Quanto à área total plantada (que inclui área com
plantas ainda não produtivas), o levantamento prevê menor área cultivada
(2,1%), relativamente ao ano agrícola anterior. Na atual safra, continua o
decréscimo das plantas em produção, já registrado em levantamentos anteriores,
levando à dedução da continuidade no processo de erradicação, por conta da
eliminação de pomares comprometidos com a incidência de problemas
fitopatológicos, principalmente o cancro cítrico e o HLB (greening). Contudo, este levantamento mostra novos plantios em
regionais como Avaré, Catanduva, Itapeva, Lins, Mogi Mirim, São João da Boa
Vista e São José do Rio Preto. Assim sendo, a área total plantada atinge a
marca de 461,6 mil hectares para a atual safra, e em 93,5% dela deverá ser
feita a colheita. Não obstante, fatos como a disseminação mais intensa dos
problemas fitopatológicos (em especial cancro cítrico e HLB - greening), agravados pelo aumento do
custo de produção da cultura e aliado à alta dos preços dos defensivos, poderão
contribuir para a diminuição da área de citros no estado. As floradas ocorridas em agosto e
setembro de 2015 na maioria das regiões do Estado foram boas, e as condições
climáticas favoreceram o pegamento das flores, dando indícios positivos para a
atual safra. Contudo, devido à continuidade
do fenômeno El Niño, em meados de
outubro, as elevadas temperaturas causaram abortamento significativo de
chumbinhos (alguns já com tamanho semelhante ao de uma azeitona) e, praticamente,
não houve novas floradas. Além
disso, as constantes chuvas ocasionadas em algumas regiões pelo mesmo fenômeno
poderão influenciar negativamente a nova temporada (2016). 2.10 - Mandioca As previsões iniciais
para mandioca para indústria apontam um cultivo de 50,5 mil hectares (área nova
e em produção), o que representa diminuição de 12,7%, resultando em um volume a
ser produzido de 1,0 milhão de toneladas, 10,7% menor em relação à safra
anterior. Essa redução é reflexo dos baixos preços vigentes no ano de 2015,
face a regularização da produção nas diversas regiões produtoras do país,
notadamente no Nordeste. O mesmo pode-se dizer com relação ao
cultivo de mandioca de mesa. Estimam-se reduções de 2,7% na área total
cultivada e de 4,7% na produção, quando deverão ser produzidas 227,1 mil
toneladas da raiz. Os próximos levantamentos devem trazer números mais efetivos
para esta safra. 2.11 - Milho Em relação à cultura do milho de
1ª safra que inclui as áreas irrigadas e sem irrigação, observa-se uma redução
de área de 3,5%. No entanto, a produtividade registra elevação em 5,6%, com
aumento de produção de 1,9%, em relação ao ano de 2015. Esses resultados são
favorecidos pela boa condição climática observada no período. Em relação ao
mercado, observa-se situação propícia ao produtor, tanto em relação ao preço
influenciado pela cotação elevada do dólar, quanto em relação ao baixo volume
do produto em estoque. Os EDR’s de Itapetininga e São João da Boa Vista
concentram aproximadamente 25% do volume de produção de milho de 1ª safra no Estado
de São Paulo. Para o milho da 2ª safra (safrinha), os primeiros
resultados apontam, comparativamente à safra passada, redução de 1,7% na
produtividade. Contudo, o volume a ser produzido está previsto em 10,4%
superior, por conta de ganhos de área plantada da ordem de 12,3%. 2.12 – Soja O levantamento de
fevereiro, terceiro da safra de soja 2015/16, mostra crescimento de 6,7% de
área cultivada e 18,3% na produção, devendo se situar, portanto, em 808,7 mil
hectares e 2,64 milhões de toneladas do grão no Estado de São Paulo. A
produtividade esperada aponta incremento de 10,9% (3.261 kg/ha), em relação à
safra 2014/15, reflexo das melhores condições climáticas. 2.13 - Tomate As primeiras estimativas da safra de tomate de
mesa (envarado) para 2016 apresentam diminuições de 4,9% da área frente à safra
passada, com 7,8 mil hectares cultivados e da produção com 4,8% e estabilidade
na produtividade, situando-se ao redor de 73,7 t/ha. O Estado de São Paulo
contribui com cerca de 25% do tomate para mesa no Brasil e Minas Gerais com
20,0%, sendo os principais produtores do fruto para consumo in natura. No caso do tomate para indústria (rasteiro), os números desse
levantamento indicam reduções de 18,8% na área cultivada e de 17,4% na
produção, enquanto a produtividade apresenta crescimento de 2,0%. Porém, esse
comportamento de queda deve ser visto com cautela, pois, após a época do
levantamento, há possibilidade de novos plantios em função dos contratos entre
produtores e indústrias. O Estado de São Paulo produz cerca de 12,0% do tomate
industrial no Brasil, enquanto Goiás é o maior produtor, com cerca de 85,0%. 2.14 - Trigo Os primeiros números da safra paulista de trigo
indicam queda de 18,3% na área cultivada (63,9 mil hectares). Supõe-se que tal
resultado seja em função dos elevados preços do milho, seu principal
concorrente por área. Fatores como estoques recordes internacionais de trigo e
mudanças na política de exportação do cereal pelo governo argentino também
imprimem uma perspectiva pouco alvissareira para a comercialização da próxima
safra do grão3. 3 – RESULTADOS COMPLEMENTARES Resultados complementares deste levantamento encontram-se na
tabela 2 por Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) e na tabela 3 por Região
Administrativa (RA), além do total do estado para as demais culturas na tabela
4. O próximo levantamento das safras agrícolas do Estado de São Paulo, a ser
realizado em abril, deverá trazer informações mais precisas sobre produções e
produtividades para o ano agrícola 2015/16. _________________________________________________ 1Os autores
agradecem aos técnicos do DEXTRU, das Casas de Agricultura e diretores dos
EDRs, da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), pelo desempenho
no levantamento. Também agradecem os comentários dos pesquisadores do CPDEEA do
IEA, a colaboração dos técnicos de apoio do CPDIEA Getúlio Benjamin da Silva,
Talita Tavares Ferreira e Maria Cristina T. J. Rowies, da estagiária Maristela
Maria da Silva, de Irene Francisca Lucatto do Departamento Administrativo e da
equipe do Núcleo de Informática para os Agronegócios do IEA. 2Entende-se por
método subjetivo a coleta e sistematização de dados fornecidos pelos técnicos
da Casa de Agricultura (CATI), em função de seu conhecimento regional e/ou da
coleta de dados de forma declaratória, fornecida pelo responsável pela unidade
de produção, em cada um dos 645 municípios do Estado de São Paulo. 3SILVA, J. R. da. Mercado de trigo: perspectivas para
2016. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 11, n. 3, mar. 2016.
Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/LerTexto.php?codTexto=
14027>. Acesso em: abr. 2016. Palavras-chave: previsão de
safra, área e produção, estimativas, produção agrícola, safra agrícola,
2015/16.
Data de Publicação: 12/04/2016
Autor(es):
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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