O preço médio mensal recebido pelos triticultores paulistas de R$42,14 por 60 kg, de janeiro de 2016, vem acompanhando a paridade (Figura 2). Contudo, mesmo com a elevada taxa de câmbio, está bem aquém dos preços vigentes no período entre janeiro de 2013 e junho de 2014, quando os preços altos levaram às sucessivas expansões de área e produção nos três últimos anos (Tabela 1).

Na Bolsa de Chicago, em 1º de fevereiro de 2013, a cotação do trigo foi de US$¢788/bu; em 26 de fevereiro de 2014, a cotação foi de US$¢618/bu; em 20 de fevereiro do de 2015, a cotação foi de US$¢519/bu; e em 12 de fevereiro de 2016, o produto foi cotado a US$¢465,00/bu.

Pode-se verificar na tabela 1 que o aumento de área em 2015 foi de apenas 3,4%, enquanto nos dois anos anteriores, quando as cotações no mercado internacional eram bem mais elevadas, a expansão de área foi, respectivamente, para 2014 e 2013, de 36% e 51% (Figura 1).

O trigo em São Paulo, cuja época de plantio se estende de março até maio, encontra em 2016 uma conjuntura de mercado menos favorável.

A desvalorização do real poderá onerar ainda mais os custos de produção em relação aos de 2014 e 2015, notadamente os de insumos. Mesmo que esteja se arrefecendo nos últimos dois meses, a taxa de câmbio vigente, de R$3,7, ainda está alta.

A desoneração das exportações de trigo efetuada pelo governo argentino deve elevar a competitividade do país no mercado internacional do produto. A Argentina é o principal fornecedor de trigo para o Brasil e os efeitos dessa política foram parcialmente neutralizados na atual safra, uma vez que o excesso de chuvas prejudicou a qualidade do cereal argentino, fato que se observou também na produção gaúcha.

Os estoques finais mundiais de trigo, conforme o relatório de oferta e demanda de fevereiro do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, deverão atingir o volume recorde de 238,9 milhões de toneladas, segundo projeção para 2015/16².

A cultura do milho de 2ª safra (safrinha) é a principal concorrente do trigo por área e a disparada de seus preços tornam o milho favorito nesse momento. Contudo, os riscos de frustração na cultura do milho aumentam conforme sua semeadura se aproxima do final do período recomendado, de janeiro a abril. A partir daí, o trigo passa a ser alternativa mais viável, uma vez que seu período de plantio se estende até final de maio. No caso do Estado de São Paulo, a necessidade de formação de palha para o plantio direto faz com que muitos agricultores optem pelo trigo mesmo quando a conjuntura do mercado não se encontre favorável.

De acordo com estimativas de fevereiro do Departamento de Economia Rural do Paraná, o custo operacional do trigo em 2016, considerando uma produtividade de 48 sacas por hectare, é de R$52,40 por saca, enquanto o de milho 2ª safra é de R$27,53 por saca, para uma produtividade de 80 sacas por hectare³.

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  ¹COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB. Conjuntura semanal: trigo. Brasília: CONAB. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/16_02_01_08_30_31_trigo_-_semana_-_25_a_29.

pdf>. Acesso em: 9 mar. 2016.

 ²UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE - USDA. World agricultural supply and demand estimates. Washington: USDA, March 2016. Disponível em: <http://www.usda.gov/oce/commodity/wasde/latest.pdf>. Acesso em: 9 mar. 2016.

 ³SECRETARIA DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO. Custo de produção. Paraná: Secretaria da Agricultura e do Abastecimento. Disponível em: <http://www.agricultura.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?

conteudo=228>. Acesso em: 9 mar. 2016.

Palavras-chave: plantio de trigo 2016.