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Pesquisadora destaca a importância do controle social nas compras voltadas à alimentação escolar
Embora o Brasil tenha melhorado os indicadores de
desenvolvimento social nas últimas décadas, ainda conserva parte da população
em situação de insegurança
alimentar e nutricional. Das famílias que compõem esse grupo, são as crianças
em idade escolar que mais sofrem com os efeitos de uma alimentação inadequada. Para
estas, a merenda representa uma opção de refeição balanceada, muitas vezes, a única
realizada por alunos de maior vulnerabilidade social. Com o intuito de
corrigir ou pelo menos atenuar o problema, foram instituídas políticas públicas
intersetoriais, como o Programa Nacional de Alimentação
Escolar (PNAE),
uma das mais antigas e abrangentes políticas sociais implantadas no Brasil. Iniciado
em meados do século passado, o programa demonstrou ser um importante instrumento
para garantir a segurança alimentar e nutricional dos alunos da rede pública – alvo
do programa. A partir de 2009, quando incorporou a obrigatoriedade para que ao
menos 30% do valor repassado pelo governo federal aos estados e municípios fossem
destinados à compra de gêneros alimentícios da agricultura familiar ou de suas
organizações, torna-se também um mecanismo gerador de renda que beneficia os
produtores, além de valorizar os usos agrícolas do território realizado por
comunidades tradicionais e agricultores familiares. “O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE),
vinculado ao Ministério da Educação, é responsável pela coordenação, repasses
financeiros e fiscalização do PNAE
no território nacional. As entidades executoras são as secretarias estaduais de
Educação e do Distrito Federal, prefeituras e escolas federais”, esclarece Soraia Ramos, pesquisadora da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo, que atua no Instituto de Economia Agrícola (IEA). O monitoramento
é descentralizado: a fiscalização é feita pelo Tribunal de Contas,
Controladoria Geral e Ministério Público da União; a inspeção dos alimentos é
tarefa das secretarias de Saúde e Agricultura dos Estados e Municípios e a
fiscalização do profissional nutricionista pelos conselhos de classe. “Existe ainda um colegiado deliberativo e
autônomo composto por representantes do Executivo, entidades civis,
trabalhadores da Educação, pais e alunos, que compõem os Conselhos de
Alimentação Escolar (CAE). Essa instância permite à sociedade acompanhar a
aplicação de recursos financeiros destinados à compra de alimentos da
agricultura familiar e monitorar, desde a escolha dos gêneros a serem
adquiridos, dialogando com agricultores e profissional de nutrição, até a
adequação dos cardápios às necessidades locais, respeitando a diversidade e a
sazonalidade da produção”, explica a pesquisadora. A relevância
social do programa é atestada por sua repercussão mundial, servindo como
referência para a elaboração de políticas públicas em países da África e
América Latina e Caribe. Desde 2009, o Brasil participa em cooperação com a
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) do programa
Fortalecimento dos Programas de Alimentação Escolar na América Latina e Caribe,
com apoio técnico em diversos países. No
Estado de São Paulo, a Coordenadoria de Assistência Técnica e Integral (Cati),
os Institutos de Pesquisa, Universidades, o Conselho Estadual de Segurança
Alimentar e Nutricional Sustentável (Consea) e o Instituto de Terras (Itesp), em
conjunto com os sindicatos, entidades de trabalhadores rurais e organizações
não governamentais são órgãos e entidades com potencial de facilitar a
interação e o diálogo entre as organizações de agricultores, as comunidades
tradicionais e indígenas com os gestores locais do PNAE. Em suma, entre os fatores a contribuir com o
sucesso do PNAE em todo o país está o fortalecimento das atividades do CAE e
sua articulação com agentes sociais e entidades próximas das organizações de
agricultores. Espera-se, deste modo, edificar relações sociais locais mais
igualitárias e transparentes, conclui a pesquisadora. Para o secretário de Agricultura
e Abastecimento, Arnaldo Jardim, o artigo sobre o PNAE,
esclarecendo as atribuições
de cada órgão público e entidades de classe, é muito oportuno porque ressalta
os aspectos positivos do programa e demonstra que a função da Pasta é estimular a agricultura
familiar, prestigiar as cooperativas e fornecer informações técnicas sobre sanidade
e manejo dos produtos. “O trabalho dos nossos pesquisadores, em conjunto com os técnicos da Cati, que orientam e fazem a
transição das tecnologias desenvolvidas nos IP para o campo, contribui para
aumentar a renda e melhorar a qualidade de vida do agricultor e sua família, o
que vem de encontro com a oorientação do governador Geraldo Alckmin para colocar a estrutura da Pasta a serviço do setor produtivo”, destacou. Para ler o artigo na íntegra e conferir as tabelas, clique aqui. Por Nara Guimarães
Mais informações
Assessoria de Comunicação
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
Tel: (11) 5067-0069
Data de Publicação: 02/03/2016
Autor(es): Instituto de Economia Agrícola (iea@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor