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Quadro de Anomia
O atoleiro político-econômico que submerge o país
produz clivagens institucionais com grau de virulência capaz de contaminar as
decisões dos agentes econômicos. O embate binário que permeia o duelo político
renega a natureza do processo democrático, materializando-se em condenação
moral matizadas pelo ódio estampado em discursos regressistas. Catatônico, o
ambiente de negócios caminha de lado, assombrado pelo encolhimento generalizado
da riqueza. Mercados de dólar e
juros futuros de curto prazo ganham impulsão, catapultados pelo estouro de
manada em busca de proteção. Ceticismo e desprezo alastram-se no domínio das
mercadorias que, em helicoidal descendente, menos valerão a cada amanhecer. A
vaga incapacitante quebranta a formação dos preços locais que, submetidos à
deriva do irracional, carecem progressivamente de parâmetros fiáveis,
mirando-se em balizamentos externos para fundamentar as transações. Alcançar êxito nos negócios revela-se terreno
pantanoso em que cada movimento do incauto caminhante resulta em mais célere
aprisionamento entre movediços interesses inclusive os ilícitos. Café arábica,
mercadoria das mais procuradas em âmbito mundial pelos agentes econômicos, não
consiste em exceção ao cenário mais geral. Na Bolsa de Nova York, a média das
cotações semanais registradas em novembro para as posições futuras foram
cadentes (mudança de patamar), voltando a se recuperar na média da quarta
semana do mês (Figura 1). Ao longo de 2015, as cotações do café arábica no
mercado futuro têm declinado de forma persistente. Na última semana de dezembro
de 2014, por exemplo, a cotação futura para setembro de 2015 contabilizava
US$¢188,74/lbp1. Em novembro de 2015, a média semanal da cotação
para a setembro de 2016 foi de US$¢130,01/lbp, ou seja, perda de US$¢58,73/lbp
que, convertido para dólar por saca, resulta em U$$77,61/sc., montante
expressivo em se considerando a atual paridade real x dólar. As cotações apuradas pelo Fundo Monetário
Internacional (FMI), a partir de compilação das informações da Organização
Internacional do Café (OIC), evidenciam que de fato há perda de valor no
mercado do café. Entre novembro de 2014 e outubro de 2015, o declínio das
cotações foi de US$59,05, absolutamente alinhado com o valor registrado pela
curva futura (Figura 2). Na Bolsa de Londres, a média das cotações futuras
foram ainda mais regressivas com mudança de patamar (para baixo) nas quatro
semanas do mês. Houve ligeira retomada dos embarques vietnamitas, associada ao
recorde de exportações de conilon registrado pelo Brasil, que até outubro havia
embarcado 3,77 milhões de sacas, representando incremento de 1,23 milhão de
sacas frente ao mesmo período do ano anterior. Diante desse fluxo de
suprimento, a média das cotações rumou para baixo (Figura 3). O regime de formação das cotações não tem
correspondido aos fundamentos intrínsecos da oferta e procura do produto.
Tampouco os efeitos climáticos do extraordinário El Niño que se formou nas águas do Pacífico têm modificado a rota
de depreciação das mercadorias, inclusive de café. Dinâmica macroeconômica e geopolítica mundiais associada à
ruptura político-econômica local permeiam o ambiente de tomada de decisões,
normalmente, no sentido da postergação do consumo e dos investimentos, fazendo
minguar a riqueza, distanciando-nos da sonhada trajetória do desenvolvimento
sustentável. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/LerTexto.php?codTexto=13562>. Acesso em:
04 dez. 2015. Palavras-chave:
mercado
futuro, cotações, Bolsa de Valores.
Data de Publicação: 15/12/2015
Autor(es): Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor