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Diferenças entre Preços Regionais do Café e Hedge no Mercado Futuro
Quando o gestor de cooperativa de cafeicultores
efetua o hedge do produto na Bolsa de
Mercadorias e Futuros (BM&F) a pedido de seus cooperados, conhece de
antemão que não irá receber o valor integral do contrato de café arábica
negociado no mercado futuro, a menos que deposite seu café em armazém
credenciado no ponto de entrega definido pela Bolsa (município de São Paulo). As cooperativas de café possuem armazéns em suas
respectivas regiões de atuação. Assim, ao contratarem o hedge na Bolsa, irão receber pela cotação no vencimento do
contrato, menos a chamada “base”, constituída pela diferença entre o preço
regional à vista e a cotação na Bolsa, do primeiro vencimento em aberto. Os fatores determinantes na formação da cotação base
são: a diferença de qualidade do café nos diversos cinturões produtores e
frente ao padrão do contrato da bolsa (tipo 4/5, ou melhor, bebida dura para
melhor), o frete entre a região e o ponto de entrega da bolsa, momento de safra
(frete mais caro) e entressafra (frete menos caro), ou eventuais problemas
logísticos nas respectivas regiões. A base consiste em média dos últimos cinco dias
antes do vencimento do contrato futuro. Para descobrir quanto oscila a base,
calculou-se o desvio-padrão da base (risco de base) nesses mesmos cinco dias
antes do término do contrato futuro, para cada vencimento da bolsa. Exemplificando, supondo que uma cooperativa
localizada no Cerrado de Minas Gerais queira fazer o hedge da cotação do café na BM&F para o vencimento futuro em
março de 2016, sob esses parâmetros, em 27/11/2015, a cotação de ajuste para
março/2016 foi de US$151,35/sc. Assim, quanto receberá a cooperativa, se fizer
o hedge na bolsa, na sua região
(Cerrado) no vencimento do contrato (sétimo dia útil antes do final de março/2016)? Para calcular a base do Cerrado, tomou-se o período
entre janeiro de 2013 e setembro de 2015 e respectivos meses de negociação de
futuros de arábica. Em seguida, calculou-se a diferença entre o preço diário a
vista do Cerrado (apurado pela ESALQ para a mesma qualidade de café do contrato
futuro) e o primeiro vencimento em aberto do café na BM&F, para cada
vencimento negociado na bolsa. A tabela 1 apresenta os resultados do primeiro
vencimento da série. Tabela
1 -
Exemplo de Cálculo da Base e de seu Risco para o Cerrado, Estado de Minas
Gerais, com Vencimento em Março/2013 (em R$/sc.) Data Cerrado BM&F Fut. Base (c = a-b) Média da base2 Risco de base2 14/03/2013 306,86 322,64 -15,78 - - 15/03/2013 299,57 316,61 -17,04 - - 18/03/2013 295,5 308,78 -13,28 - - 19/03/2013 291,63 316,65 -25,02 - - 20/03/2013 292,83 315,62 -22,79 -18,78 4,93 1O preço futuro é negociado em US$/sc. e foi transformado em R$/sc. pela
taxa de câmbio comercial de venda do mesmo dia. 2Cinco dias antes
do vencimento. Fonte:
Elaborada a partir de preços à vista de CEPEA/ESALQ, disponível em: <http://cepea.esalq.usp.br/ Reproduzindo o cálculo para os demais vencimentos
consecutivos até o mais recente (setembro/2015), obtêm-se os resultados da base
e do risco de base do café no Cerrado (Tabela 2). Tabela
2 -
Cálculo da Base e do Risco de Base, Café Arábica, Cerrado, Estado de Minas
Gerais, Vencimentos de Março/2013 a Setembro/2015 (em R$/sc.) Vencimentos Média da base1 Risco de base1 Mar./2013 -18,78 4,93 Maio/2013 -28,31 2,74 Jul./2013 -43,31 2,47 Set./2013 -31,24 6,36 Dez./2013 -43,76 3,04 Mar./2014 -68,93 11,47 Maio/2014 -61,96 10,34 Jul./2014 -65,26 4,46 Set./2014 -84,73 4,52 Dez./2014 -108,4 11,69 Mar./2015 -101,99 5,46 Maio/2015 -105,38 11,14 Jul./2015 -83,25 6,44 Set./2015 -92 8,44 Média -66,95 6,68 1Cinco dias antes
do vencimento. Fonte:
Elaborada a partir de preços à vista de CEPEA/ESALQ, disponível em: <http://cepea.esalq.usp.br/ As diferenças obtidas tiveram expressiva oscilação
no período em foco, com a base na mínima de R$18,78/sc. em março de 2013, até a
máxima de R$108,40/sc. em maio de 2015. Assim, no caso exemplificado, o preço recebido
esperado no vencimento do contrato de US$151,35/sc. (preço hedgeado na bolsa)
será aquele obtido por meio da retirada da base calculada e do desvio-padrão da
base (na pior hipótese). Ademais, levando-se em conta o dólar futuro negociado na BM&F no dia 27/11/15 para março de
2016 na Bolsa (R$3,888), o preço em reais do café para março/2016 seria de R$588,45/sc.
ou US$151,35. Deduzindo-se a base obtida em setembro/2015, de -R$92,00/sc., e o
risco de base de -R$8,44/sc., chega-se a um preço de R$488,00/sc. no
Cerrado. Para efeito de comparação, no dia 27/11/15 o preço à vista do café no
Cerrado foi cotado a R$472,56/sc., para café da mesma qualidade do contrato
futuro da bolsa. Para os demais cinturões cafeicultores (sul de
Minas, Zona da Mata, Garça e noroeste do Paraná), calculou-se igualmente a base
e o risco de base médio no período de janeiro de 2013 a setembro de 2015
(Tabela 3). Tabela
3 -
Base e Risco de Base do Café por Regiões Cafeeiras, Brasil, Março de 2013
a Setembro de 2015 (em R$/sc.) Região Base: março/2013 a setembro/2015 Média Média do desvio-padrão Cerrado (MG) -66,95 6,68 Sul de Minas Gerais -71,04 6,57 Zona da Mata (MG) -76,31 6,40 Garça (SP) -81,12 6,17 Noroeste do Paraná -84,22 6,00 Fonte:
Elaborada a partir de preços à vista de CEPEA/ESALQ, disponível em: <http://cepea.esalq.usp.br/ O café do Cerrado
apresentou a menor base entre as cinco regiões. A razão disso é que
provavelmente nessa região se produz um café de qualidade mais próxima ao
padrão definido pela Bolsa brasileira. Resultado interessante obtido foi o de risco de base
nas cinco regiões, que se mostrou bem próximo um do outro, entre R$6,00/sc. e
R$6,68/sc., na média. No outro extremo, no noroeste do
Paraná, encontra-se a maior base negativa, de -R$84,22/sc.,
talvez devido à qualidade inferior do café em relação ao padrão da Bolsa e ao
elevado frete entre essa região e o município de São Paulo. Outro resultado a ser destacado consiste no
expressivo aumento da base na região do Cerrado entre dezembro/2014 e
maio/2015, superando os -R$100,00/sc. Essa alta se repete nesse período em anos
anteriores, embora não na mesma magnitude. A hipótese é de que nesse período há
uma grande quantidade de café sendo exportada e, por isso, o frete do café se
eleva de forma pronunciada. Adicionalmente,
nova legislação sobre o trabalho dos caminhoneiros pode ter contribuído em
parte para esse aumento no frete. Concluindo, o conhecimento da base e do risco de
base do café permite ao produtor calcular o quanto irá efetivamente receber na
sua região ao fazer o hedge na Bolsa.
Além disso, ele pode saber com antecedência o quanto pode deixar de desembolsar,
caso opte contratar o frete fora do período de alta desse serviço. Palavras-chave: mercado futuro,
contrato futuro de café arábica.
(a)
1o venc.
(b)1
cafe/?page=386&Dias=15#?>, acesso em: 01/12/2015, e preços futuros da
BM&FBovespa, disponível em: <www.
bmfbovespa.com.br/Sumario2TopoPequeno.aspx?menu=6&sitemap=6669&idioma=pt-br>.
cafe/?page=386&Dias=15#?>, acesso em: 01/12/2015, e preços futuros da
BM&FBovespa, disponível em: <www.
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cafe/?page=386&Dias=15#?>, acesso em: 01/12/2015, e preços futuros da
BM&FBovespa, disponível em: <www.
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Data de Publicação: 14/12/2015
Autor(es):
Félix Schouchana (felixsh@uol.com.br) Consulte outros textos deste autor
Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor