Café: pegamento dos frutos é monitorado pelo Mercado Futuro

O mercado de contratos futuros de café arábica na Bolsa de Nova York exibiu fortes variações em outubro. Entre a média das posições da primeira e segunda semanas, os agentes ainda refletiam a incerteza quanto ao impacto das altas temperaturas registradas nos principais cinturões cafeeiros do Brasil, pressionando para cima as cotações. Com o surgimento de previsões mais favoráveis para o clima a partir da última semana do mês (chuvas e temperaturas mais amenas), os agentes de mercado inverteram suas expectativas e as cotações médias nas terceira e quarta semanas vieram abaixo, informa o Instituto de Economia Agrícola (IEA/Apta) da Secretaria de Agricultura.

Embora, no curto prazo, o posicionamento majoritário dos agentes de mercado tenha sido baixista para as cotações, persiste o risco de que a próxima colheita não seja tão pujante como deu a entender a magnífica florada registrada. Técnicos e consultores relatam índices preocupantes de abortamento de flores e de inviabilização dos frutos em decorrência das altas temperaturas registadas.

 

A segunda florada, ainda que de menor calibre, encerrou-se na maior parte dos cinturões. Em outubro, com regime hídrico e temperaturas situados na zona de conforto do cafeeiro, crê-se que seu pegamento compense as perdas que ocorrem com flores e frutos da primeira florada. A partir de novembro, inicia-se a fase mais crítica da fenologia reprodutiva da planta, em que déficits hídricos podem comprometer o enchimento dos frutos, ocasionando perdas na produção final, alerta Celso Vegro, pesquisador do IEA.

 

A cotação média para a posição de março de 2016, registrada na quarta semana do mês, foi de US$¢ 122,33/lbp. Valendo-se dos fatores de conversão, tal cotação equivale a US$ 161,67/sc. Tomando-se esse valor para a posição futura do dólar em igual mês e posição, obtêm-se R$ 653,14/sc. Sabendo-se que o café brasileiro recebe deságio médio de 15% a 20% frente ao contrato C na Bolsa de Nova York, o valor real para a formação do preço futuro no mercado interno situou-se entre R$ 555,17/sc. e R$ 522,51/sc.

 

Em outubro, o preço médio recebido pelos cafeicultores da região de Franca, principal cinturão produtor paulista, foi de R$ 481,66/sc. para o tipo 6 - bebida dura. Considerando a cotação de menor deságio, a vantagem do cafeicultor em contratar o hedge para março de 2016 seria de apenas R$ 73,51, montante pouco atraente para a contratação da operação, tendo em vista seus custos e riscos (qualidade exigida).

 

No mercado futuro de café robusta operado pela Bolsa de Londres, as cotações exibiram comportamento muito similar ao verificado no mercado congênere de arábica, com mudança positiva de patamar entre a primeira e segunda semanas e queda nas consecutivas.

 

O avanço das exportações de conilon brasileiro tem contribuído para que as cotações não alcancem posição mais vantajosa para os cafeicultores às expensas da retenção que os vietnamitas têm efetuado na expectativa de obterem melhores preços. Em 2015, os embarques de conilon brasileiro alcançam aproximadamente 3,8 milhões de sacas, representando avanço de cerca de 55% frente a igual período do ano anterior.

 

De acordo com Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, a análise do comportamento do mercado externo, entre outras informações produzidas pelo Instituto de Economia Agrícola, possibilita a elaboração de políticas para apoiar o setor. Isso é fundamental na nossa economia atual. “O IEA, seguindo as diretrizes da Pasta, apresenta as cotações da Curva Futura do Café, com o objetivo de fornecer ao produtor mais esse importante instrumento de tomada de decisão ”. Orientados pelo governador Geraldo Alckmin estamos cada vez mais próximos do setor produtivo, essa é a forma de atuação da nossa secretaria, conclui. 

 

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Data de Publicação: 10/11/2015

Autor(es): Instituto de Economia Agrícola (iea@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor