A
agropecuária se configurou historicamente como setor predominante na economia
da Alta Sorocabana. Rancharia, município com maior extensão territorial da
região, se destaca pelo vigor nas atividades ligadas à produção agrícolas.
Exercendo ocupações dominantes na formação do espaço geográfico regional,
algodão, pecuária bovina de corte e cana-de-açúcar constituíram-se como partes
de circuitos de produção. No final do século XX, as reivindicações por reforma
agrária apresentaram uma reorientação sobre a função social da terra, que resultou
na criação de assentamentos rurais em diferentes pontos do território paulista
e nacional nas últimas décadas. Neste ínterim, Rancharia recebeu as instalações
que formaram as comunidades São Pedro e Nova Conquista.
No final
do século XX, a economia do Oeste paulista apresentava baixa diversidade em sua
produção agropecuária. A grande propriedade ocupada por vastas pastagens
predominava na paisagem rural. As áreas urbanas da região, dependentes dos
negócios do campo, pouco se desenvolveram, reflexo da alta concentração de
renda e baixa empregabilidade do setor pecuário. Consequência desta realidade,
avolumam-se os movimentos de reivindicação pela reforma agrária. Na Alta
Sorocabana, com destaque para Teodoro Sampaio e Mirante do Paranapanema, concentrou-se
a maior fatia destas mobilizações no Estado de São Paulo. De um lado,
Presidente Epitácio e Presidente Bernardes, e de outro, Martinópolis e
Rancharia completam os núcleos das mobilizações regionais, explicam os
pesquisadores Danton Bini, do IEA e Silmara Bernardino da Silva, do Grupo de
Pesquisa Produção do Espaço e Redefinições Regionais (Gasperr/Unesp).
Para
compreender melhor os reflexos dessa mobilização, os pesquisadores discutem
algumas implicações das mudanças na composição agropecuária das terras na
municipalidade de Rancharia ocorridas neste início do século XXI, apoiando-se
em estudos realizados pela Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado
de São Paulo, por meio do Instituto de Economia Agrícola (IEA), com o objetivo
de obter informações sobre as mudanças de ocupação do solo. Para conhecimento
das modificações na estrutura fundiária de Rancharia, foram pesquisados os
resultados dos Levantamentos Censitários das Unidades de Produção Agropecuária
(Lupa), publicados em parceria com a Coordenadoria de Assistência Técnica
Integral (Cati). No caso das estatísticas sobre os assentamentos rurais
pesquisados, foram utilizadas referências da Fundação Instituto de Terras
(Itesp).
Pesquisas
como esta ajudam a compreender o processo de formação dos núcleos designados
como Agricultura Familiar. Oferecer a este grupo informações qualificadas e
acesso a tecnologia de ponta, além de orientação sobre produção agroecológica e
acesso a linhas de crédito subsidiado, seja através do Fundo de Expansão do
Agronegócio Paulista (Feap) ou de projetos como o Microbacias
II, permite que o agricultor modernize seus equipamentos e instalações “Esse
é um processo de empoderamento do pequeno produtor para que desenvolva seu
potencial e deixe de ser visto como um indivíduo que precisa ser protegido e
passe a ocupar o lugar que lhe compete dentro do sistema de produção”,
concluiu Arnaldo Jardim.
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