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Pesquisa do IEA avalia o risco do mercado de café no Estado de São Paulo
Risco é a possibilidade de que
a empresa venha a incorrer em perdas, quer seja por um impacto negativo no
crescimento de suas receitas ou venha a defrontar-se com dificuldades. Na
produção agrícola resultados indesejáveis de receita estão associados a baixos
preços na colheita, baixas produtividades ou ambos. Alterações nos preços entre
o momento em que a decisão de produzir é tomada e o período em que a venda da
produção será realizada ocorrem e são imprevisíveis. Assim, o risco de mercado
decorre do fato de os investimentos feitos serem anteriores à colheita e essas
decisões dependem dos preços realizados na safra passada, informa a Secretaria
de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto de
Economia Agrícola (IEA/Apta). Para evitar ou reduzir os
riscos existe o hedge, que é uma operação de proteção em que o agente toma
determinada posição para evitar ou diminuir variações de preços. Com esta
finalidade, em maio de 2013, foi oficialmente posto em prática o Projeto
Financiamento do Custeio Agropecuário Atrelado a Contrato de Opção do Governo
do Estado de São Paulo, mediante a celebração de convênio da Secretaria de
Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo e o Banco do Brasil. “O objetivo do projeto é
ampliar a utilização de mecanismos de proteção de preço via contratos de opção
pelos produtores rurais do Estado de São Paulo, a fim de mitigar os riscos de
preços inerentes à volatilidade das commodities, garantir ao produtor um valor
mínimo de venda e implantar políticas de desenvolvimento econômico e social
sustentável, sempre pensando no produtor, como nos orienta o governador Geraldo
Alckmin. O Governo do Estado de São Paulo busca, por meio de políticas públicas,
desenvolver instrumentos de gerenciamento dessas modalidades, tornando a
agropecuária mais estável e rentável”, disse Arnaldo Jardim. A subvenção oferecida pelo
projeto é de 50% do valor do prêmio do contrato de opções, com recursos do
Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap/Banagro), da Secretaria de
Agricultura, para os clientes que comprovarem o enquadramento no projeto, na
forma descrita acima. O benefício é concedido ao produtor rural, por intermédio
do BB, mediante ressarcimento de 50% do custo da proteção de preços via
contrato de opções, afirma Fernando Penteado, secretário executivo do Feap. O
prêmio é negociado entre as partes no pregão eletrônico da BM&F-Bovespa. Para quantificar o risco de
mercado de café do ponto de vista dos produtores paulistas, Samira Aoun,
pesquisadora do IEA, estimou o risco de preços, produtividade e receita bruta
por hectare dos produtores de café do Estado de São Paulo concentrados nas
regiões de Franca e Marília. Foram analisadas as médias anuais dos preços
recebidos pelos produtores de cada região, do período 2005 a 2014,
deflacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Na média do Estado de São
Paulo, 70% das ocorrências de preços foram verificadas no intervalo de R$ 293 a
R$ 385 por saca de 60 kg de café. O desvio padrão da série anual dos preços reais
de café mostrou que pode haver uma variação de preços de um ano ao outro em
valor superior a R$ 70 por saca, o que equivale a 18% a 20% dos preços médios.
A produtividade média do período 2005 a 2014 mostrou-se superior na região de
Franca, de 25,30 sacas de 60 kg por hectare. Entretanto, o desvio padrão também
é maior, de 7,37 sacas por hectare, o que representa 29% da média. É uma oscilação considerável,
que também se verifica na região de Marília. Isso se deve ao ciclo bienal da
cultura, em que a um ano de produtividade elevada se sucede outro mais
reduzido. Esta característica, que é própria da cultura, necessita de uma boa
gestão para evitar comprometer o resultado financeiro de cada ano, destaca a
pesquisadora. Na média, a produtividade se situa próxima a 21 sacas de 60 kg
por hectare com um desvio padrão de 3,68 sacas por hectare. A soma de todas as
regiões do Estado atenua a oscilação de produtividade das regiões. Com essas informações, a
receita bruta por hectare de café foi estimada pelo método de Monte Carlo. O
risco de receita bruta por hectare de café é de R$1.061,77 na região de Franca
e de R$837,96 na região de Marília, o que representa 11% da média. No agregado
do Estado de São Paulo o risco de receita por hectare de café foi estimado em R$542,51,
o que representa 7% da média, que é de R$7.569. Os resultados mostraram que a
probabilidade de ocorrência de valores menores ou iguais às médias é superior a
50%. “Dessa forma, como há
oscilações significativas nos preços e nas produtividades sugere-se ao
cafeicultor que utilize as técnicas de gerenciamento de preços agrícolas. Elas
têm o potencial de melhorar o funcionamento da oferta agrícola e reduzir os
riscos de mercado de café no Estado de São Paulo”, afirma a pesquisadora. Para ler o artigo na íntegra e
conferir as tabelas, clique aqui.
Data de Publicação: 31/07/2015
Autor(es): Marli Dias Mascarenhas Oliveira (marlimascarenhasoliveira@gmail.com) Consulte outros textos deste autor