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Curva Futura dos Preços: robusta escalada em junho
Em junho de 2015, as expectativas dos investidores
se voltaram para o impasse da economia grega, enquanto o país acenava para o default de sua dívida soberana a partir
da vitória do não no plebiscito convocado pela autoridade grega. Esse cenário
tornou-se ainda mais complexo e permeado de riscos diante da súbita
desvalorização do mercado acionário chinês. Juntos, esses fatores fortaleceram
a posição do dólar estadunidense, amparado, ademais, pelos razoáveis sinais
expressos pela economia do país (crescimento e emprego). No Brasil, a cotação do dólar futuro negociado na
BM&F-Bovespa em junho oscilou em torno dos R$3,25/US$ na posição de outubro
de 2015. Os agentes atuantes nesse mercado previam aceleração na desvalorização
do real a partir de outubro, com dólar próximo dos R$3,50/US$ a partir de junho
de 2016. O recrudescimento do processo inflacionário em 2015,
no Brasil, com média do índice dos últimos 12 meses próxima dos dois dígitos,
fez disparar as expectativas dos agentes do mercado quanto ao aumento da taxa
SELIC para contenção da escalada dos preços. Os investidores preveem taxa
próxima dos 14%, mesmo para posições futuras de 2017, indicando que a economia
brasileira terá longo caminho até que se atinja cenário menos instável para os
preços. Na Bolsa de Nova York, em junho, as
cotações do café arábica exibiram dois momentos distintos com alta para os
preços na primeira e na segunda semanas, e baixas nas terceira e quarta semanas
(Figura 3). O Brasil, em pleno andamento da colheita, ainda que com atraso
devido ao regime pluviométrico atípico para o período, não estimula a
especulação com os preços do produto. Na posição futura da média da quarta
semana de março de 2016, a cotação registrou US$¢140,45/lbp, o que equivale a
US$186,10/sc. que, na cotação média do dólar de março (R$3,40/US$), representa
R$632,72/sc. para o tipo C (lavados e descascados). Considerando deságio de 20%
nesses preços, o natural atingiria R$506,20/sc. que, quando comparado com os
R$447,50/sc. (média dos preços recebidos pelo cafeicultores em junho para a
região de Franca, Estado de São Paulo)2, representa vantagem de
apenas R$58,70/sc. para os cafeicultores que contratarem o hedge nas precondições acima estabelecidas, valor, provavelmente,
insuficiente para suportar o custo financeiro de carregamento do estoque e
demais taxas que incorrem na operação. Portanto, junho não mostrou condições
favoráveis para a proteção contra o risco de preços para os cafeicultores. Em trajetória contrária ao do café arábica,
caminharam as cotações do robusta com seguidos saltos nos patamares semanais
médios de suas cotações. Na média da quarta semana de setembro, na Bolsa de
Londres, as cotações atingiram US$¢81,57/lbp, representando avanço de 3,39%
frente à média da primeira semana do mês (Figura 4). Restrições na disponibilidade do produto entre nossos
principais concorrentes, associadas à desvalorização do real, tornaram muito
atrativas as transações internacionais com o conilon brasileiro. No ano-safra
jul./2014-jun./2015, as exportações do produto totalizaram 4,53 milhões de
sacas, contribuindo decisivamente para o recorde de embarques de café
registrado nesse mesmo período (36,49 milhões de sacas)3. Como não há previsão de arrefecimento das
exportações para o conilon e diante da constatada quebra da safra capixaba,
espera-se que suas cotações continuem pressionadas ao longo dos próximos meses.
Se comprovada a hipótese nos próximos meses, pode- -se esperar alavancagem nas
cotações do arábica, tendo em vista o grau de permutabilidade dos produtos na
composição nas ligas das torrefadoras. A Bolsa de Nova York exibiu, em junho de 2015, maior
número de contratos vendidos entre fundos e grandes investidores e comerciais e
industriais (Tabela 1). Prevalece, entre os investidores, expectativa de que os
estoques suportem a queda da oferta brasileira, o que é muito temerário, tendo
em vista que após dois ciclos de baixa na produção as existências não são
quantitativamente volumosas. A aceleração da colheita no Brasil não constitui
momento favorável para a formação dos preços com vantagem para os
cafeicultores. De qualquer modo, as curvas futuras, tanto de arábica quanto de
robusta, possuem inclinação positiva, sinalizando que poderá haver entressafra
com grandes possibilidades de alavancagem de preços. _____________________________________________________ 1O autor agradece
o trabalho de sistematização do banco de dados econômicos conduzido pelo Agente
de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do IEA, o analista de sistemas
Paulo Sérgio Caldeira Franco. 2CONSELHO DOS
EXPORTADORES DE CAFÉ DO BRASIL - CECAFE. Banco
de dados. São Paulo: CECAFE. Disponível em: <http://www.cecafe.com.br>. Acesso em:
jun. 2015. 3Op. cit. nota 2. Palavras-chave: mercado futuro,
café, cotações do café.
Data de Publicação: 17/07/2015
Autor(es): Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor