A busca pela inovação tem envolvido diferentes categorias de atores e pode ser caracterizada pelos elementos de incerteza, competitividade e retroalimentação, afirmam os pesquisadores da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Alceu Veiga Filho, do Instituto de Economia Agrícola (IEA) e Luiza Capanema, do Instituto Agronômico (IAC), organizadores da edição temática da Revista de Economia Agrícola (REA), volume 60 – número 2, disponível no site do IEA. As discussões foram fundamentadas por abordagens teóricas e metodológicas condizentes com as especificidades do setor agrícola. Os artigos privilegiaram situações reais, destacando problemas e superações, sempre com foco na inovação.

O primeiro artigo, Impactos econômicos de inovações agrícolas: o caso dos cultivares de amendoim no Estado de São Paulo, avalia os impactos econômicos da inovação através de testes realizados em escala de produção junto a cooperativas de produtores, verificando seu desempenho em condições convencionais de produção; e ao mesmo tempo iniciou-se a multiplicação das sementes comerciais.

O segundo artigo, Estudo da sustentabilidade de sistemas de produção de leite por meio de diagnóstico dos cinco capitais e da análise emergética é parte integrante de um novo escopo teórico, conhecido como bioeconomia. Seus resultados identificaram a necessidade de medidas corretivas na produção e gestão da atividade como forma de conseguir melhorias na sustentabilidade.  

Mecanismos e resultados de ações regionais de pesquisa agrícola baseada em estudos prospectivos, terceiro artigo da REA, enfatiza a temática do planejamento, gestão e avaliação em Organizações Públicas de Pesquisa (OPP) pelo estudo das variáveis que resultaram exitosas para o desenvolvimento da P&D de três atividades agrícolas da região estudada.

O quarto artigo, Avaliações de impactos multidimencionais de Indicações Geográficas: o caso do Vale dos Vinhedos, Estado do Rio Grande do Sul tem como tema a questão das Indicações Geográficas (IG) e sua relação com o desenvolvimento territorial. A avaliação se dá por meio de um desenho metodológico quase experimental. Os autores concluem que a IG promoveu o desenvolvimento das vinícolas mas não do território estudado.

O setor sucroenergético brasileiro: uma análise das condições varietais e seus desafios tecnológicos é o tema do quinto artigo, em função da demanda de etanol, busca avaliar e situar o principal desafio pelo lado agrícola desse segmento econômico que é a disponibilidade de um plantel varietal que permita a expansão da oferta de etanol. A análise conclui pelas condições promissoras relativas à oferta de variedades, não sendo entraves para o desenvolvimento setorial, embora esforços sejam necessários para garantir as condições de bom desenvolvimento.

O sexto artigo, Sistemas de inovação: a geração de bioeletricidade na agroindústria brasileira de cana-de-açúcar procura compreender o funcionamento do sistema inovativo da cana-de-açúcar e a inserção da bioeletricidade originada pelo uso do bagaço de cana e da vinhaça.

O último artigo, Trajetória tecnológica cafeeira no Brasil: 1924 a 2012 tem como objetivo identificar, estudar e traçar as trajetórias tecnológicas do café nas principais regiões cafeeiras do Brasil, concluindo que o ambiente de produção determina as trajetórias regionais; e que apesar de toda a diversidade existente constata-se a persistência do paradigma tecnológico produtivista no café.

Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, destaca que os organizadores do 60º volume da Revista de Economia Agrícola escolheram uma temática que é muito atual e que está entre os focos sua gestão. “A iniciativa do Instituto de Economia Agrícola, em parceria com o Instituto Agronômico, de tornar público o debate sobre inovação na agricultura atende à orientação do governo estadual de divulgar a pesquisa desenvolvida nos institutos públicos e suas contribuições para o desenvolvimento socioeconômico”, ressaltou.

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Por Nara Guimarães