Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista: alta de 0,52% em maio de 2015

O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1, 2 (que mede a variação dos preços recebidos pelos produtores paulistas) registrou alta de 0,52% no mês de maio de 2015 na comparação com o mês anterior. Na decomposição dos grupos de produtos, o IqPR-V (produtos de origem vegetal) fechou o mês positivamente em 1,71%, enquanto o IqPR-A (produtos de origem animal) teve queda de 3,04% (Tabela 1). 

 

 

Na tabela 1 se apresentam os comportamentos das variações nas quatro quadrissemanas de maio/2015 e do acumulado dos últimos 12 meses. Para as quadrissemanas de maio, IqPR e IqPR-V seguiram a mesma tendência de aceleração. Já o IqPR-A (animais) ficou negativo em todas as quadrissemanas, puxados principalmente pela queda das cotações dos ovos e da carne de frango.

Quando a cana-de-açúcar (que em maio teve alta de 3,07%) foi excluída do cálculo do índice na ponderação dos produtos, o IqPR (geral sem cana) e o IqPR-V (vegetal sem cana) tiveram comportamentos contrários dos índices com cana, fechando maio/2015 com queda de 2,22% e 1,33%, respectivamente (Tabela 1).

Os produtos do IqPR que apresentaram as maiores altas nas cotações em maio/2015 comparativamente a abril/2015 foram, pela ordem: tomate para mesa (23,34%), laranja para mesa (17,15%), feijão (13,86%) e a cana-de-açúcar (3,07%) (Tabela 2). 

 

Devido à menor oferta do tomate de mesa nessa época do ano, ocasionada tanto pela entressafra quanto pela baixa produtividade das lavouras de inverno, os preços do produto se mantiveram em elevação em maio.

No caso da laranja para mesa, a valorização neste mês foi decorrente da melhor qualidade da fruta para consumo in natura.

 Para o feijão, os baixos preços de 2014 não incentivaram os produtores no plantio da leguminosa, afetando o equilíbrio de mercado e direcionando ao alto o preço recebido pela saca de 60 kg na roça.

Para a cana-de-açúcar3, o aumento de 3,07% registrado é referente ao reajuste no cálculo do valor acumulado do ATR ocorrido no primeiro mês (abril/2015) da safra 2015/16, comparado com o valor acumulado no último mês (março/2015) da safra anterior (2014/15). O reposicionamento dos preços da matéria-prima sucroalcooleira na entrada da nova safra acontece uma vez que, na entressafra, os preços do açúcar e do álcool (tanto anidro quanto hidratado) apresentaram majorações. Sendo assim, os novos preços dos produtos finais redefiniram o patamar de preços da matéria-prima na entrada da safra, o que explica o aumento verificado

Já os produtos que apresentaram quedas mais significativas de preços em maio/2015: foram batata (28,87%), banana nanica (18,31%), ovos (8,14%), milho (8,05%) e carne de frango (5,65%) (Tabela 2). Nota-se que os cinco produtos de origem animal fecharam o mês com desvalorização, inclusive com as pequenas variações das carnes bovinas e suínas, que não chegaram a -1%.

O reajuste da oferta da batata no final da safra do Centro-Sul brasileiro adicionado à diminuição da demanda do produto são os elementos mais significativos para a queda nas cotações do tubérculo em maio.

Já os preços da banana apresentaram variações acima do retrospecto esperado para a sazonalidade do produto nessa época do ano. Com a chegada das massas de ar frio na proximidade do inverno, desacelera-se a formação dos cachos, o que reduz a oferta do produto. Por outro lado, o consumo recua acima desse montante, influenciado principalmente pela oferta de frutas concorrentes, como laranja e tangerina poncã. Destaca-se que o preço de maio de 2015 foi 27,62% menor ao de maio de 2014.

Em relação a ovos, os preços maiores na quaresma e nas semanas pós-quaresma (meados de abril/2015), associados ao retorno do consumo por carnes, resultaram em retração do consumo, ocasionando, assim, queda das cotações. 

Em maio, resumidamente, oito produtos apresentaram alta de preços (todos de origem vegetal) e dez apresentaram queda (cinco vegetais e os cinco de origem animal). A laranja para indústria não teve variação de seu preço médio no período analisado.

 

ACUMULADO DOS ÚLTIMOS 12 MESES

No acumulado dos últimos 12 meses (maio/2014 a maio/2015), o IqPR registrou variação positiva de 4,02%, puxado principalmente pelo reajuste da carne bovina que, ao apresentar valorização de 20,33% e atingir o pico de seu preço histórico em R$150,00 a arroba, contribuiu fortemente para a elevação do IqPR-A (animal) em 7,22%. Nesse mesmo intervalo, o IqPR-V (vegetal) apresentou um aumento de 2,85%.

Excluída a cana-de-açúcar do cálculo do índice (cujo valor do ATR teve variação positiva de 2,23% na comparação com maio de 2014), os índices acumulados tiveram valorizações maiores sob a interferência de reajustes como os de feijão (52,98%), laranja para mesa (37,71%) e tomate para mesa (29,74%): IqPR e IqPR-V (vegetais) oscilaram, respectivamente, 5,69% e 3,11% para cima (Tabela 1).

Na figura 1, observa-se o comportamento das variações dos índices, constatando-se oscilação negativa entre junho e julho de 2014. A partir de agosto, ocorre inversão de sua trajetória caracterizando sustentado processo inflacionário, excetuando-se o breve recuo

 

 

entre dezembro/2014 e janeiro/2015 do IqPR-A, que foi influenciado pelas quedas nas cotações das carnes suína, de frango e do leite (Tabela 1).

Na comparação de maio/2015 com maio/2014, 7 produtos apresentaram variações positivas, enquanto 11 tiveram variações negativas. Os produtos que tiveram preços com incrementos em patamares mais elevados que a inflação acumulada nos últimos 12 meses, medidos pelo IPCA-IBGE (8,47% em maio/2015), foram: feijão (52,98%), laranja para mesa (37,71%), tomate para mesa (29,74%) e carne bovina (20,33%). Já os valores de algodão (6,93%), amendoim (5,94%), ATR da cana-de-açúcar (2,23%) e café (0,87%) tiveram variações positivas, abaixo, porém, da inflação acumulada (Tabela 2).

Os produtos que apresentaram reduções de preços nos últimos 12 meses foram: batata (47,38%), banana nanica (27,62%), laranja para indústria (17,27%), trigo (16,69%), leite cru resfriado (12,31%), ovos (12,08%), milho (10,03%), carne suína (7,03%), soja (4,88%), arroz (3,66%) e carne de frango (0,46%) (Tabela 2). 

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1A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/05/2015 a 31/05/2015 e base = 01/04/2015 a 30/04/2015. 

2Artigo completo com a metodologia. PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v. 38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573>. Acesso em: maio 2015. 

3Os preços do ATR utilizados nesse trabalho foram coletados em período anterior ao estipulado pela Circular n. 016/2015 (Ref.: Nova política de acesso e divulgação das informações do CONSECANA-SP). 

Palavras-chave: IqPR, índice agricultura, preços agrícolas, quadrissemana.

Data de Publicação: 16/06/2015

Autor(es): José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor