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Amendoim: recuperação e recorde de produção na safra paulista 2014/2015
As condições de produção para a agricultura paulista
presentes durante a safra 2013/14 colocaram ao produtor a difícil convivência
com a seca severa que comprometeu o desenvolvimento de praticamente todas as
culturas e atividades. Na safra 2014/15, os reflexos da seca e as condições de
produção são distintos, tanto para as culturas perenes, quanto para as
temporárias1. Assim, pretende-se, aqui, discutir os efeitos dessa
ocorrência climática para a produção paulista de amendoim e seus desdobramentos
sobre as exportações das mercadorias que têm origem no grão, bem como tratar
das condições e expectativas de produção para a safra atual. Inicialmente, é interessante destacar que, na última
década, a cultura do amendoim tem experimentado a ampliação dos volumes de
produção, impulsionada principalmente pelos ganhos em produtividade. Essa
dinâmica encontra referências nas mudanças tecnológicas e institucionais
incorporadas à produção que, também, se estenderam ao beneficiamento e
processamento do grão com ganhos em qualidade2. Assim, a produção
anual cresce menos a partir de pequeno aumento na área plantada (Figura 1). O ano de 2010 marca o início do período com
produtividade média acima de 3 mil kg/ha, que se estende até 2013, quando
chegou a 3.640 kg/ha, 43% superior à registrada em 2005. A série de ganhos foi
interrompida na safra 2013/14, quando foi registrada queda de 17% na produção
frente ao aumento de 11% na área plantada, resultado da seca que impôs retração
na produtividade média, ficando em 2.721 kg/ha3. Esse panorama é construído a partir de resultados
regionais distintos, que envolveram não só a intensidade e duração da seca, mas,
também, o período de plantio. Isso porque, na cultura do amendoim, são adotados
plantios escalonados e, na safra 2013/14, parte deles foi realizada entre
setembro e outubro, outra de meados de outubro a novembro e um terceiro grupo
no início de dezembro4. Assim, os resultados do plantio das águas,
quando comparados com a anterior (safra 2012/13), apontam queda na
produtividade média das principais regiões produtoras, aqui representadas pelos
Escritórios Desenvolvimento Rural (EDRs) de Assis, com redução de 38%,
Jaboticabal (-33%), Presidente Prudente (-29%), Tupã (-20%), Barretos (-14%) e
Marília (-8)5. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB,
2015)6, em outros Estados, como no Paraná, a produtividade média
caiu 16%; já em Minas Gerais, houve aumento em torno de 9%. Nesse cenário,
cabe, ainda, destacar que o Estado de São Paulo, historicamente, é o principal
produtor nacional, com uma participação entre 85% a 90% do total. Assim, a
redução da oferta de amendoim e, em parte, o comprometimento da qualidade, já
que a seca afeta a formação do grão e pode favorecer a contaminação por
aflatoxina, impactaram negativamente as exportações das principais mercadorias
envolvidas, o amendoim descascado e o óleo bruto. Nos últimos cinco anos, as exportações de amendoim
descascado experimentaram um período de expansão, especialmente a partir de
2012, quando foram exportadas 62 mil toneladas. Esse volume superou em 21% o
total registrado em 2010 e, em 2013, foram exportadas 80 mil toneladas,
registrando aumento de 31% em relação ao ano de 2012. O bom desempenho alcançado nos anos de 2012 e 2013
foi interrompido em 2014, ano em que as exportações chegaram a 64 mil
toneladas, que corresponde a retração de 21% em relação ao ano de 2013 (Figura
2). Para o óleo bruto de amendoim, o comportamento das
exportações mostra-se semelhante ao registrado para o amendoim descascado,
construído a partir da expansão das exportações, especialmente a partir de 2012,
quando foram exportadas 38 mil toneladas dessa mercadoria, volume 63% superior
ao realizado em 2011 (Figura 3). No ano de 2013, o crescimento das exportações de
óleo bruto foi ainda maior, chegando a 63 mil toneladas, 66% superior ao volume
exportado em 2012. Com a retração da
oferta de amendoim no ano de 2014, são retomados os volumes exportados em 2012
e, assim, é registrada a retração de quase 40% nas exportações de óleo bruto. Ao se considerar quadrimestres, é possível observar
que, para o amendoim descascado, o segundo quadrimestre de 2014 apresentou
maior diferença de volume no fluxo de exportações em comparação a 2013; a mesma
dinâmica está presente nas exportações do óleo bruto (Tabela 1). Para o primeiro quadrimestre de 2015, as exportações
de amendoim descascado são retomadas em volume próximo aos praticados no mesmo
período dos anos anteriores e, para o óleo, o volume supera o alcançado em 2014
(Tabela 1). Essa situação encontra referências nas perspectivas favoráveis de
mercado, especialmente o externo e nos preços médios
recebidos pelos produtores, superiores aos registrados em 2014, com destaque para para
o período que se inicia em janeiro e que marca a entrada da nova safra (Figura
4). Com relação às condições climáticas, estas se encontram dentro das médias
históricas, o que pode possibilitar a retomada da produtividade e aumento do
volume de produção na atual safra. As previsões e estimativas7 para o
plantio das águas 2014/15, quando comparadas aos resultados do plantio de 2013/14,
apontam incremento de 24% na produtividade média, de 40% na produção e de 13%
na área plantada. Dessa forma, a produção das águas alcança 367 mil toneladas
de amendoim em casca, que, somadas às perspectivas do plantio da seca com
produção em torno de 9 mil toneladas, resultará em 376 mil toneladas. Essa deve
ser a maior safra paulista de amendoim desde os anos 1970 e, também, 60% superior
à produção média anual da última década. _____________________________________________________ 1VEGRO, C. L. et
al. Anomalia climática e seus impactos sobre as culturas temporárias e perenes
do Estado de São Paulo. Análises e
Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 9, n. 10, p. 1-11, out. 2014. 2MARTINS, R.;
VICENTE, J. R. Demandas por inovação no amendoim paulista. Informações Econômicas, São Paulo, v. 40, n. 5, p. 43-51, maio
2010. 3INSTITUTO DE
ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de Dados.
São Paulo: IEA. Disponível em: <http://ciagri. 4BUENO, C. R. F.
et al. Anomalia climática e seus efeitos sobre as lavouras paulistas. Análises e Indicadores do Agronegócio,
São Paulo, v. 9, n. 2, p. 1-9, fev. 2014. 5Op. cit. nota 3. 6COMPANHIA
NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB. Séries
históricas. Brasília: CONAB. Disponível em:
<http://www.conab.gov.br/conteudos.php?a=1252&t=>. Acesso em: maio
2015. 7ANGELO, J. A. et
al. Previsões e estimativas das safras
agrícolas do Estado de São Paulo, ano agrícola 2014/15, fevereiro de 2015. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 10, n. 4, p. 1-8, abr. 2015. Palavras-chave: condições
climáticas, seca, produtividade, exportações.
iea.sp.gov.br/nia1/subjetiva.aspx?cod_sis=1&idioma=1>. Acesso em: maio
2015.
Data de Publicação: 19/05/2015
Autor(es): Renata Martins (rmsampaio@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor