Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro no Primeiro Trimestre de 2015

No primeiro trimestre de 2015, as exportações1 do Estado de São Paulo somaram US$10,74 bilhões (25,1% do total nacional), e as importações2, US$17,52 bilhões (36,3% do total nacional), registrando deficit de US$6,78 bilhões. Em relação ao primeiro trimestre do ano de 2014, o valor das exportações paulistas caiu 7,7%, e o das importações 14,8%, reduzindo em 24,0% o deficit comercial (Figura 1). A queda nas exportações paulistas (-7,7%), comparando-se os primeiros três meses de 2015 e 2014, foi menor do que a das exportações brasileiras (-13,7%), enquanto nas importações, a diminuição em São Paulo (-14,8%) foi maior do que no Brasil (-13,2%). Assim, na conjunção dos desempenhos das exportações e importações, o deficit da balança comercial paulista registrou queda de 24,0%, enquanto o deficit da balança comercial brasileira caiu 8,7%.


 

O agronegócio3 paulista apresentou exportações decrescentes (-8,9%), atingindo US$3,91 bilhões. As importações setoriais também diminuíram (-7,7%), somando US$1,44 bilhão, e o saldo, de US$2,47 bilhões, foi 9,5% menor que o do primeiro trimestre do ano de 2014 (Figura 2). Destaque-se que as importações paulistas nos demais setores - exclusive o agronegócio - somaram US$16,08 bilhões para exportações de US$6,83 bilhões, gerando um deficit comercial desse agregado, de US$9,25 bilhões no primeiro trimestre de 2015. Assim, conclui-se que o comércio exterior paulista seria mais deficitário não fosse o desempenho do agronegócio estadual.


Os cinco principais grupos nas exportações do agronegócio paulista, no primeiro trimestre de 2015, foram: complexo sucroalcooleiro (US$1,37 bilhão), sucos (US$561,39 milhões, dos quais 99,2% referentes a sucos de laranja), carnes (US$500,69 milhões, em que a carne bovina respondeu por 79,6%), produtos florestais (US$400,18 milhões) e complexo soja (US$218,95 milhões). Esses cinco agregados representaram 78,1% das vendas externas setoriais paulistas (Tabela 1).

Tiveram crescimento, na comparação do primeiro trimestre de 2015 com o de 2014, as exportações paulistas de sucos (+24,3%), rações para animais (+17,8%), produtos oleaginosos (+15,5%), café (+12,2%), demais produtos de origem vegetal (+10,8%), frutas (+6,0%), animais vivos (+4,5%) e fibras e produtos têxteis (+1,2%). Houve redução nas demais4, ou seja, pescados (-74,6%), lácteos (-60,9%), complexo soja (-37,3%), produtos hortícolas, leguminosas, raízes e tubérculos (-30,4%), plantas vivas e produtos de floricultura (-27,9%), chá, mate e especiarias (-25,1%), carnes (-16,2%), produtos apícolas (-15,3%), complexo sucroalcooleiro (-15,1%), cereais, farinhas e preparações (-10,7%), cacau e seus



 

produtos (-5,1%), demais produtos de origem animal (-4,6), bebidas (-4,3%), produtos florestais (-4,2%), produtos alimentícios diversos (-2,3%) e couros, produtos de couro e peleteria (-1,4%) (Tabela 1).

A participação das exportações do agronegócio paulista no total do estado diminuiu 0,5 ponto percentual, enquanto a participação das importações aumentou 0,6 ponto percentual, na comparação dos primeiros trimestres de 2014 e 2015 (Figura 3).

A balança comercial brasileira registrou deficit de US$5,55 bilhões no primeiro trimestre de 2015, com exportações de US$42,78 bilhões e importações de US$48,33 bilhões. Ocorreram decréscimos no deficit comercial (-8,7%), nas exportações (-13,7%) e nas importações (-13,2%) (Figura 4).

No primeiro trimestre de 2015, as exportações do agronegócio brasileiro diminuíram 8,9% em relação a igual período do ano anterior, atingindo US$18,43 bilhões (43,1% do total).

 

 

Já as importações do setor diminuíram 9,2%, também na comparação com os três primeiros meses de 2014, somando US$3,86 bilhões (8,0% do total). O superavit do agronegócio no período foi de US$14,57 bilhões, 8,8% inferior ao do primeiro trimestre do ano passado (Figura 5). Portanto, o deficit do comércio exterior brasileiro só não foi maior devido ao desempenho do agronegócio, uma vez que os demais setores, com exportações de US$24,35 bilhões e importações de US$44,47 bilhões, produziram no período um deficit de US$20,12 bilhões.


Os cinco principais grupos do agronegócio brasileiro nas exportações do primeiro trimestre de 2015 foram: complexo soja (US$4,05 bilhões), carnes (US$3,27 bilhões), produtos florestais (US$2,45 bilhões), complexo sucroalcooleiro (US$2,18 bilhões) e café (US$1,70 bilhão). Esses cinco agregados responderam por 74,1% das vendas externas do agronegócio nacional (Tabela 2).

Na comparação com o primeiro trimestre de 2014, aumentaram as exportações de fibras e produtos têxteis (+48,0%), fumo e seus produtos (+38,4%), café (+36,2%), produtos oleaginosos (+35,1%), cereais, farinhas e preparações (+23,2%), sucos (+15,7%), demais produtos de origem vegetal (+6,3%), produtos florestais (+4,8%), pescados (+4,6%), produtos apícolas (+3,6%) e cacau e seus produtos (+3,0%). Diminuíram as exportações de animais vivos (-77,2%), lácteos (-34,2%), complexo soja (-31,3%), plantas vivas e produtos de floricultura (-23,1%), chá, mate e especiarias (-19,1%), carnes (-14,8%), couros, produtos de couro e peleteria (-11,4%), complexo sucroalcooleiro (-7,9%), rações para animais (-7,7%), produtos alimentícios diversos (-5,7%), produtos hortícolas, leguminosas, raízes e tubérculos (-5,3%), bebidas (-5,1%), frutas (-0,7%), e demais produtos de origem animal (-0,4%) (Tabela 2).



 

A participação do agronegócio no total do país aumentou 2,3 pontos percentuais nas exportações, e 0,4 ponto percentual nas importações (Figura 6).

A participação paulista no total da balança comercial brasileira aumentou em termos das exportações (+1,6 ponto percentual) e diminuiu no tocante às importações (-0,6 ponto percentual) (Figura 7).

Em relação ao agronegócio brasileiro, as exportações setoriais de São Paulo no primeiro trimestre de 2015 representaram 21,2%, percentual igual ao do primeiro trimestre de 2014, enquanto as importações representaram 37,3%, sendo 0,6 ponto percentual superior à representatividade verificada no mesmo período do ano anterior (Figura 8).


 

 

A participação do agronegócio paulista no agronegócio nacional, no primeiro trimestre de 2015, destacou-se nos grupos de sucos (91,4%), produtos alimentícios diversos (73,1%), complexo sucroalcooleiro (62,9%), plantas vivas e produtos de floricultura (53,5%), demais produtos de origem vegetal (49,3%), demais produtos de origem animal (42,3%), rações para animais (41,7%), lácteos (34,0%), produtos oleaginosos (29,5%), produtos apícolas (25,9%) e bebidas (25,8%) (Tabela 3).

Em relação ao primeiro trimestre do ano anterior, sobressaíram-se os aumentos nas participações de São Paulo nos grupos: animais vivos (+17,1 pontos percentuais), rações para animais (+9,0 pontos percentuais), sucos (+6,3 pontos percentuais), produtos alimentícios diversos (+2,5 pontos percentuais), e couros, produtos de couro e peleteria (+2,2 pontos percentuais). Já as maiores quedas ocorreram nas participações dos grupos: lácteos (-23,2 pontos percentuais), produtos hortícolas, leguminosas, raízes e tubérculos (-6,2 pontos percentuais), produtos apícolas (-5,8 pontos percentuais), complexo sucroalcooleiro (-5,4 pontos percentuais), e produtos oleaginosos (-5,0 pontos percentuais) (Tabela 3).

 


 

_______________________________________ 

1Estado produtor (unidade da Federação exportadora), para efeito de divulgação estatística de exportação, é aquela onde foram cultivados os produtos agrícolas, extraídos os minerais ou fabricados os bens manufaturados, total ou parcialmente. Neste último caso, o estado produtor é aquele no qual foi completada a última fase do processo de fabricação para que o produto adote sua forma final.

 

2Estado importador (unidade da Federação importadora) é definido como aquela do domicílio fiscal do importador.

 

3Os grupos de produtos do agronegócio podem ser vistos em: MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO - MAPA. Agrostat. Brasília: MAPA. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/portal/page/
portal/Internet-MAPA/pagina-inicial/servicos-e-sistemas/sistemas/agrostat>. Acesso em: abr. 2015.

 

4Exceto fumo e seus produtos (sem exportações nos primeiros trimestres de 2014 e de 2015).

 

 

Palavras-chave: agronegócio, balança comercial, exportações, importações.

Data de Publicação: 04/05/2015

Autor(es): José Roberto Vicente (jrvicente@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor