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Perspectivas para Plantio de Trigo em São Paulo: safra 2015
A produção brasileira de trigo em 2014 está estimada
pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)1
em 6,0 milhões de toneladas, frustrando, portanto, a expectativa inicial
de obtenção do volume recorde de 7,7 milhões de toneladas, decorrente de
adversidades climáticas, notadamente no Rio Grande do Sul, segundo maior Estado
produtor do Brasil, onde as perdas foram superiores a 1,0 milhão de toneladas.
Além das perdas físicas, a qualidade também foi afetada, desvalorizando o
produto, notadamente nos Estados da região Sul, inclusive Para 2015, no início da época
de plantio, mormente no Paraná e em São Paulo, que são Estados onde se planta
mais cedo, mesmo com a elevação da taxa de câmbio, as primeiras estimativas não
apontam para aumento de área em virtude das baixas cotações internacionais das
commodities. O consequente
encarecimento das importações de trigo deverá valorizar o produto nacional,
mas, por outro lado, insumos importados devem ficar mais caros impactando os
custos de produção. Nessa conjuntura, são amplas as possibilidades relativas à
situação financeira do triticultor. O produtor que adquiriu os insumos com
taxas de câmbio mais favoráveis encontra-se numa situação mais confortável e,
portanto, pode estar mais estimulado a plantar. No mercado internacional de trigo, o Departamento de
Agricultura dos Estados Unidos (USDA)2
projeta para 2014/15 uma produção mundial recorde de 725 milhões de toneladas.
Da mesma forma, os estoques finais estão projetados em 198 milhões de toneladas,
6,0% superior à da temporada anterior. A produção, segundo a mesma fonte,
crescerá 1,1%, tanto para o grupo de países ranqueados como “maiores
importadores”, quanto para os considerados “maiores exportadores”. Conforme
dados da revista “Suma Economica”3
de abril de 2015, o valor médio da cotação de trigo na Bolsa de Chicago
(US$506,92 por bushel) é o menor
valor de fechamento para maio registrados no mês de março dos últimos cinco
anos e 25% inferior à média de março de 2014. Nessa conjuntura, no momento, a perspectiva em São
Paulo, conforme relatos de técnicos das principais regiões produtoras do Estado,
é de que haja redução de 10% a 15% de área de cultivo de trigo, em favor de
elevação de área de milho safrinha e também de cevada. Em fevereiro de 2015, o
levantamento Previsões e Estimativas das Safras Agrícolas do Estado de São
Paulo, do IEA/CATI, acusava queda de área 3,8%. Todavia, dois fatores indicam
que ainda há espaço para reversão dessa tendência: o período recomendado para
plantio, que se estende até 20 de maio, conforme o zoneamento agrícola, e o
fato de que o balanço de oferta e demanda no MERCOSUl está apertado, com
previsão de que os preços ainda possam reagir levando a opções tardias pelo
plantio de trigo. Contudo, verifica-se que os preços médios recebidos pelos
triticultores ensaiam movimento de elevação em março, 4% relativamente ao mês
anterior, mas ainda estão 6,0% abaixo do preço mínimo estabelecido pelo governo
para o trigo tipo pão (Figura 1). Em 2014, comparando-se a figura 1 e a tabela 1,
verifica-se que os produtores responderam aos elevados níveis de preço que vigoraram
desde meados de 2013, refletindo um aumento de 36% na área cultivada com trigo
em São Paulo e de 27% na produtividade, resultando em um volume de produção
recorde dos últimos cinco anos. O quadro conjuntural hoje é bem diferente, de forma
que os níveis de redução de área apontados pela pesquisa de intenção de plantio4,
bem como pela expectativa dos técnicos das principais regiões produtoras do
estado, são modestos. Internamente, a tendência dos preços é de crescimento.
Segundo o levantamento diário de preços do Instituto de Economia Agrícola5
em 23/04/2015, na regional de Avaré, o preço de trigo recebido pelos produtores
foi de R$703,33 por tonelada. __________________________________________________ 1COMPANHIA
NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB. Acompanhamento
da safra brasileira de grãos. Brasília: CONAB, 2013. v. 1, n. 3. Disponível
em: <http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/15_04_10_09_22_05_boletim_graos_abril_2015.pdf>. Acesso em: 22 abr. 2015. 2UNITED
STATES DEPARTAMENT OF AGRICULTURE - USDA. World
agricultural supply and demand estimates. Washington: USDA.
Disponível em: <http://www.usda.gov/oce/commodity/wasde/latest.pdf>.
Acesso em: 22 abr. 2015. 3SUMA
ECONOMICA. Banco de dados. Rio de
Janeiro. Disponível em: <http://www.sumaeconomica.com.br/exibetabela.asp>. Acesso em: 17 abr. 2015. 4ANGELO,
J. A. et al. Previsões estimativas das safras agrícolas do Estado de São Paulo,
ano agrícola 214-15, fevereiro de 2015. Análises
e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 10, n. 4, abr. 2015. Disponível
em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=13648>.
Acesso em: 23 abr. 2015. 5INSTITUTO
DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de dados. São Paulo: IEA.
Disponível em: <http://ciagri.iea. Palavras-chave: plantio de
trigo, São Paulo, safra 2015.dno Paraná,
maior Estado produtor.
sp.gov.br/precosdiarios/precosdiariosrecebidos.aspx>.
Acesso em: 23 abr. 2015.
Data de Publicação: 04/05/2015
Autor(es): José Roberto Da Silva (josersilva@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor