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Efetivo de Bovinos, Suínos, Frango de Corte e Galinhas de Postura no Estado de São Paulo, 2005 a 2014
Fazem parte desse levantamento as
seguintes criações, além da área de pastagens: apicultura, bovinos de leite e
corte, bubalinos, caprinocultura de corte e leite, codornas de postura e corte,
equinos, frangos de corte e galinhas de postura, matrizes de frangos de corte e
postura, matrizes de codornas de corte e postura, muares, ovinocultura de
corte, perus, sericicultura e suínos. Nos dois levantamentos, o prévio em junho
e o definitivo em novembro, objetiva-se quantificar as populações animais e
suas respectivas produções por meio de avaliação subjetiva dos técnicos das
Casas de Agricultura presentes nos 645 municípios do estado. Também são
incluídas nos levantamentos informações relativas aos insumos de algumas
explorações, e a área de pastagem é um exemplo, pois, no caso de bovinocultura
de corte e de leite, ela é necessária para determinar o rendimento por hectare,
a área de plantação de amoreiras e grama de ovos do bicho da seda, no caso da
sericicultura, e número de colmeias no caso da apicultura (levantamento
subjetivo do IEA). Objetiva-se com este estudo
verificar a evolução do rebanho de bovinos de corte e leite, frangos de corte e
galinhas de postura, e suínos. Os levantamentos subjetivos do IEA têm o mérito de ser um “censo
municipal”, executado por todas as Casas de Agricultura da SAA, com base na
vivência dos seus técnicos sobre o meio rural. No caso específico das criações,
que são objetivo deste trabalho, o registro das alterações vividas pela
agropecuária paulista, em número de seus elementos, estimula a reflexão sobre
os rebanhos do estado: bovinos, suínos e aves. Restringindo o período de
análise aos últimos dez anos (2005 até 2014), pretende-se apresentar a evolução
destas criações no estado e verificar a taxa de crescimento desta população
animal. Partindo-se da metodologia descrita por Matos (2000)2 e Ramanathan
(2000)3, foram utilizados o tempo como a variável independente (x) e
o número de cabeças como a variável dependente (y). Aplicou-se a base
logarítmica sobre os dados para o cálculo da taxa de crescimento da população
animal, através do cálculo exponencial do resultado da regressão destes números
mostra a taxa de crescimento. Os resultados
obtidos para cada grupo animal sinalizam a tendência da configuração estadual
do efetivo animal das principais cadeias -
bovinos, suínos e frangos. Também pretende-se neste mesmo período
analisado (2005–2014) mostrar a participação percentual do estado frente
ao total do Brasil até 2013, que é o último ano disponível divulgado pelo IBGE4. Ao abordar a bovinocultura, é necessário também apresentar a área
de pastagem no estado, pois a criação de ruminantes e equídeos no Brasil é
feita de forma extensiva pela maior parte dos criadores, dependente, portanto,
da disponibilidade de área. O Estado de São
Paulo tem apresentado quedas constantes em hectares de pastagens nos últimos
dez anos, pasto natural e pasto cultivado, mais de 3.312 mil hectares (Figura
1). A redução na área de pastagem é frequentemente associada à demanda de terra
por outras atividades de maior rendimento por hectare; no período analisado, as
culturas da cana-de-açúcar e do eucalipto foram as que
demandaram maior espaço5. A queda em área de pastagem total neste
período representou uma taxa de crescimento negativa de 4,3% ao ano, indicando
que em dez anos (2005 a 2014), a restrição à criação extensiva foi um dado que
a atividade teve de encontrar alternativas para se manter.
O número total de bovinos em 2014 no Estado de São Paulo, conforme
o IEA/CATI6, foi estimado em 10,3 milhões de cabeças e, da mesma
forma que na área de pastagem, houve uma redução em relação a 2005 de 25,1%
(Figura 2), que correspondeu a uma taxa de crescimento negativa de 13,7% ao
ano. A população bovina do Estado de São Paulo corresponde a aproximadamente
4,9% do rebanho brasileiro segundo o IBGE7, considerando-se o número
total de bovinos.
Os dados desagregados sobre o número de bovinos (Figura 3) e
classificados por aptidão do rebanho, corte, leite e misto indicam que o número
de bovinos da categoria misto, rebanho
bovino que é destinado tanto ao abate como à produção de leite, apresentou a maior redução percentual
(31,5%) nos últimos dez anos. O número de bovinos destinados à produção de
leite decresceu em 27,1% e os bovinos de corte em 23,4%, equivalente a 5,8
milhões de cabeças em 2014. Ao calcular a taxa de crescimento
por categoria, verificou-se que o gado misto decresceu aproximadamente em 4%, o
gado leiteiro em 3,4%, seguido pelo rebanho de corte em 3,4%. As reduções na área disponível para a criação de bovinos e no
número total de animais são coerentes e podem indicar que a atividade está se
readequando às condições do estado quanto à demanda por área de outras
atividades, ou seja, a pecuária extensiva perde espaço frente a outras explorações,
como a cana-de-açúcar, por exemplo8.
Uma
das alternativas para contornar a redução de área de pastagem é a mudança no
processo produtivo, da forma extensiva para a confinada ou semiconfinada. No
Brasil, conforme matéria divulgada a partir de entrevista com representante da Associação Brasileira de
Confinadores (ASSOCON)9, o confinamento e o semiconfinamento
representam aproximadamente 10% do volume de animais abatidos no Brasil. A
partir da informação de que
São Paulo
seria responsável por 740 milhões de animais confinados em 2013, deduz-se que
a participação do estado no volume brasileiro de animais abatidos oriundos do
confinamento seria de 17,6% em 2013. O confinamento e o semiconfinamento em São
Paulo parecem se constituir na solução para a competição por área disponível
para a produção agropecuária. Os números de frangos de corte e galinhas de postura em 2014
indicam a existência de um plantel instalado de 198,7 milhões de cabeças de
galináceos, 151,2 milhões de frangos de corte e 47,5 milhões de galinhas de
postura (Figura 4), segundo o levantamento subjetivo do IEA10.
Calculando-se a taxa anual de crescimento no total de aves instaladas,
verificou-se que houve um incremento anual de 2,0%. Contabilizar a população de
galináceos é uma tarefa ingrata, pois, ao longo do ano, este número flutua, já que
as aves criadas para o abate e para postura em granjas comerciais têm um ciclo
de produção curto, renovando-se antes de um ano, no caso de frango de corte. A
cada 60 dias, o ciclo de produção do frango de corte industrial pode se
reiniciar e, portanto, o número de aves declarados na granja no dia da pesquisa
refere-se ao número de aves alojadas na data da pesquisa. A participação do
Estado de São Paulo no número total de aves divulgado pelo IBGE11 para
o ano de 2013 foi de 17,3% e verifica-se que esta participação se mantém
constante, entre 17% e 18%, no período analisado.
A estimativa do efetivo de suínos no estado é da ordem de 1,2
milhão de cabeças, conforme o levantamento da SAA, em 2014. Este número
representa queda de 21,3% em relação ao efetivo de 2005 (Figura 5) e, para o
período todo, a taxa de crescimento anual foi negativa em 4,0%. O rebanho paulista de suínos tem como
característica a condução, na sua maioria, por pequenos e médios suinocultores12.
O baixo rendimento do rebanho dificul- ta o resultado da suinocultura paulista e de certa forma
desestimula o crescimento da atividade no estado. A participação do rebanho paulista no Brasil
em 2013 situa-se em 3,9%, conforme o IBGE.
Em resumo, as
populações bovina e suína dentro do Estado de São Paulo no período de 2005 a 2014
tiveram seus rebanhos reduzidos ao ano em 3,0% a 4,0% no conjunto, e a área de
pastagem foi reduzida em 4,3%. A criação de bovinos - corte e leite - enfrenta
a limitação dos custos crescentes e do rendimento por área inferior em relação
a outras atividades. Para alguns criadores, as possíveis dificuldades para
permanecer na atividade parecem estar favorecendo a migração destes para outras
atividades mais competitivas nos dez anos analisados, por exemplo, para
cana-de-açúcar13. No caso da pecuária leiteira, mais intensamente
que na pecuária de corte, vários fatores adversos pesaram contra a atividade, como
por exemplo, os novos direcionamentos dos laticínios, que priorizaram
produtores com maior volume de entrega e a concorrência do leite produzido em
outros estados14. Para permanecer na atividade, devem manter em seus
rebanhos vacas leiteiras que apresentem resultados em produção de leite que
cubram seus custos totais, principalmente o de alimentação, e isso parece que
só é possível em rebanhos tecnificados e de grande produção15. Na
suinocultura, o fator limitante parece estar relacionado às características dos
produtores paulistas, que em grande parte não têm escala de produção para se
manter na atividade e não têm disposição ao associativismo em cooperativas como
maneira para atingir escala de criação economicamente viável, pois o custo da
alimentação no Estado de São Paulo é alto16. Por fim, o único grupo
que apresentou uma taxa de crescimento positiva de 2,0% foi o das aves, frangos
de corte e galinhas de postura. Analisando-o separadamente, observa-se que o
crescimento das aves de postura foi mais significativo (2,5%) que o do número
de frangos de corte (1,9%). O fato de que o Estado de São Paulo é o maior
produtor nacional de ovos de galinha, conforme o IBGE17, juntamente
com o desempenho do setor parecem justificar boa parte deste resultado. Quanto
aos produtores de frango de corte paulista, a maior adesão ao sistema integrado
de criação parece ter significado uma saída para continuar na atividade, pois o
comprometimento de capital é menor. Algumas hipóteses foram colocadas para
tentar explicar o comportamento do efetivo animal do Estado de São Paulo em
número de indivíduos. Novos trabalhos são necessários para a verificação destas
hipóteses, porém, acredita-se que a criação animal do estado tende a mostrar um
novo arranjo, que passa pela seleção de produtores mais tecnificados, cujo
rendimento seja compatível com a viabilidade econômica da atividade. 1Levantamento
Subjetivo - INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de dados. São Paulo: IEA. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/bancodedados.html>. Acesso em: 10
mar. 2015. 2MATOS, O. C. de. Econometria básica. São Paulo: Atlas. 2000, 300 p. 3RAMANATHAN, R. Introductory econometrics: with
applications. United States of America:
The Dryden Press, 1998. 664
p. 4INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Banco de dados. Rio de Janeiro: IBGE. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/home/>. Acesso em: 15 mar. 2015. 5ANGELO, J. A. et al. Mudanças na composição agropecuária e florestal
paulista, 1999 e 2008. Análises e
Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 5, n. 3, mar. 2000. 6Op.
cit. nota 1. 7Op.
cit. nota 4. 8BACCARIN,
J. G.; ALEIXO, S. S. Distanciam-se produção e consumo de leite em São Paulo. Segurança Alimentar e Nutricional,
Campinas, v. 20, n 1, p. 62-79, 2013. 9GOMES,
F. Confinamento bovino deve crescer menos
por custo elevado. Exame.com, São Paulo, 22 maio 2014. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/economia/noticias/confinamento-bovino-deve-crescer-menos-por-custo-elevado>.
Acesso em: 15 mar. 2015. 10Op. cit. nota 1. 11Op. cit. nota 4. 12FACHINI,
C.; OLIVEIRA, S. R. de; DOLIVEIRA, S. L. F. Diagnóstico
do perfil sócio-econômico e tipificação técnica dos suinocultores para o
projeto de incremento do potencial genético do plantel de suínos de Itapeva.
In: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ZOOTECNISTAS, 2009, Águas de Lindóia. Anais...
Águas de Lindóia: FZEA/USP-ABZ, 2009. 13Op.cit. nota 8. 14Op. cit. nota 8. 15GOMES,
S. T. Viabilidade da produção de leite
em São Paulo. Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 13 p. Disponível
em: <http://www.ufv.br/der/docentes/stg/stg_artigos/stg_artigos.htm>.
Acesso em: 13 mar. 2015. 16Op.
cit. nota 12. 17Op.
cit. nota 4. Palavras-chave: taxa de crescimento, Levantamento Subjetivo IEA/CATI, efetivo da avicultura, bovinocultura e suinocultura, pecuária. O levantamento por município, também
conhecido por subjetivo, realizado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) e
Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), da Secretaria de
Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA-SP), é realizado nos
meses de fevereiro, abril, junho, setembro e novembro, sendo que em junho
(previsão) e novembro (estimativa final) incluem-se em sua pesquisa questões
sobre a população e a produção animal do estado. As informações sobre as
cadeias animais, levantadas nos meses de junho e novembro, têm por base os
municípios e são relativas às populações e às produções animais de São Paulo,
agrupadas por Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) e totalizadas para o
Estado1.
Data de Publicação: 22/04/2015
Autor(es):
Carlos Roberto Ferreira Bueno Consulte outros textos deste autor
Vagner Azarias Martins (vagnermartins@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Denise Viani Caser (dcaser@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor