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Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista: alta de 2,06% em março de 2015
O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela
Agropecuária Paulista (IqPR)1, 2 (que mede a variação dos preços
recebidos pelos produtores paulistas) registrou alta de 2,06% em março de 2015
na comparação com o mês anterior. Na decomposição dos grupos de produtos,
IqPR-V (produtos de origem vegetal) e IqPR-A (produtos de origem animal)
encerraram o mês com valorizações respectivas de 1,69% e 3,16% (Tabela 1). Na tabela 1, também são apresentados os
comportamentos das variações nas quatro quadrissemanas de março/2015 e do
acumulado do ano (últimos 12 meses). Quando a cana-de-açúcar (que em
março teve alta de 0,79%) é excluída do cálculo do índice na ponderação dos
produtos, o IqPR (geral) encerra março/2015 com alta de 3,42%, ou seja, 1,36
ponto percentual maior em relação ao IqPR com cana. No caso do IqPR-V, o
reajuste contabilizado sem a cultura canavieira atingiu 2,02 pontos percentuais maiores quando comparado ao índice com cana,
apresentando variação positiva de 3,71% (Tabela 1). Os produtos do IqPR que apresentaram as maiores
altas nas cotações do mês de março/15 em relação a fevereiro/2015 foram, pela
ordem: banana nanica (45,57%), ovos (14,62%) e batata (12,99%) (Tabela 2). O retorno às aulas eleva a demanda por banana com
sua inclusão em grandes quantidades no cardápio da merenda escolar, o que
consequentemente melhora os preços recebidos pelos produtores, fenômeno que se repete
todos os anos. O maior consumo de ovos
em substituição às carnes no período da quaresma, aliado ao menor nível de
postura com o final do verão, ocasiona recorrente elevação de seus preços nesse
período. No caso da batata, a
falta de chuvas que prejudicou a formação dos tubérculos reduziu a oferta do
produto na última safra, o que consequentemente elevou o valor recebido pelos
agricultores. Os produtos agrícolas que apresentaram quedas mais
significativas de preços em março/2015 foram: arroz (5,19%) e laranja para
indústria (3,76%). No caso do arroz, o excesso
de oferta presente no mercado com o período da safra gaúcha desponta como
principal justificativa da baixa dos preços do produto recebido pelos
arrozeiros paulistas. Para a laranja, em razão da maior oferta do produto e dos
elevados níveis de estoque de suco, o preço recebido pela caixa da fruta em
março foi 3,76% abaixo do registrado em fevereiro de 2015. Em resumo, no mês de março, 13 produtos apresentaram
alta de preços (9 de origem vegetal e 4 de origem animal) e 6 apresentaram
queda (5 vegetais e 1 de origem animal). ACUMULADO
DOS ÚLTIMOS 12 MESES No acumulado dos últimos 12
meses (março/2014 a março/1015), o IqPR registrou variação positiva de 7,16%
puxado pelos reajustes do IqPR-V (produtos vegetais) e do IqPR-A (animal),
que tiveram altas respectivas de 6,94% e 7,31%. Sem a cana-de-açúcar (cujo
valor do ATR teve variação positiva de 3,60% na comparação com março de 2014),
os índices acumulados tiveram valorizações maiores, sob a interferência dos
reajustes ocorridos na batata, nas laranjas, no café, no feijão e no arroz
(produtos presentes no cotidiano da alimentação brasileira): IqPR sobe 10,59% e
o IqPR-V (vegetais) salta 12,89%. Na figura 1, observa-se o comportamento das variações
dos índices. O IqPR (linha azul) mantém a tendência de crescimento influenciado
pela variação mensal positiva do ATR da cana ocorrida até maio de 2014 e pelas
quebras de produção de outros produtos ocasionadas pelo clima (seco e quente).
Nos meses de junho e julho, inverte-se o direcionamento, com variações
negativas para a maioria dos produtos de origem animal e vegetal. A partir de
agosto, houve nova reversão, com todos os índices positivos e crescentes até
março de 2015, com a exceção dos produtos de origem animal (IqPR-A) que, entre
dezembro/2014 e janeiro/2015, tiveram desaceleração por conta das baixas
cotações do leite e das carnes suínas e de frango. Mais recentemente (desde
fevereiro/2015), influenciado pela alta do preço dos ovos, o IqPR-A retoma o
crescimento dessa tendência altista que, a partir de março, associa-se também
às variações das carnes (Tabela 1). Na comparação entre março de
2015 e o mesmo mês do ano anterior, nove produtos apresentaram variações
positivas, enquanto dez tiveram variações negativas. Os produtos que tiveram
preços com incrementos em patamares mais elevados que a inflação acumulada nos
últimos 12 meses, medidos pelo IPCA-IBGE em 8,13%, são os seguintes: batata
(35,64%), laranja para indústria (31,58%), carne bovina (18,09%), feijão
(13,91%) e laranja para mesa (9,97%). Já os valores da carne suína (4,71%), do
arroz (3,63%), do ATR da cana-de-açúcar (3,60%) e do café
(2,43%) tiveram variações positivas, abaixo, porém, da inflação acumulada
(Tabela 2). Os produtos que apresentaram reduções de preços nos
últimos 12 meses foram: tomate para mesa (35,48%), banana nanica (30,76%),
trigo (28,36%), algodão (17,88%), milho (13,12%), leite cru resfriado (7,33%),
soja (6,70%), ovos (5,93%), carne de frango (4,85%) e amendoim (4,51%) (Tabela
2). ________________________________________________________ 1A fórmula de
cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da
produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas
pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas
comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os
preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/03/2015
a 31/03/2015 e base = 01/02/2015 a 28/02/2015. 2Artigo completo
com a metodologia. PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de preços recebidos
pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.
38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573>.
Acesso em: abr. 2015. Palavras-chave: IqPR, índice
agricultura, preços agrícolas, quadrissemana.
Data de Publicação: 17/04/2015
Autor(es):
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor