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IEA analisa o Plano Agrícola e Pecuário 2015/16
No
Brasil, a política agrícola é formulada pelos Ministérios da Agricultura (Mapa)
e do Desenvolvimento Agrário (MDA), baseando-se em ações de apoio à gestão,
financiamento e seguro da produção, formação de estoques e garantia de preços
mínimos, que ocorrem, basicamente, por meio dos instrumentos de política
agrícola, informa o Instituto de Economia Agrícola (IEA/Apta) da Secretaria de
Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. O Plano Agrícola e Pecuário
(PAP) reúne, a cada safra, o principal conjunto de ações voltadas para atender
a política agrícola nacional, que tem como eixos principais o crédito, o seguro
e a garantia de preços.
“O
volume de crédito disponibilizado aos agricultores vem crescendo1a
cada ano safra e, juntamente com o crédito privado e o autofinanciamento, tem
atendido ao setor satisfatoriamente, visto o resultado observado na produção de
grãos e no complexo carnes. No entanto, a oferta ascendente de recursos deve
ser mantida para continuar ampliando o número de beneficiários nas condições
previstas pelo PAP”, afirmam Terezinha Joyce Franca, Rejane Ramos, José
Roberto da Silva e Samira Aoun, pesquisadores do IEA.
Em 2014,
do total de recursos aplicados, segundo o Banco Central, os médios produtores
receberam R$ 19 bilhões (11,5%) e a agricultura familiar R$ 25 bilhões (15%),
ou seja, 26,5% do valor concedido. São Paulo recebeu R$ 21,1 bilhões, 12,7% do
total nacional, mantendo sua participação nos últimos anos, dos quais 11,5%
foram aplicados por meio do Pronamp e 5% do Pronaf.
Nesse
sentido, a manutenção das medidas que privilegiaram a modalidade Pronamp, como
o aumento da oferta de recursos e a elevação do limite de financiamento para
custeio (R$660 mil) e investimento (R$385 mil) é fundamental para São Paulo
dada a participação do médio produtor rural na agricultura paulista.
Com
relação à taxa de juros, espera-se que sejam mantidas aquelas fixadas no PAP
2014/15 - entre 4% e 8%, compatíveis com a atividade em grande parte dos
empreendimentos, principalmente diante de uma conjuntura de alta da inflação e
elevação dos juros (SELIC - 12,15% a.a. - fev. 2015). Grande parte dos
financiamentos ocorre a taxas de juros controlados. Estes, por sua vez, dependem
em grande parte dos depósitos à vista (exigibilidades) e podem sofrer impacto
negativo desse cenário macroeconômico.
A
crescente produção agropecuária exige como contrapartida infra-estrutura de
armazenagem e bom fluxo de escoamento, sendo necessária a manutenção de
estímulo e incentivos para investimento nessas áreas, bem como para o
Moderfrota, visando à renovação da frota de máquinas agrícolas.
Dos
programas do governo federal destinados aos produtores rurais, suas associações
e cooperativas, o Programa para Redução da Emissão de Gases de Efeito Estufa na
Agricultura (Programa ABC) prevê linha de financiamento que contempla a
recuperação de reserva legal e de áreas de preservação permanente, além de
disponibilizar recursos para boas práticas agrícolas, como plantio direto e
sistemas de produção integrados, entre outras. Nessa conjuntura, é bem-vindo o
apoio a projetos de implantação de viveiros de mudas florestais para atender a
baixo custo às exigências ambientais.
O
principal instrumento de mitigação de risco na agricultura em todo o mundo é o
seguro rural. O setor do agronegócio respondeu, segundo o Cepea/Esalq, por
22,58% do PIB nacional em 2013 e desempenha, portanto, papel fundamental para o
país. O agronegócio está muito exposto às incertezas climáticas, principalmente
aos eventos extremos, cada vez mais frequentes. O Brasil precisa, portanto,
reforçar sua política agrícola voltada para o seguro da renda agrícola. O
governo federal alocou, para o ano de 2014, R$ 700 milhões para o Programa de
Subvenção ao Prêmio de Seguro Rural, mas apenas R$ 400 milhões ficaram à
disposição dos produtores.
A
incerteza quanto à efetiva e oportuna liberação de recursos para a subvenção ao
prêmio por parte do governo federal todo ano traz uma grande insegurança para o
produtor e para as seguradoras, pois ambos vêm cumprindo sua parte: o produtor
pagando a parcela que lhe cabe no prêmio e as seguradoras na oferta do seguro e
no pagamento de indenização nos casos de sinistro.
Outro
ponto fundamental é não permitir o seguro “casado” com o financiamento; o
seguro deve ser da produção e não do financiamento. Essa sistemática pode
dificultar a livre escolha da seguradora pelo produtor, criando um conflito
entre o agente financiador e o produtor rural, além de enfraquecer o mercado
privado segurador.
“A
importância do planejamento em médio prazo é reconhecida por todos os setores
envolvidos na agropecuária e vem sendo prometido pelo governo há pelo menos
cinco safras. O ideal seria que houvesse um programa de metas com plano
plurianual, dando maior segurança e estabilidade aos produtores e instituições, ressaltam os
pesquisadores.
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Nara Guimarães
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naraguimaraes@sp.gov.br
Data de Publicação: 18/03/2015
Autor(es): Nara Guimarães (naraguimaraes@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor