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Curva Futura do Café em Fevereiro: mercado manifesta exacerbado otimismo
Em fevereiro, os agentes atuantes no mercado de
juros da BM&F-Bovespa anteviam possibilidade de nova majoração na taxa de
juros básico da economia (SELIC), o que de fato ocorreu no em 04/03/2015.
Assim, a média semanal dos contratos de juros futuros operou com alta entre a primeira
e a terceira semana do mês, exibindo ligeiro recuo a quarta (Figura 1). O aumento de 0,5% na taxa SELIC até então vigente
sinaliza que a equipe econômica está efetivamente comprometida com a
implementação de ajustes necessários para deter a escalada inflacionária,
observada recentemente na pós-majoração das tarifas públicas longamente
represadas. Em contrapartida, espera-se queda do nível da atividade econômica e
piora no nível do emprego. No mercado de contratos de dólar futuro da
BM&F-Bovespa, houve mudança no patamar da paridade cambial ao longo das
três primeiras semanas de fevereiro (Figura 2). O fortalecimento da moeda
estadunidense em âmbito global, associado à crise de confiança que vigora na
economia interna, amplificou as perdas do real que, já na primeira semana de
março, alcançou os R$3,00/US$. A desvalorização do real contribuiu, em parte,
para arrefecer as perdas acumuladas em fevereiro nas cotações do mercado de
café. Em fevereiro de 2015, observou-se no mercado de
contratos futuros de arábica da Bolsa de Nova York (ICE) contínua queda nas
cotações semanais. Enquanto na média da primeira semana o mercado registrava
cotação de US$¢171,82/lbp para a posição de setembro de 2015, na quarta semana
essa média caiu para US$¢153,68/lbp, ou seja, declínio de 10,56% no período
(Figura 3). A cotação do café na Bolsa de Nova
York, em fevereiro de 2015, para o vencimento em setembro de 2015, contabilizou
média de US$¢164,26/lbp, representando R$542,38 (descontado o deságio médio de
qualidade do produto brasileiro de 12%). Considerando-se que o preço médio a
vista do café em Franca, Estado de São Paulo, foi de R$467,58/sc. em fevereiro
de 20152, tem-se valor positivo de R$74,80/sc. para aquele que contratou hedge do café na Bolsa de Nova York e do dólar na BM&F, ambos
para vencimento em setembro de 2015. O bom volume de precipitações,
ocorrido em fevereiro sobre os principais cinturões produtores de arábica no
Brasil, desencadeou percepção por parte dos investidores de que possa haver
recuperação da safra 2015/16. Esse fator, associado à aproximação do término do
inverno no Hemisfério Norte e ao forte ritmo de embarques, tanto do Brasil
quanto de outros competidores no mercado mundial, provocou o movimento baixista
observado no mês. Na bolsa londrina, os negócios
com café robusta oscilaram bastante ao longo das quatro semanas de fevereiro,
com as três primeiras em alta e a última em acentuada baixa (Figura 4). O
incremento das cotações do robusta, associado à queda nas do arábica, tornou
mais conveniente aos importadores alterar a composição das ligas com elevação
do conteúdo de arábica, motivando em parte a desvalorização no robusta. A posição semanal dos contratos
futuros de café arábica exibiu movimento típico do chamado “efeito manada”. Na
primeira semana de fevereiro, os fundos e grandes investidores detinham posição
líquida de 10.185 contratos, declinando para 1.139 na última semana do mês
(Tabela 1). Aparentemente, esses investidores estão muito confiantes na
quantidade de café que será colhida no Brasil, algo temerário, tendo em vista
que as lavouras floresceram ainda sob prevalência da anomalia climática de
2014/janeiro de 2015. 1O autor agradece
o trabalho de sistematização do banco de dados econômicos conduzido pelo Agente
de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do IEA, o analista de sistemas
Paulo Sérgio Caldeira Franco. 2INSTITUTO
DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de
dados. São Paulo: IEA. Disponível em: <http://ciagri.iea.sp.gov.br/precosdiarios/precosdiariosrecebidos.aspx>. Acesso em: mar.
2015. Palavras-chave:
mercado futuro, Bolsa de Valores, cotações do café.
Data de Publicação: 12/03/2015
Autor(es): Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor