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Previsões e Estimativas das Safras Agrícolas do Estado de São Paulo, 2° Levantamento, Ano Agrícola 2014/15, e Levantamento Final, Ano Agrícola 2013/14, Novembro de 2014
1 – INTRODUÇÃO As previsões de área e produção de
culturas no Estado de São Paulo referentes à safra agrícola 2014/15 e as
estimativas de 2013/14 foram obtidas em levantamento realizado entre os
dias 3 a 24 de novembro de 2014, pelo Instituto de Economia Agrícola
( 2 - ACOMPANHAMENTO DA SAFRA AGRÍCOLA 2014/15 O
acompanhamento inicial da safra paulista de grãos 2014/15
- algodão, amendoim e feijão das águas, arroz,
milho e soja - indica queda de 2,8% na área cultivada. É esperado, porém,
aumento na produção de 19,1% quando comparado com o final da safra 2013/14, que
registrou baixa produtividade devido a problemas climáticos (seca e calor). A
área total prevista de plantio da atual safra alcança 1,33 milhão de hectares,
contra 1,37 milhão de hectares na safra 2013/14 (Tabela 1). As
previsões para o plantio do amendoim das águas, quando comparadas à safra
anterior, apontam pequeno aumento na área plantada (1,4%) e incremento de 27,2%
da produção. Essa dinâmica se constrói a partir das expectativas de produção
frustradas pela seca, das condições de acesso às áreas de renovação de
canaviais e da aposta na retomada da produtividade alcançada anteriormente. A cotonicultura no Estado de São Paulo,
conforme o levantamento de novembro de 2014, mantém praticamente a mesma área
verificada na pesquisa da intenção de plantio em setembro de 2014. Com área
estadual de 7,3 mil hectares, confirma a expectativa de redução em área, frente
à safra anterior de 2013/14, que foi de 11,6 mil hectares. Os números da
redução de área no Brasil devem ficar em torno de 13%, visto que a China,
segundo analistas do setor, reduzirá suas compras, dado que seus estoques estão
altos. Com preços internacionais mais baixos e maior incidência de pragas, em
especial o bicudo, a cultura sinaliza com a redução de área. Segundo
informações dos técnicos das Casas de Agricultura da região de maior área no
Estado, como consequência dos problemas climáticos e da incidência de pragas,
houve redução no rendimento médio para 218 @/ha. A sinalização do mercado
internacional e as difíceis condições de cultivo no Estado parecem justificar a
queda acentuada em área (-37,3%), em produção (-46,2%) e em rendimento
(-14,2%). Entretanto, esse quadro ainda pode sofrer alterações, pois grandes
importadores, como Índia, Paquistão e Turquia, podem elevar suas compras para
reposição de estoques, estimulados por preços internacionais menores além da
demanda da indústria têxtil nacional. Por outro lado, a concorrência com as
fibras sintéticas pesa a favor dos derivados do petróleo, aumentando a
competitividade destas frente ao algodão. Quanto à cultura do arroz
(sequeiro várzea e irrigado), os resultados do segundo levantamento para a
safra 2014/15 apontam retrações na área de 9,4% e na produção de 3,9%, contabilizando 66,8 mil toneladas, com ganhos
esperados de 6,1% na produtividade. Para o feijão
das águas, o levantamento atual aponta retração de 28,5% na área cultivada em
2014/15 com 42,5 mil hectares, devida à conjuntura de preços baixos verificados
em meados de 2014, já que houve oferta maior do produto da safra de inverno. A
produção paulista prevista é de 96,9 mil toneladas, 14,0% menor em relação à
safra 2013/14, com produtividade média esperada de 2.283 kg/ha (20,3% maior),
não sendo suficiente para compensar a redução na área plantada. A previsão da 1ª safra de milho no Estado de São
Paulo, apurada em novembro de 2014, indica uma redução de área plantada de 4,5%
e um aumento na produção de 11,1% em relação à safra anterior, por conta dos
ganhos em 16,4% na produtividade. No seu estudo de acompanhamento da safra
brasileira de grãos de janeiro de Para a sojicultura
estão previstas manutenção da área explorada (+0,2%), comparativamente à safra
2013/14, totalizando 706,9 mil hectares e elevação da produtividade em 32,4%,
refletindo expressivamente nos ganhos de produção em 32,6%. O
cultivo da batata das águas da safra paulista 2014/15 nesse levantamento indica
diminuições de 4,1% na área plantada, de 8,1% na produção e de 4,2% na
produtividade. A primeira estimativa
da safra de café 2015/16 para o Estado de São Paulo indica provável quantidade
a ser colhida de 4,06 milhões de sacas beneficiadas, representando redução de
11,6%, frente ao dado final da safra anterior. O resultado apurado foi
fortemente influenciado pela queda na estimativa preliminar de produção no
principal cinturão cafeeiro da Alta Mogiana de Franca, em que o declínio
atingiu 40% do volume colhido em 2013/14. Nesta região, estima-se que a área
submetida a podas de condução tenha alcançado 25% dos talhões cultivados que, associadas
tanto à irregularidade das precipitações contabilizadas até janeiro de 2015
quanto ao baixo pegamento das flores, constituem-se nas razões para a severa
diminuição no montante da safra esperada. Em contrapartida, nos cinturões de
São João da Boa Vista, Ourinhos, Espigão de Garça/Marília e Mantiqueira de
Bragança Paulista, as previsões apontam para incremento da produção, sem
capacidade, porém, de compensar as perdas registradas no cinturão francano. A provável queda na produção esperada,
sem que tenha havido redução na área produtiva (apenas 0,37% menos), é consequente
da produtividade média das lavouras que, de 22,5 sc./ha na safra 2013/14,
poderá reduzir-se para 20,04 sc./ha (safra 2014/15). Mesmo entre técnicos
experientes na cultura, existe relativa insegurança na elaboração da primeira
estimativa de safra – que ocorre em novembro, pois os frutos encontram-se nos
estágios iniciais de seu desenvolvimento. Ademais, com a regularização das
precipitações a partir de outubro do ano passado, as lavouras rapidamente
recuperaram vigoroso enfolhamento, escondendo ainda mais seu potencial
produtivo. De qualquer modo, o resultado apurado neste levantamento converge
para as opiniões de que dificilmente a safra brasileira 2014/15 será superior à
anterior, estando o caso paulista alinhado com essa percepção. Na bananicultura
observaram-se decréscimos de 1,5% na área plantada e de 1,7% na produção,
representando quantidade a ser colhida de 1.142,54 mil toneladas. O levantamento das
safras agrícolas do Estado de São Paulo, a
ser efetuado em fevereiro de 2015, deverá trazer informações mais
precisas sobre produções e produtividades para o ano agrícola 2014/15. 3 - RESULTADOS FINAIS, SAFRA AGRÍCOLA 2013/14 O levantamento de
novembro de 2014 finaliza as estimativas da safra 2013/14 para as culturas de:
cana-de-açúcar, laranja, cebola (muda e plantio direto), mandioca e tomate (para
indústria e para mesa). Seus resultados
encontram-se na tabela 2, acrescidas das demais culturas que tiveram suas
safras encerradas em levantamentos anteriores. Nesta safra, a cebola
de muda superou, em termos de área, a de plantio direto, que geralmente
constitui a maior parcela de área cultivada com cebola no estado. Destacaram-se
as elevações da área plantada, respectivamente, em 2,7 mil hectares e 2,4 mil
hectares (18,5% e 2,4% menores em relação à safra passada). A produção foi de
85,7 mil toneladas (-9,4%) e 99,1 mil toneladas (-0,6%), com incremento da produtividade
de 11,3% e 1,9%, respectivamente. O levantamento final
para a cultura da mandioca para indústria apontou acréscimo de 5,5% na área
plantada, com decréscimo de 3,4% na produtividade. Consequentemente, a produção
estimada em 969,4 mil toneladas é praticamente a mesma obtida na safra anterior
(0,2% maior). A safra de mandioca para mesa indica que o volume de 211,2 mil
toneladas produzidas é 3,9% superior ao estimado em 2012/13, mesmo verificando
queda 4,4% da área cultivada e de 2,0% na produtividade. O tomate de mesa teve retração de área
de 5,1% (8.160 hectares), com produção de 589,5 mil toneladas (7,1% menor) e
retração da produtividade em 2,1%. A área cultivada com tomate rasteiro foi
25,8% menor, provocando a diminuição de 25,5% da produção em relação à safra
passada, visto que a produtividade foi pouco alterada (0,4%). Para a cultura da
cana-de-açúcar, os resultados finais em termos estaduais apontam diminuições na
área plantada (1,5%), sendo que a maior parcela cabe à área nova (12,8%), visto
que a área em produção pouco se alterou (-0,13%), e na produção (9,7%), com
volume de 401,2 milhões de toneladas, principalmente pela queda da
produtividade que foi de 9,6%, em relação à safra passada. Como foi destacado
durante o acompanhamento desta safra, este quadro é decorrente da conjunção de
dois fatores: o primeiro refere-se à política econômica de administração dos
preços da gasolina, que inviabilizou a competitividade do etanol, causando
desestímulo e, por conseguinte, a crise do setor; o segundo é devido aos baixos
índices pluviométricos registrados durante a safra, afetando a produtividade. Este
último quadro implicou em diferentes comportamentos na queda da produtividade
nas regiões produtoras (Figura 1). Ressalte-se que os EDRs localizados no
leste do Estado (Registro, Bragança, Pindamonhangaba e São Paulo), que
apresentam percentuais elevados na queda da produtividade em relação à safra
passada, são regiões com participações pouco representativas no total da área
plantada em São Paulo; a produção nesses EDRs tem como finalidade obtenção de
produtos como a cachaça e outros derivados. Apenas duas regiões apresentaram
ganhos no rendimento: Jaú (0,97%) e mais expressivamente Presidente Prudente
com 24,8%, resultado que pode ser justificado pelo rendimento da safra 2012/13
que foi abaixo da média, 62,8 t/ha. Já para a safra que se encerra, foi
registrada 78,2 t/ha, ou seja, patamar mais próximo à realidade. Nas regiões tradicionais na exploração da cana-
-de-açúcar
para a produção de açúcar e álcool, somente nos EDRs de Orlândia e Ribeirão
Preto as perdas de rendimento não foram muito significativas, quando comparadas
com as demais localizadas ao norte e central do estado. A estimativa final da safra paulista de laranja para
2013/14 aponta para um volume total produzido de 290,69 milhões de caixas de Estima-se também que, do volume
total de caixas produzidas nesta safra, 81,5% terá como destino o processamento
industrial, ou seja, 236,96 milhões de caixas de 40,8 kg, e 18,5% (53,73
milhões de caixas de 40,8kg) dos frutos serão consumidos in natura. Quanto à área total plantada (que inclui área com
plantas ainda não produtivas), o levantamento estima redução na área plantada,
comparativamente à safra 2012/13, ratificando os números apresentados nas
previsões anteriores da safra 2013/14. Na atual safra continua o decréscimo das
plantas em produção, levando à dedução de maior erradicação, por conta da
eliminação de pomares comprometidos com a incidência do greening, o que vem confirmar informações anteriores já
registradas. Com isso, a área total plantada apresenta-se 4,5% menor que a de
2012/13, atingindo a marca de 481,1 mil hectares para a safra 2013/14. A seca ocorrida em 2014, atrelada a chuvas mesmo que
descontínuas nas regiões produtoras de cítrus, favoreceu a florada para a
próxima safra citrícola, por conta do stress
da planta. Entretanto, poderá vir a prejudicar a colheita da próxima safra
por demandar maior quantidade de mão de obra, por se tratar de uma florada
desuniforme e maturação desigual dos pomares. Por outro lado, a safra 2013/14 de laranja foi
favorecida pela maior concentração de sólidos solúveis (maior ratio) e maior produção de NFC, isto é,
foram necessárias menos caixas para produzir 1 tonelada de suco NFC. Para a elaboração dos
números índices (Laspeyres) que refletem a evolução da agricultura paulista no
ano agrícola 2013/14 em comparação ao período anterior, foram selecionadas as
lavouras mais importantes em valor da produção. Os resultados agregados indicam
queda de 8,61% do volume produzido, em consequência da retração de 8,94% na
produtividade da terra, uma vez que a área cultivada teve leve redução de
0,76%. De um modo geral, os problemas climáticos ocorrido no período da safra
2013/14, contribuíram para esses números negativos na agricultura paulista
(Tabela 3)2, 3. ____________________________________________________________ 1Os autores agradecem aos técnicos das Casas de Agricultura e
diretores dos EDRs no desempenho no levantamento. Também agradecem os comentários dos
colegas pesquisadores do IEA, e a colaboração dos técnicos de apoio Getúlio
Benjamin da Silva e Talita Tavares Ferreira, do CPDIEA, Irene Francisca
Lucatto, do Departamento Administrativo, e a equipe do Núcleo de Informática do
IEA. 2BUENO,
C. R. F. et al. Anomalia climática e seus efeitos sobre as lavouras paulistas. Análises e Indicadores do Agronegócio,
São Paulo, v. 9, n. 2, fev. 2014. 3VEGRO, C. L. R. et al. Anomalia
climática e seus impactos sobre as culturas temporárias e perenes do Estado de
São Paulo. Análises e Indicadores do
Agronegócio, São Paulo, v. 9, n. 10, out. 2014. Palavras-chave:
estimativas
de safras, novembro, Estado de São Paulo.
Data de Publicação: 29/01/2015
Autor(es):
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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Celma Da Silva Lago Baptistella (csbaptistella@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Denise Viani Caser (dcaser@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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Vagner Azarias Martins (vagnermartins@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor