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Queda de preço do petróleo pode afetar cotações futuras do Café
Dentre
os mecanismos de governança das cadeias produtivas, a coordenação via preços é,
talvez, aquela de maior emprego no funcionamento das transações mercantis,
independentemente da especificidade do ativo envolvido. Apesar de sua
abrangência no funcionamento dos mercados, nove entre dez economistas derrapam
quando perguntados no que consiste exatamente um preço e como ele é
estabelecido, afirma Celso Luís Rodrigues Vegro, pesquisador do Instituto de
Economia Agrícola (IEA/Apta) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do
Estado de São Paulo.
Por serem
relativos, os preços são intrinsecamente instáveis. Do ponto de vista
conjuntural, a natureza biológica da produção submetida à imprevisibilidade de
longo prazo do clima, a descentralização da produção (o café, por exemplo, é
produzido em mais de 150 nações), a geração de expectativas quanto ao
equilíbrio entre oferta e demanda mundiais e a relação de paridade entre as
moedas nacionais constituem o bojo das flutuações dos preços. Ademais, na
origem dessa instabilidade encontram-se as distintas naturezas, específicas de
cada ativo.
No mercado
global das commodities (petróleo, metálicas/minerais e agrícolas), o
estabelecimento das cotações ocorre dentro de bolsas de valores, organizadas
com o intuito tanto de minimizar os custos de transação quanto de adicionar
confiança às transações, uma vez que somente operadores registrados – que
ultrapassam a casa dos milhares - podem nelas atuar, permitindo assim
funcionamento eficaz para a compra e venda dos ativos. As cotações que
diariamente ali se estabelecem transmitem-se instantaneamente para todo o
sistema econômico, contribuindo decisivamente para que se aproxime de almejado
“preço justo” da commodity transacionada.
No mercado
das commodities existem hierarquias. Aquela que pode ser considerada a
rainha de todas as demais é, indubitavelmente, o petróleo. Sob a hipótese dos
preços relativos, a demanda global - em grandes quantidades diárias - pelo
produto estabelece nas cotações desse ativo parâmetro para todas as demais
negociações.
Confrontando
as cotações mensais do petróleo com as registradas pelo café arábica,
constata-se que existe ligeira correlação com a trajetória das curvas, ao menos
em seu sinal. Movimentos ascendentes ou descendentes do ativo primordial
(petróleo) são acompanhados pelo secundário (café). Ainda que tênue, esse
vínculo possibilita a construção de cenários para cotações futuras.
Desde
agosto de 2013, os preços do barril do petróleo tipo Brent vêm caindo
US$10/mês, atingindo cotações próximas dos US$70/barril. Em reunião recente da
Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP), o mais temido de todos os
cartéis, ratificou-se a decisão de manter a oferta diária em 30 milhões de
barris ao dia. Esse patamar de oferta tende a manter as cotações deprimidas,
contribuindo inclusive para acentuação da tendência de queda.
No mercado
de café, prevalece insegurança entre os investidores /especuladores quanto ao
patamar que alcançará a colheita da safra 2015/16 no Brasil. Estimativas
privadas e da Organização Mundial do Café indicam que o consumo de estoques nas
duas últimas safras tenha atingido entre 10 milhões e 13 milhões de sacas para
atender a escassez de oferta. Assim, à primeira vista, as causas da escalada
nas suas cotações decorre de aspectos intrínsecos ao seu mercado e a seus
fundamentos. Todavia, um olhar mais atento constata que as cotações do café em
poucas ocasiões desgarraram-se das do petróleo, havendo paralelismos entre
ambas as curvas.
“As
cotações do petróleo em baixa têm o potencial de trazer consigo as cotações do
conjunto das demais mercadorias globalmente transacionadas, levando a economia
a operar em patamar menos dinâmico. Certamente, nesse quesito se adiciona mais
um condimento para a estagnação que ronda o ambiente de negócios, ressalta
Vegro.
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Nara Guimarães
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naraguimaraes@sp.gov.br
Data de Publicação: 18/12/2014
Autor(es): Nara Guimarães (naraguimaraes@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor